17 de Junho de 2016

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Passei as mãos pelo cabelo, ofegante, andando de um lado pro outro. Balancei a cabeça em negativo e refleti no quanto pesava sobre as minhas costas ter deixado parte da minha família ser presa. Isso me matava todos os dias, lentamente.

— Steve? — Sam me chamou e eu nem tinha percebido desde quando ele estava ali.

Hm— perguntei mau humorado, sem vontade de conversar.

— Você não acha que... não acha que... Que pegou um pouco pesado com a Nat? Por causa do passado dela e essas coisas? — o encarei fixamente por cinco segundos antes de responder:

— Desde quando você virou defensor da Natasha? Ah, lembrei. — ri sarcástico — Virou defensor dela nos dois dias que me apagaram. Entendi.

— Ei cara, foi errado sim, não estou dizendo que ela está certa. — rebateu na defensiva — Só acho que...

— Ai Sam, me deixa.

Saí da sala de comando pisando duro e fui na mesma direção que Natasha tinha ido, esperando não encontrá-la ali. Eu só queria sentar, sofrer minhas dores e fazer tudo isso sozinho.

Respirei fundo mais vezes do que eu me lembro. Eu não queria... Não. Nunca quis deixar Sam, Wanda, Clint e Scott serem presos. Eu preferia ter ido no lugar deles.

Não foi uma escolha, nem uma decisão. Foi imposto. Imposto pela circunstância e me dói até hoje. Eu nunca quis deixá-los lá, ainda que já tivessem sido resgatados. Eu nunca vou me perdoar pelo que deixei eles passarem, nunca. Era uma culpa que eu carregaria até o túmulo. Nunca teria fim, nunca...

STEVE, RESPIRA PELO AMOR DE DEUS! — Wanda gritou desesperada, levantando meu rosto com as duas mãos. Ela estava chorando e eu também. — Por favor, respira... 

Inspirei o ar de uma vez e aquilo ardeu como o inferno. Eu estava ofegante e não tinha percebido que estava prendendo a minha respiração. Não até ela falar. 

— Está tudo bem, tudo vai ficar bem. O sol vai brilhar pra nós de novo. Eu prometo. — acariciou meus cabelos enquanto me acalmava  'tie mi t͡ʃaˈjaɫəmˈʃiɪdeŋˈti e ˈʃtedrage wo t͡sto ˈmisliɫəmdom naʃ ˈʃiɪdeŋ ˈgnieʒdobez veˈdeɪ̆ doˈkude ˈjit͡ʃiʃˈʃiʒa ˈsunt͡so nad tiˈe— cantarolou baixinho. Peguei a mão delicada dela e beijei sua palma. Ela sorriu triste enquanto enxugava minhas lágrimas, ainda cantando. — Minha mãe cantava essa música pra mim todas as noites antes de dormir. Me acalmava e desviava minha atenção das bombas dos gritos fora de casa. 

— Wanda...

— Está tudo bem. — balançou a cabeça, me calando — Já passou. Você está bem? 

Balancei a cabeça em negativo voltando a chorar. Nunca estaria bem enquanto o peso do mundo estivesse em minhas costas.  

— Eu estraguei tudo. choraminguei coçando o olho.

— Isso não é verdade, nós estamos... 

A fala de Wanda foi interrompida pelo barulho de algo se quebrando na direção onde Natasha tinha ido. A ruiva se alarmou e um calafrio percorreu minha espinha, mas antes que fôssemos atrás dela, a loira saiu do banheiro com raiva e o punho jorrando sangue. 

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