Capítulo 2

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ANNE

O ORFANATO

Passaram-se 5 anos e poucas coisas haviam mudado desde que cheguei ao orfanato, vez ou outra recebia a visita de Deby e do Tio Bernardo (a Helena começou a chamá-lo assim, logo todas nós a acompanhamos). A Dra. Cecilia foi trabalhar em um hospital em outra  cidade, mas fez questão de se despedir de mim, o que me deixou muito feliz.

Dentre as minhas companheiras de quarto, a mãe da Francine se recuperou e veio buscá-la. Sentimos muito a sua falta, mas estamos felizes por ela. O pai da Graziela agora vem levá-la pra passar os finais de semana com ele, ela sempre volta cheia de novidades. A Érica está em processo de adoção e logo terá uma nova família.  Pra mim e pra Helena, nada mudou.

Eu estava saindo da sala de aula, em direção ao meu quarto quando apareceu a Irmã Inês.

- Anne! A Madre Superiora quer te ver. – disse sem disfarçar o tom nervoso.

- Eu não fiz nada, só estava indo até o meu quarto! – respondi com medo.

- Calma, menina! Ela só quer conversar com você! – respondeu tentando me acalmar – Vamos?- assenti e a acompanhei.

- Com licença, Madre?- eu disse de cabeça baixa, sem esconder o meu medo.

-Entre e sente-se! – disse a Madre em um tom que me fez tremer, sem questionar eu obedeci.

- Anne, você está aqui há 5 anos, o Sr. Bernardo me contou sua história e durante todo esse tempo ninguém da sua família veio te procurar. – disse a Madre em um tom sereno – você já completou 10 anos e eu preciso colocar você disponível pra adoção, embora saibamos que é muito difícil adotarem crianças maiores do que 5 anos.

- Sim, senhora!- respondi de cabeça baixa.

Naquele momento vários sentimentos tomaram conta de mim e eu não sabia qual o mais forte. Dor, por ter sido abandonada sem conseguir lembrar nada antes de ter sido encontrada pelo tio Bernardo. Esperança em ter uma nova família. Medo por acreditar que ninguém vai querer me adotar.

Saí da sala da Madre de tão confusa que não vi quando esbarrei em uma mulher.

- Desculpe, senhora! Eu estava distraída. – disse envergonhada.

- Olha por onde anda, idiota!- a mulher respondeu gritando. Nessa hora senti um arrepio de medo. Tenho certeza que já ouvi aquela voz.

Corri pro meu quarto, estava nervosa, confusa e muito assustada. De onde conhecia aquela mulher tão mal educada? O quê ela estava fazendo aqui? Eram tantas perguntas e nenhuma resposta.

Depois desse dia passei a ter muitos pesadelos, neles havia uma mulher muito bonita que me entregava minha correntinha, ela dizia pra eu nunca deixar de usar a correntinha pois ela ia voltar pra me buscar, logo a mulher má aparecia e me arrastava por um chão com muitas pedras, eu tentava gritar, mas a voz não saía, então eu era jogada em um buraco e antes de chegar  ao chão eu acordava.

Exatos 10 meses depois a Madre me chamou novamente, ela estava com um baita sorriso e fiquei muito surpresa.

- Anne, esse final de semana nossa casa receberá a visita de vários casais que desejam adotar uma criança, será a primeira vez que você vai participar, virão pessoas de vários lugares e espero que muitas de nossas crianças encontrem uma boa família, esteja preparada! – disse a Madre com bastante animação.

- Obrigada por me avisar, Madre! -respondi sem muita animação – as crianças vão ficar felizes, todas gostaríamos de ter uma família.

- Anne, você não parece animada – disse a Madre em tom preocupado.

A Herdeira Perdida - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora