29 de Maio de 2016

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Eu sei, eu sei. Terceira página no mesmo dia, mas o que eu posso fazer?

Escrever né, é o que eu faço. Então vamos lá.

Quando voltei pra dentro da casa, eu e Alexei mais leves emocionalmente falando, não fui direto aonde Natasha estava. Além de eu não saber onde, era porque, um, a Wanda conversava distraidamente com o Sam, dois, Yelena não estava na sala, o que podia ser uma conversa entre as duas e, três, eu queria dar o tempo dela;

Dela me procurar.

Subi as escadas sem olhar pra ninguém que estava na sala, queria ficar um pouco sozinho. Sam estava com a Wanda, Clint com o Scott e eu torcia pra nem Melina ou Yelena estarem lá.

Estalei os dedos respirando aliviado por estar sozinho no cômodo. O clima estava leve entre Alexei e eu por causa da Natasha, mas era só. Em todas as outras coisas, minha cabeça estava tão cheia e preocupada como antes da Natasha chegar aqui e me distrair até a porta ser arrombada.

Peguei os papéis de novo e tirei do bolso meu caderno de companhia. Era de madrugada ainda, o auge dela, e eu não tinha nenhuma intenção de dormir, até porque a risada do Clint e a comemoração do Alexei por ter aberto uma vodca eram altas demais para conseguir realizar a atividade plenamente e sem ser interrompido.

Sentei no chão frio, mas eu não o sentia mais. Minha cabeça já estava em outro lugar, um bem longe daqui.

Como será que ele estaria? Vieram comigo a maior parte dos Vingadores e ele ficou praticamente sozinho.

Eu sei que não tinha culpa de quem me seguiu, apesar de me sentir culpado pelas consequências que cada um teve por causa da escolha. Mas ainda assim, eu não conseguia dormir bem a noite pensando no que poderia estar acontecendo do outro lado do mundo. Que ele estava um caos eu sabia.

A questão era saber como Tony estava.

"Eu só não confio num cara que não tem um lado negro."

Apesar do meu orgulho e do dele, que era enorme , eu ainda me preocupava. Mas também não significava que eu ligaria pra ele, não agora. Não me sentia pronto.

Eu estava machucado também, igual a ele. Era do meu objetivo de vida que estávamos falando, que era ajudar as pessoas fazendo até o impossível acontecer. Também era do meu único melhor amigo, até eu entrar pros Vingadores:

Bucky.

Joguei a cabeça pra trás, como se ela não suportasse o peso que carregava.

Espalhei os papéis pro alto, fazendo uma chuva branca cair sobre mim enquanto deitava no carpete ainda frio. Mas eu continuava não ligando.

Não vi quando a primeira lágrima desceu, só reparei quando uma caiu no meu ouvido. Não reprimi as outras. Elas não levariam minha dor embora e não adiantava tentar maquiar que eu não estava sofrendo; eu estava destruído.

Apoiando a cabeça no braço que eu sabia que daria caimbrâ , me permiti provocar ainda mais meu choro com memórias do último dia que vi Bucky, antes dele ser congelado:

"Wakanda, 3 de maio de 2016

Tive uma longa conversa com Shuri após Bucky ter decidido hibernar. Ela havia me dito que o processo era saudável, na medida do possível, e que era forma mais eficaz e segura de entrar na cabeça dele sem causar dano, ou ainda que causasse, seria facilmente reversível.

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