A VERDADE COMEÇA A SER REVELADA
ANNE
Estamos agora embalando as coisas pra mudança, Zélia com Daniela e Esther pra nova cidade onde vão morar e dois dias depois vou com Caio pra São Paulo, hora de pôr o plano em prática.
Esses dias foram muito corridos, finalmente as aulas acabaram, não precisei voltar ao colégio pois tinha notas suficientes pra passas, o que me deixou aliviada e com tempo pra ajudar na arrumação das coisas pra mudança. Léo tem rondado minha rua várias vezes ao dia, mas sei que ainda não descobriu onde moro.
O clima na casa é de medo e despedida, mesmo que ninguém fale abertamente o que sente. Me sinto culpada por pôr em risco pessoas que só me fizeram bem.
Estava ajudando Zélia na cozinha quando percebi que Esther vai até o portão, ela colhe uma flor no canteiro da calçada e volta correndo. Pouco tempo depois, a campainha tocou e em seguida ouvimos o ronco de uma moto, um arrepio corre pelas minhas costas e involuntariamente vou até o portão, antes de abrir percebo um envelope, me abaixo e vejo que está endereçado a mim."Anne,
Quanto tempo, não é mesmo?
Eu disse quando nos despedimos que iria te encontrar e eu sempre cumpro minhas promessas.
Preciso confessar algumas coisas e te peço que não me odeie, quando comecei nisso tudo eu era apenas um garoto disposto a tudo pra conseguir a atenção dos pais.
Fui mandado pro orfanato pra me aproximar de você, no início não achei nada demais, ficamos amigos e tudo o que eu queria era ter a certeza de que você estava bem. Quando meus pais perceberam que me apeguei a você eles mudaram os planos, me mandaram de volta ao Canadá e não me deixaram saber notícias suas por muito tempo. Quando voltei ao Brasil eles pediram pra eu encontrar você e levar até eles, eu não sabia qual era a intenção exata, mas sabia que não era nada bom . Mas eu queria muito te ver novamente e estar perto de você. Depois que descobri seu paradeiro, comecei a descobrir o que meus pais queriam, eles querem te fazer assinar documentos passando toda a sua fortuna pra eles e depois te matar como fizeram com sua mãe. Eu não posso participar de um plano tão asqueroso, então decidi te enviar essa carta e te alertar do grande perigo que corre.
Sei que tem uma forma segura de entrar em contato com o policial certinho, então diga a ele que não venha até você, o carro dele está sendo rastreado. Caso esteja pensando em fugir, não vá no carro do Caio que também está sendo rastreado.
Eu não posso te dizer mais nada, mas espero que consiga fugir novamente, essa é a nossa despedida definitiva. Estou voltando pro Canadá e espero de coração que você seja muito feliz.Seu Léo
Depois de ler a carta, fiquei sem reação. Como poderia imaginar que o menino que cuidou de mim quando criança era apenas um espião dos meus inimigos? Eu não sei mais o que pensar, mostrei a carta à Zélia e em seguida enviei uma foto dela pro Ulisses, nossos planos teriam que ser mudados, mas eu já tinha um novo em mente.
Poucos minutos depois de receber minha mensagem o Ulisses me ligou, combinamos as alterações que faríamos no plano inicial. Mesmo tendo que mudar o plano, essa era a minha oportunidade de ter uma vida normal e eu não abriria mão dela por nada.LÉO
Sou Leonardo Cardoso Monteiro, filho de Suzana Cardoso Monteiro, popularmente conhecida como Suzana Xavier, e Joaquim Monteiro, fui criado até os 14 anos no Canadá, via meus pais poucas vezes no ano. Quando me disseram que eu viria morar no Brasil, achei que finalmente viveríamos juntos, mas pra minha surpresa fui mandado pra um orfanato pra espionar uma pirralha.
Quando conheci a menina fiquei encantado, ela parecia um anjo acuado, não teve como não me apegar a ela, foi a primeira pessoa na vida que me olhou com carinho. Mesmo tendo a Anne, eu sempre quis viver em família, mas meus pais estavam longe disso, só pensavam em dinheiro.
Quando levaram a Anne embora, resolvi voltar ao Canadá, principalmente quando surgiu a notícia de que ela havia morrido em um incêndio. Já perto de terminar minha faculdade, minha mãe me ligou pedindo pra eu voltar, pois precisava da minha ajuda.
Desde criança, sempre que eu perguntava o motivo de eu vigiá-la, minha mãe dizia que era por proteção, pois algumas pessoas queriam o mal dela. Eu só não desconfiava que eram meus pais a grande ameaça.
Quando cheguei, meu pai contou que ela estava viva, mas estava desaparecida e precisava que eu a encontrasse antes de qualquer pessoa. Consegui descobrir a cidade, o bairro e até a rua, mas não sabia qual era a casa.
No dia que ela me viu no parque, eu vi medo em seus olhos assim que me viu, só então entendi que meus pais não queriam a proteger e sim fazer algum mal.
Comecei a investigar os dois, descobri o plano deles e descobri que ninguém no Brasil, além deles sabia da minha existência. Como eles se casaram no Canadá, aqui não haviam registros do casamento nem do meu nascimento. Aqui minha mãe era casada com o pai da Anne.
Quanto mais eu investigava, mais absurda a história ficava, mesmo sendo meus pais ele precisam pagar pelo que fizeram, e como sempre fui como um fantasma aqui, pra mim é mais fácil reunir provas.
Hoje percebo que o amor que sinto pela Anne é um amor de irmão, apesar de saber que fui eu quem dei o primeiro beijo nela, não consigo pensar em me envolver com ela.
Consegui descobrir que vai ter uma festa comemorativa na empresa do pai da Anne, vou reunir provas pra desmascarar meus pais durante essa festa, que será daqui a poucos dias.
Hoje, passando pela rua da Anne, vi a menininha que estava com ela no portão, peguei a carta que já havia escrito, coloquei por debaixo do portão, toquei a campainha e fui embora. Minha missão nessa cidade acaba aqui.
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A Herdeira Perdida - Concluído
RomanceUma criança é encontrada dormindo sob uma ponte no parque da cidade, ela não se lembra como chegou ali, seu nome, sua idade.... ela estava completamente perdida