Sou uma policial antes de tudo

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Boa leitura  !!!

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Pouco antes das oito da manhã do dia seguinte, com o corpo um pouco dolorido e a cabeça ainda zonza, Clarke  se sentou à mesa do escritório que mantinha em casa. Considerava aquele lugar mais como uma espécie de santuário do que um escritório, pois fora o apartamento que Lexa  montara para ela em uma das alas da mansão. Sua planta e toda a decoração eram iguais às do apartamento onde ela morava ao conhecer Lexa  porque, na época, Clarke  não queria abrir mão do próprio espaço.

A magnata  então providenciara para que ela pudesse ter o seu próprio cantinho, com todas as suas coisas. Mesmo depois de todo o tempo em que ela já morava naquela casa, raramente dormia na cama delas, no quarto do casal, quando a morena estava fora. Em vez disso, se enroscava toda e cochilava ali, na poltrona de relaxamento.

Seus pesadelos eram menos freqüentes agora, mas voltavam em momentos estranhos.

Ela podia trabalhar ali quando era conveniente e trancar as portas se desejasse privacidade. E como o lugar possuía uma cozinha completa, muitas vezes ela usava o próprio AutoChef, em vez de solicitar comida a Summerset, quando ficava sozinha na casa.

Com os raios de sol penetrando suavemente através da janela que tinha uma linda vista e ficava às suas costas, ela reviu sua carga de trabalho e organizou os compromissos do dia. Sabia que não poderia se dar ao luxo de se focar exclusivamente no caso Fitzhugh, especialmente pelo fato de que ele provavelmente ia acabar sendo arquivado como suicídio. Se ela não aparecesse com provas concretas em um ou dois dias, não ia ter outra escolha, a não ser deixar de dar prioridade a ele.

Às oito em ponto, ouviu uma batidinha na porta.

— Pode entrar, Octavia.

— Jamais vou conseguir me habituar a este lugar —  comentou Peabody enquanto entrava. —  Parece até coisa de um daqueles filmes antigos.

— Pois então você devia pedir a Summerset que a levasse em um tour pela casa —  disse Clarke , distraída. —  Tenho certeza de que existem aposentos e passagens que eu mesma nunca vi. Preparei café. —  Clarke  gesticulou na direção do nicho onde ficava a cozinha, enquanto continuava franzindo os olhos diante de seus arquivos.

Peabody circulou por ali, observando as unidades para entretenimento que estavam alinhadas em uma das paredes, perguntando a si mesma como seria levar aquela vida e ser capaz de possuir qualquer aparelho disponível: música, arte, vídeo, holografia, realidade virtual, câmaras de meditação e jogos interativos. Como seria jogar uma partida de tênis com o atual campeão de Wimbledon, dançar com um holograma de Fred Astaire ou fazer uma viagem virtual aos palácios de prazer do satélite Régis III.

Permitindo-se sonhar acordada por algum tempo, foi em direção à cozinha. O AutoChef já estava programado para café, e ela pediu dois, levou as canecas fumegantes de volta ao escritório e esperou com ar paciente enquanto Clarke  acabava de resmungar.

Por fim, resolveu tomar um gole e se surpreendeu:

— Deus, oh, meu Deus! É café de verdade! —  Piscando os olhos devido ao choque, ela protegeu a caneca entre as duas mãos, com reverência. —  Este café é de verdade!

— É... O pior é que a gente fica mal acostumada. Eu mal posso aguentar aquela gosma preta que a gente toma na Central de Polícia. —  Clarke  olhou para Peabody, notou a sua expressão de espanto e sorriu. Não fazia muito tempo que ela mesma tivera uma reação similar diante do café de Lexa . E a própria Lexa . —  É o máximo, não é?

— Eu jamais havia experimentado café de verdade antes. —  Como se estivesse bebendo ouro líquido (com a destruição das florestas tropicais e das grandes plantações, aquilo tinha o mesmo valor), Peabody bebeu bem devagar. —  É surpreendente!

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