Boa leitura
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Antes de Clarke ir para casa, aperfeiçoou o texto do detalhado relatório sobre as similaridades entre os alegados suicídios e os motivos que tinha para acreditar que a morte do senador fora devida às mesmas causas, ainda desconhecidas, das outras mortes. Transferiu suas deduções e suspeitas para o computador do comandante, com cópia para o tele-link de sua casa.
A não ser que sua esposa estivesse servindo de anfitriã em uma das constantes recepções e jantares que oferecia, Clarke sabia que Whitney ia analisar o relatório antes da manhã seguinte. Com essa esperança, pegou a passarela aérea que a levaria da Divisão de Homicídios até a Divisão de Detecção Eletrônica.
Achou Whittle em sua mesa, com os dedos firmes segurando ferramentas delicadas e microóculos com lentes que transformavam seus olhos em pires, enquanto desmontava uma miniplaca de sistema.
— Anda trabalhando na seção de reparos e manutenção agora, é? — perguntou ela, encostando o quadril na ponta de sua mesa, com cuidado para não atrapalhar seu ritmo. Ela não esperava mais do que o grunhido que recebeu como resposta e aguardou até que ele transferisse uma peça fininha, feita de um material que não conseguiu identificar, para um recipiente vazio, ao lado.
— Alguém anda se divertindo com joguinhos — resmungou ele — e conseguiu colocar uma espécie de vírus no computador do chefe. A memória já foi pro espaço, e a placa de controle geral da máquina está comprometida.
Clarke olhou para a peça fininha e imaginou que aquilo fosse a placa de controle geral.
Computadores não eram o seu ponto forte.
— E você conseguiu resolver o pepino?
— Ainda não. — Com pinças muito pequenas, ele levantou a peça e a estudou atentamente com os óculos de aumento. — Mas vou resolver. Já isolei o vírus e lhe dei um remedinho, esse ê o primeiro passo. O pequeno canalha está inerte, morto. Quando fizer a autópsia nele, vou saber do resto.
Ela teve que sorrir. Era a cara de Whittle se referir aos seus componentes e chips em termos humanos. Recolocando a pecinha no lugar, lacrou o recipiente e só então tirou os óculos.
Seus olhos pareceram encolher de tamanho, piscaram e tentaram se acostumar com o novo foco. Logo lá estava ele, pensou Griffin. Com a cara amarrotada, todo sorridente, com o rosto firme, exatamente como ela gostava. Fora ele que a transformara em uma policial de verdade, oferecendo-lhe o tipo de treinamento de campo que ela jamais teria conseguido absorver através de discos ou realidade virtual. Embora tivesse sido promovido e transferido da Homicídios para ser capitão na Divisão de Detecção Eletrônica, Clarke continuava a depender dele.
— E então... — começou ela. — Sentiu muitas saudades de mim?
— Ué... Você tinha ido a algum lugar? — e sorriu para ela, enfiando a mão em uma tigela cheia de amêndoas recobertas por uma camada doce. — E então... curtiu muito a sua lua-de-mel sofisticada?
— Curti sim... — e se serviu de uma amêndoa. Já fazia muito tempo desde que ela comera, no almoço — ... Apesar do cadáver que apareceu no fim da viagem. Obrigada pelos dados que você conseguiu desencavar para mim.
— De nada. Ultimamente anda havendo bastante procura por dados sobre suicidas.
— Talvez... — A sala dele era maior do que a dela, devido à sua patente mais alta e à importância que ele dava ao espaço. Em uma das paredes havia um telão, o qual, como sempre, estava sintonizado em um canal de filmes clássicos. Naquele mesmo instante, Indiana Jones estava sendo baixado por uma corda dentro de um ninho de víboras. — Existem alguns aspectos interessantes nesses casos.
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Deadly Serie
Action[ Continuação de IN DEATH ] A destemida tenente de Nova York, Clarke Griffin acaba de passar por uma prova de fogo. Um casamento, e não por um em que foi convidada ou que teve que ir por obrigação do ofício. Na verdade era o seu momento, era o seu c...