Morte suspeita

350 29 45
                                    

Clarke  acordou com o gato esparramado em cima do seu peito e o tele-link ao lado da cama tocando. O dia estava amanhecendo. A luz que entrava pela clarabóia acima da cama era suave e acinzentada, devido à tempestade que vinha chegando com a manhã. Com os olhos semicerrados, esticou o braço para atender.

— Bloqueie o vídeo —  ordenou ela ao aparelho, tentando afastar o tom sonolento da voz. —  Aqui é Griffin falando.

— Emergência para a tenente Clarke Griffin. Morte suspeita na Avenida Madison, número 5002, apartamento 3800. O residente registrado no local é Arthur Foxx. Código 4.

— Mensagem recebida, emergência. Entre em contato com a policial Octavia  Peabody, solicitando a sua assistência, com minha autorização.

Confirmado. Transmissão encerrada.

— Código 4? —  Lexa  virara o gato de barriga para cima e já estava sentada na cama, acariciando o felino e levando-o ao êxtase.

— Significa que eu vou ter tempo de tomar uma chuveirada e beber um café bem depressa, antes de ir para o local. —  Clarke  não avistou nenhum robe à mão, e caminhou em direção ao banheiro completamente nua. —  Já há uma policial de guarda no local —  explicou ela. Entrando no chuveiro, esfregou os olhos que pareciam estar cheios de areia. —  Pressão total em todos os jatos, a trinta e nove graus! —  ordenou ao chuveiro.

— Você vai cozinhar com essa temperatura.

— Gosto de cozinhar embaixo do chuveiro —  e deixou escapar um imenso suspiro de prazer enquanto jatos de água pulsante e vaporosa a atingiam por todos os lados. Empurrando um azulejo transparente, despejou na palma da mão uma generosa porção de sabonete líquido verde escuro. Ao sair do chuveiro, já estava acordada.

Franziu as sobrancelhas ao ver Lexa  em pé na porta do banheiro, segurando uma xícara de café.

— Isso é para mim? —  perguntou.

— É. Está incluído no serviço de quarto.

— Obrigada. —  Levando a xícara para dentro da cabine circular de secagem, Clarke  foi tomando o café aos poucos, enquanto o ar quente girava em rodamoinhos em toda a sua volta. —  O que estava fazendo, me espiando enquanto eu tomava banho?

— Gosto de olhar para você. Tem alguma coisa a ver com mulheres esguias nuas e molhadas — e entrou ela mesma no chuveiro, ordenando que a água saísse a vinte graus.

Aquilo fez Clarke  tremer de frio só de olhar. Não conseguia compreender por que uma pessoa que podia ter todo o luxo e as comodidades do mundo ao alcance das mãos preferia tomar banho gelado. Abriu a cabine de secagem e passou os dedos pelos cabelos sem corte. Colocou um pouco da gosma facial que Anya vivia empurrando para ela usar e escovou os cabelos.

— Você não precisa se levantar só porque eu já estou de pé.

— Já acordei mesmo —  disse Lexa , e escolheu uma toalha aquecida em vez da cabine de secagem. —  Você tem tempo para tomar um café decente comigo?

Clarke  observou seu reflexo no espelho: cabelos brilhantes e pele brilhante.
— Mais tarde eu como alguma coisa.

Lexa  prendeu a toalha em volta do corpo, sacudiu os cabelos que ainda pingavam e virou a cabeça de lado, olhando para ela.

— O que foi? —  perguntou a Clarke .

— Acho que eu também gosto de olhar para você —  murmurou ela, entrando no quarto para se vestir e visitar a morte.

O tráfego nas ruas estava leve . Ônibus aéreos ribombavam acima das pessoas, passando através da chuva fina, carregando os trabalhadores do turno da noite para casa e arrastando as pessoas do turno do dia para o trabalho. Os outdoors estavam desligados e as onipresentes barraquinhas deslizantes com churrasquinhos, comidinhas diversas e bebidas já estavam se preparando para um novo dia de vendas. Rolos de fumaça saíam através das grades de ventilação nas ruas e nas calçadas, vindas do mundo subterrâneo onde ficavam o metrô e diversas lojas. O ar estava cheio de vapor d'água.

Deadly Serie Onde histórias criam vida. Descubra agora