Jess Barrow

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Clarke  analisou o resultado dos interrogatórios que os policiais fizeram com os vizinhos no edifício onde Fitzhugh morava. A maioria deles declarou o que ela já esperava. Fitzhugh e Foxx eram calmos e muito reservados, embora gentis com a maioria dos vizinhos do prédio. A única informação que a deixou interessada foi a declaração do andróide que tomava conta da portaria, o  qual garantiu que Foxx saíra do prédio às dez e vinte e dois da noite e foi para a rua, só voltando às onze.

— Ele não mencionou o fato de que havia saído, mencionou, Peabody? Nem uma palavra a respeito de ele dar uma voltinha desacompanhado, para respirar o ar da noite?

— Não, ele não mencionou isso.

— Já requisitamos a gravação dos discos do sistema de segurança do saguão do prédio e do elevador?

— Já requisitamos sim, e o material já está catalogado em seu computador. Está no arquivo Fitzhugh 1051.

— Então, vamos dar uma olhada. —  Clarke  ligou seu equipamento e se recostou na cadeira.

Peabody ficou observando o monitor por cima dos ombros de Clarke  e resistiu à vontade de avisar a Clarke  que elas duas já estavam oficialmente fora do horário de expediente. Afinal de contas, era empolgante demais trabalhar lado a lado com a mais importante detetive da Divisão de Homicídios da Central de Polícia. Griffin ia fazer uma cara de deboche se ouvisse isso, mas era verdade. Peabody acompanhara a carreira de Clarke  Griffin durante anos, e não havia nenhuma outra pessoa na polícia que ela admirasse mais, ou de quem desejasse tanto seguir os passos.

O maior choque da vida de Peabody era perceber que, de algum modo, no decurso de poucos meses, elas acabaram se tornando amigas também.

— Congele a cena! —  Clarke  se sentou reta na cadeira enquanto a imagem ficava parada. Avaliando a loura cheia de classe que entrava no prédio exatamente às dez e quinze, comentou:

— Bem, aqui está a nossa Leanore, fazendo a sua visitinha.

— Ela acertou quase na mosca quando nos informou a hora: chegou às dez e quinze.

— É... bem pontual a moça. —  Clarke  passou a língua pelos lábios. —  O que acha disso, Peabody? Negócios ou prazer?

— Bem, ela está vestida para tratar de negócios. —  Peabody virou a cabeça meio de lado e se permitiu um frêmito de inveja que lhe subiu pela espinha ao reparar no espetacular conjunto de três peças que Leanore vestia. —  Veja só, está carregando uma pasta.

— Uma pasta... e uma garrafa de vinho. Ampliar e refinar o foco do quadrante D, setores 30  a 35!... Uma garrafa de vinho bem caro —  murmurou Clarke  quando a imagem na tela foi ampliada e exibiu o rótulo com nitidez. —  Lexa  tem algumas garrafas desta safra estocadas na adega. Acho que custa uns duzentos dólares.

— Cada garrafa? Uau!

— Não, cada cálice! —  corrigiu Clarke , divertindo-se com os olhos arregalados de Peabody. —  Tem alguma coisa aqui que não encaixa... Volte ao tamanho normal do vídeo, em tempo real, e troque a transmissão pela da câmera do elevador. Humm... E... dá pra notar que ela está se produzindo toda! —  comentou Clarke , enquanto via Leanore pegar um pouco de pó compacto em sua pasta sofisticada e retocar a maquiagem do rosto, empoar o nariz e colocar um pouco mais de batom enquanto o elevador subia. —  E olha só!... acabou de abrir os três últimos botões da blusa...

— Pelo jeito estava se aprontando para um encontro com um homem —  disse Peabody, se encolhendo toda quando viu Clarke  lançar-lhe um olhar curioso. —  Quer dizer... Eu acho que estava...

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