Capítulo 22

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COLOCANDO O PLANO EM PRÁTICA

ULISSES

   Depois de ler a carta do Léo, levei pra Fernando checar as informações e vimos que o cara estava falando a verdade, descobrimos que poucas horas após deixar a carta ele embarcou de volta ao Canadá. Na pousada onde ele estava hospedado, encontramos um celular, um notebook e uma série de fotos e documentos que comprovam que ele não estava mentindo.
   Fernando recebeu uma cópia da lista de convidados da festa e nela havia muita gente influente, mas também haviam nomes suspeitos que o Fernando mandou investigar. Um dos nomes era o nome falso que o Léo usou enquanto esteve em Mariana vigiando a Anne, com certeza ele está tramando alguma coisa.
  O plano está pronto pra ser colocado em prática, hoje é quarta feira e a festa será depois de amanhã. Decidimos que Anne sairá da cidade escondida no caminhão de mudança, que estará sendo dirigido por um de nossos melhores homens, no carro com o Caio irá a nossa agenda disfarçada, a Bianca, Zélia viajará com Daniela e Esther no carro da Daniela que será escoltado a distância por homens do Fernando.
   Estou me preparando pra viajar ao encontro da Anne, estou com um dos carros blindados da Security Company, o único meio de comunicação que estou levando é um celular pré pago registrado em nome de outra pessoa. Apesar de confiar na equipe, não posso negar que estou com medo, essa noite eu praticamente não dormi me corroendo de ansiedade.
   Cheguei em Congonhas meia hora antes do planejado, esperei cerca de quarenta minutos, nosso ponto de encontro seria em um sítio afastado da cidade, lá Anne passou pro meu carro, o motorista do caminhão e a placa foram trocados assim como os adesivos na lateral do caminhão. Cada movimento havia sido planejado e calculado, tudo estava saindo como planejado.
  Assim que o caminhão seguiu viagem, nós entramos no carro e seguimos em direção a São Paulo, ficaríamos até a hora da festa em uma cidade próxima, pra não despertar suspeitas, aluguei uma chácara distante do centro da cidade. Chegamos lá já era noite, fizemos a maior parte do caminho em silêncio, apesar de não falar nada, o medo estava presente naqueles olhos azuis, o que me deixava com uma certa revolta, pois ela não merecia passar por nada disso.
  _ Vamos passar o tempo antes da festa aqui, tudo bem pra você? - falei preocupado.
_ Estamos seguros aqui?
_ Estamos sim, pode ficar tranquila.
_ Não me perdoaria se acontecesse alguma coisa com você.
_ Fica tranquila minha princesa na torre, não vai acontecer nada comigo e não vou deixar que nada aconteça a você, você confia em mim?
_ Você é a pessoa em quem eu mais confio, meu cavaleiro da armadura dourada.
  Rapidamente o clima de tensão foi quebrado, preparamos um macarrão pra jantar, fizemos um suco natural de maracujá pra acalmar os nervos e jantamos conversando amenidades. Apesar de estarmos mais relaxados, ainda não estávamos completamente tranquilos, mas um tentava passar calma pro outro.
  Depois do jantar, mostrei onde era o quarto dela e logo depois fui pro meu quarto tomar um banho, o dia havia sido muito tenso e precisava de um banho pra conseguir dormir. Quando saí do banho, encontrei Anne sentada em minha cama, ela usava um pijama rosa de ursinhos, estava com os cabelos molhados e de costa pra porta do banheiro.
_ Anne, você está bem? - perguntei
_ Posso ficar aqui com você, estou com medo?
_ Claro que pode, princesa!

  Me sentei ao lado dela e a abracei com carinho enquanto fazia carinho nos cabelos dela, aos poucos percebi que foi se acalmando. Era tão bom estar com ela assim tão perto.

ANNE

  Enfim chegou o memento de voltar, eu e Ulisses estamos em uma chácara próxima à São Paulo aguardando o momento da festa. Agora é noite e após jantar e tomar banho não consigo descansar, parece que vou explodir de ansiedade.
      Vou até o quarto do Ulisses e percebo que ele está no banho, me sento na cama de costas pro banheiro e espero. Enquanto espero, penso em tudo o que aconteceu comigo, eu nunca consegui parar por um tempo e tentar entender tudo o que eu passei. Como alguém pode fazer tanto mal à uma família somente por dinheiro?
  Estou mergulhada nos meus pensamentos quando ouço Ulisses se aproximar:
  _ Anne, você está bem? - pergunta preocupado.
_ Posso ficar aqui com você? - respondo com outra pergunta, na verdade eu não sei se estou bem.
_ Claro que pode, princesa! - ele responde se sentando ao meu lado, me abraçando enquanto faz carinho nos meus cabelos.
  Naquele momento me senti em paz, uma paz que nunca senti antes. Estar nos braços dele, sentindo seu perfume suave e másculo, parecia que finalmente estava no meu lugar.
  Não sei quanto tempo ficamos assim, mas estava cansada e precisava deixar Ulisses descansar então com muita vontade de ficar, me desfiz do abraço e olhei nos olhos dele.
_ Vou deixar você descansar, muito obrigada por tudo. - eu disse.
  _ Se quiser pode ficar aqui, eu não estou com sono, podemos deitar e assistir um filme, ou só ficar quietinhos esperando o tempo passar.
_ Tem certeza que é o que você quer?
  _ Tenho sim, vou  ficar mais tranquilo com você aqui.
_ Só ficar quietinhos? - perguntei sorrindo de lado.
_ Anne! O que pensa de mim? Não sou nenhum lobo mau! - respondeu assustado, o que me fez rir.
_ E eu posso não ser a Chapeuzinho...
_ Anne, Anne... Vem,vamos dormir.
  Nos deitamos bem menos nervosos, ele me abraçou e ficamos ali apenas ouvindo nossas respirações, não percebi quando peguei no sono.

Acordei sentindo um peso na minha cintura, tentei me virar, mas não consegui, tentei novamente mas não conseguia sequer sair da posição que eu estava.
_ Fica quieta, eu quero dormir mais um pouquinho - Ulisses resmungou com voz de sono, só então me dei conta de que dormimos abraçados.
_ Eu preciso ir ao banheiro - respondi rindo.
Ele então resmungou algo que não entendi e só então notei que além do braço em minha cintura, ele estava com as pernas enroladas nas minhas, como foi que ele conseguiu grudar assim em mim? Levantei, e quando estava saindo do banheiro ele chamou:
_ Anne, vai demorar aí?
_ Já estou saindo, o que houve?
_ Volta pra cama, quero dormir mais um pouco.
_ Pode dormir, vou preparar nosso café.
_ Não! Eu preciso de você aqui pra conseguir dormir.
_ Não precisa fazer manha, eu estou aqui.
_ Não é manha, é que eu não lembro quando foi a última vez que dormi tão bem.
_ Eu também não lembro a última vez que dormi sem pesadelos.
_ Então vamos aproveitar mais um pouquinho. - disse enquanto me abraçava novamente.
  _ Ficaria aqui pra sempre - sussurrei depois que ele voltou a dormir.


A Herdeira Perdida - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora