Arthur Foxx

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- Eu simplesmente não engulo isso... —  murmurava Clarke  enquanto analisava os dados de Fitzhugh. Avaliou o rosto forte e marcante que apareceu em seu monitor e balançou a cabeça. —  Simplesmente não engulo! —  repetiu.

Pesquisou a data e o local de nascimento, e descobriu que ele nascera na Filadélfia, na última década do século vinte. Fora casado com uma tal de Milicent Barrows, de 2033 a 2036. Estavam divorciados e não tiveram filhos.

Mudara-se para Nova York no mesmo ano do divórcio, se estabeleceu como advogado criminal e, pelo que ela podia ver, seguiu em frente com a vida, sem olhar para trás.
— Renda anual —  requisitou.

Renda declarada no último ano fiscal: dois milhões e setecentos dólares americanos.

— Sanguessuga! —  resmungou ela. —  Computador, apresente uma listagem detalhada de todas as suas prisões.

Pesquisando... Não há registros policiais.

— Tudo bem, então ele era um cara limpo. Quem diria... Apresente uma listagem de todos os processos civis abertos contra ele.

Clarke  acertou no pedido. Havia uma pequena lista de nomes, e ela ordenou que o computador a imprimisse. Pediu em seguida uma listagem de todos os casos que Fitzhugh perdera nos últimos dez anos, e reparou que os clientes eram os mesmos que o haviam processado. Isto a fez soltar um suspiro de resignação. Aquele era, tipicamente, o principal motivo de ações litigiosas de sua época. Se o seu advogado não conseguir livrá-lo do sufoco, processe o advogado. Isso enfraqueceu ainda mais a sua esperança de haver chantagem naquela história.

— Tudo bem —  insistiu ela. —  Talvez a gente esteja pegando o caminho errado. Nova pesquisa: Arthur Foxx, residente na Avenida Madison, número 5002, em Nova York.

Pesquisando...

O computador apitou e soltou um zumbido. Clarke  deu um tapa na máquina com a parte interna do pulso, para fazê-la funcionar direito. Não se importava de xingar os cortes no orçamento.

Foxx apareceu na tela, e a imagem tremia um pouco, o que obrigou Clarke  a dar um novo golpe no monitor. Ele era mais atraente, reparou, quando sorria. Era quinze anos mais novo do que Fitzhugh, nascera na parte leste de Washington, filho de pai e mãe militares. Morara em diversas partes do globo até se estabelecer em Nova York em 2042, ano em que se juntou à organização Nutrição para a Vida, como consultor.

Sua renda anual girava em torno de cem mil dólares. Os arquivos não mostravam nenhum casamento, mas ele dividia com Fitzhugh uma licença especial de relação estável entre pessoas do mesmo sexo.

— Listagem detalhada de todas as suas prisões!

A máquina grunhiu, como se já estivesse cansada de responder a tantas perguntas, mas a listagem foi exibida. Uma prisão por desordem, duas por agressão e uma por perturbação da ordem.

— Bem, agora parece que estamos chegando em algum lugar... Listagem detalhada de consultas psiquiátricas dos dois homens pesquisados!

Não havia nada com Fitzhugh, mas Clarke  acertou na mosca novamente com Foxx. Soltando um resmungo, pediu uma listagem impressa e olhou para a porta no momento em que Peabody entrou.

— Resultados do laboratório, Peabody? Toxicológicos também?

— O laboratório ainda não terminou, mas já temos o perfil toxicológico. —  Peabody entregou um disco a Clarke . —  Nível alcoólico baixo, bebida identificada como conhaque Parisian, safra 2045. Não era o bastante para incapacitar, nem de leve . Não há sinal de nenhuma outra droga.

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