03 de Junho de 2016

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No final, a vodca ficou só na prateleira da sala de jantar.

Eu e Natasha arrumamos as coisas e fomos olhar os papéis — mapas, instruções — de Lubartów que Yelena tinha conseguido com a Dora Milaje e passado pra gente antes de ir dormir.

Conversamos no processo. Eu falei sobre a decisão do Sam, ela achou estúpida, mas era o que também faria.

A gente faz loucuras pela família, não importa se é de sangue ou não e na maioria das vezes, as loucuras são estúpidas.

Desabafamos, deixamos uma ou três lágrimas escaparem. Demos sorrisos tristes e cansados, sofremos mais um pouco, ficamos em silêncio. Até que dormimos no meio dos papéis espalhados no colchão da cama.

Quando eram quatro e quarenta da manhã, Yelena veio nos acordar. Eu não tinha a menor ideia de quando tínhamos ido dormir e muito menos Natasha. A expectativa de ontem era que nem dormíssemos.

— Está na hora. — ela falou enquanto nos olhava torto, vendo nós dois agarrados no meio da bagunça — Troquem de roupa, o café já tá pronto.

Cocei os olhos e lavei o rosto. O céu ainda estava escuro, mas por causa da posição russa no planeta, o sol aqui sempre nascia mais cedo.

Descemos calados, Wanda e Sam acabando de acordar e saindo do quarto desejando dormir mais. Todo mundo queria.

Comemos também em silêncio. Ninguém conseguia nem tinha forças pra quebrar a bolha de tensão que estava ali e mesmo que quebrasse, ela insistia em se refazer.

Colocamos todas as coisas no porta mala do carro e quarenta minutos depois estávamos prontos pra sair. Já não estava tão escuro, mas também ainda não estava tão claro e quando estivesse, eu esperava já estar bem longe daqui.

Vou sentir falta daqui. — Natasha comentou olhando a casa, trancada, pelo lado de fora.

É temporário, Nat. Logo você vai estar de volta ficando o tempo que quiser. — Yelena respondeu, consolando-a.

No carro, quem dirigia era Natasha. Ela disse que queria sentir um pouco dessa sensação, já que sabia que o que nos esperava era o automóvel mais antigo e barato que existia: os pés.

A irmã foi do lado dela, e por eu ser muito grande em estatura e Sam também atrapalhar a visão traseira de Natasha, Wanda foi no meio.

Assim como o café da manhã, no carro eu também estava calado. Natasha e Yelena conversavam baixinho, nada de importante, enquanto uma música russa esquisita tocava no rádio, só pra não deixar o clima tão tenso. Pelo menos não totalmente.

O lugar era realmente longe e afastado, era esperado que nós saíssemos da civilização e tudo o que se visse fosse mato e mais mato, sem sinal de vida ou movimento. A estrada também era muito escondida, o que dificultava uma perseguição ou espionagem ao mesmo tempo que apertava nossa ida.

Sabendo que iria demorar, olhava pela janela, pensando em tudo e tentando não pensar em nada. Como seria daqui pra frente? Clint e Scott chegariam nos Estados Unidos? Onde ficaríamos em Lubartów? Ross chegou na casa de Natasha? Ele está vindo atrás da gente? Conseguiríamos chegar no quinjet?

Ali está. — a voz de Yelena me tirou dos meus pensamentos e há alguns metros do carro, estava duas Dora Milaje, o rei e o quinjet atrás.

Me permiti aliviar um pequeno peso dos ombros e soltei o cinto imediatamente, sendo o primeiro a sair. Natasha abriu o porta malas e o barulho me despertou que ainda eu estivesse levemente aliviado, ainda corríamos contra o tempo.

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