ANNE
NOVA CASA
Depois daquele dia no orfanato, passaram-se 6 meses para que toda a documentação ficasse pronta e a adoção fosse concluída. Durante esse tempo, eu via o Léo somente nas missas aos domingos, a Érica foi embora com sua nova família, a Graziela continuava passando os finais de semana com o pai. A Helena ficou triste por um tempo, mas depois passou.
Como a casa do Marcelo e da Nivea era próxima ao orfanato, ficou decido que eu continuaria estudando na escola do Orfanato, o que me deixou muito feliz por poder continuar perto das minhas amigas e também do Léo.
Chegou o dia de ir embora, estava nervosa por não saber como seria minha vida dali em diante, apesar da Nivea e do Marcelo me tratarem com muito carinho eu ainda não me sentia totalmente segura com eles, Irmã Inês disse que era normal, mas que logo logo tudo estaria bem.
Chegando na nova casa, fui apresentada ao Otávio, era um menino lindo, mas claramente não gostou de mim. Marcelo disse que logo ele iria se acostumar. Me apresentaram o meu quarto, um quarto pequeno e simples com uma cama, um guarda-roupa e uma mesinha de estudos, nenhum brinquedo ou livro ou algo que fizesse parecer o quarto de uma criança.
Aquele foi um dia estranho, me senti uma intrusa em um lar que não era meu, mas essa era minha nova realidade e eu teria que me adaptar.
O tempo foi passando, e ainda não conseguia sentir que ali era meu lar, estudava em horário integral, quando chegava tinha que ajudar na limpeza da casa e a cuidar do Otávio. Ele era um la criança birrenta, que claramente me odiava. Nívea e Marcelo estavam longe de ser aquelas pessoas carinhosas que pareciam ser no orfanato, eram frios e distantes.
O tempo passou...
Era o último dia de aula, estava com 14 anos e era véspera da formatura do nono ano, o Léo estava concluindo o ensino médio, ele estava com 18 anos e nunca foi adotado, após a formatura teria que se mudar do Orfanato, arrumar um trabalho e seguir sua vida sozinho. Ele estava animado, eu estava com medo. Durante a última aula, Irmã Inês veio me chamar a pedido da Madre superiora, eu a acompanhei.
- Anne, eu não sei se foi informada, mas seus pais irão mudá-la de escola. – disse a Madre em tom preocupado – sei que nunca conversamos muito, mas você é feliz com sua família?
- Madre, eu não sei o que dizer – respondi confusa – gostaria de continuar aqui.
- Anne, não foi essa a minha pergunta – afirmou calmamente.
- Eu não sei, Madre – respondi sem encará-la.
Nesse momento ouvi uma batida na porta, que logo se abriu e entrou Marcelo.
- Minha filha, vim te buscar, se não for incômodo – disse num tom amável que a muito tempo não ouvia.
- Se a Madre autorizar, podemos ir – disse sem nenhuma expressão.
- Podemos continuar essa conversa outra hora, Anne! Pode ir – senti insatisfação no tom da Madre mas saí sem falar nada.
- O que aquela bruxa queria com você? – me surpreendi com o tom hostil do Marcelo.
- Acho que só queria se despedir - respondi em tom neutro – eu não sabia que iria mudar de colégio.
- Vamos nos mudar, você tem amanhã pra se despedir dos seus amigos, viajamos domingo de manhã – falou como se fosse normal uma mudança assim tão repentina.
Ao chegar em casa, Nívea nos esperava com a mesa do almoço já posta, sentamos os quatro e almoçamos em silêncio, após comer, retirei a mesa e fui pra cozinha arrumar tudo como era minha função. Quando terminei Nívea mandou que eu fosse pro quarto arrumar minhas coisas, como sempre, baixei a cabeça e obedeci.
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A Herdeira Perdida - Concluído
RomanceUma criança é encontrada dormindo sob uma ponte no parque da cidade, ela não se lembra como chegou ali, seu nome, sua idade.... ela estava completamente perdida