Capítulo 28 - Manuela

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- Senhora Manuela, estávamos te esperando há algum tempo.

Elvira me recepcionou com sua típica cara azeda, mesmo eu dando um sorriso lindo para ela. Algo me dizia que ela não gostava muito de mim.

Eu ein.

O dr. Rodrigo entrou na recepção nesse momento, iluminando todo o aposento com seus olhos cinzentos e sua elegância ímpar. Meu deus, o homem cheirava a milionário CEO daqueles romances de putaria que eu lia escondida de vez em quando. Incrível.

- Manuela, quanto tempo! Soube que seu ex marido andou aprontando no seu apartamento, não é mesmo? Não se preocupe, estamos trabalhando para que seu divórcio saia o mais rápido possível e você se livre desse estorvo.

Dei um sorriso amarelo lembrando com culpa da mensagem que eu tinha mandando para aquele capeta.

Eu não deveria ter mandado, né?

- Muito obrigada Dr. Rodrigo! É muito gentil da sua parte.

- Pode esperar o Pedro na sala dele, ele foi resolver uma coisa no andar de cima mas já está voltando.

Agradeci e me direcionei para a sala dele sem esperar ser conduzida pela Elvira, fechando a parta atrás de mim. Eu podia sentir os olhos dela me fuzilando pelas costas.

A penumbra na sala do Pedro em recepcionou em silencio. Tudo naquela sala era tão ele, as cores discretas, as paredes cobertas de livros, a decoração sóbria e sem exageros, os papeis perfeitamente organizados sobre a mesa, o confortável tapete cinza que dominava boa parte do chão do aposento.

Além do cheiro, que não era um cheiro de perfume.

Era o cheiro dele. Em toda parte.

Me distraí observando as lombadas dos livros dispostos na estante. Um livro mais alto, com lombada em couro avermelhado e detalhes em dourado, me chamou a atenção.

Dissertação de Mestrado – Pedro Barros de Lima – Largo do São Francisco.

Senti minhas pupilas dilatarem enquanto eu puxava o pesado volume da estante. O que será que o Pedro tinha escrito...?

Nessa hora, ouvi a voz dele entrando pela recepção e cumprimentando Elvira. Coloquei o volume rapidamente de volta em seu lugar. Nervosamente me sentei no sofá para disfarçar. Afinal, não queria que ele pensasse que eu estava bisbilhotando.

Mas sim, eu estava bisbilhotando.

- Sra. Manuela, boa tarde.

- Boa tarde, Dr. Pedro. Por favor, me desculpe o atraso.

Senti seus olhos passeando pelo meu corpo enquanto eu me levantava casualmente do sofá para cumprimentá-lo. Senti calafrios rondarem deliciosamente o meu corpo.

- Por favor, sente-se. Tenho algumas coisas do processo que precisamos discutir.

Me sentei obedientemente na cadeira que ele me ofereceu, cruzando lentamente as pernas.

Eu estava me divertindo em provocar o Dr. Pedro, devo confessar. No escritório, ele era muito mais formal e profissional, obviamente. Mas era interessante quebrar aos poucos essa fachada.

Ele balançou a cabeça e me mostrou alguns papéis.

- Aqui. Conseguimos levantar alguns dados da contabilidade, para demonstrar que de fato houve desvio de dinheiro. Felizmente, não foi tanto quanto esperávamos. Mas o suficiente para demonstrar para a juíza que houve má fé.

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