Capítulo 18

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UMA PEÇA AINDA NÃO ENCAIXA

Ulisses

    Acordo cedo e vou com Fernando até o escritório do Tomás,  combinamos de preparar um plano pra desmascarar Suzana e Joaquim. Eles não sabem, mas esse vai ser o momento ideal pra trazer minha princesa de volta
  _ Não é mais seguro entregar simplesmente as gravações pra polícia - Tomás diz sem esconder o medo
_ Seria o melhor a fazer se eles não tivessem alguém infiltrado na polícia e que nós não sabemos quem é - respondeu Fernando
_ O que acham de aproveitarmos a festa anual da empresa? - perguntei começando a pôr meu plano em ação- Vai ser um grande evento e que vai reunir toda a mídia do estado, dessa forma onde quer que a Anne esteja, ela vai saber que os com os dois presos ela vai estar segura pra voltar.
_ Você tem razão, Ulisses, com toda a mídia reunida eles não terão como fugir - concordou Fernando
_ Precisamos de uma forma deles não perceberem os agentes infiltrados entre os convidados - ponderou Tomás
_ Que tal esse ano fazer um baile de máscaras, ou uma festa a fantasia? - sugeri vendo que o plano estava melhor do que eu esperava.
_ Um baile desse tipo pode ser uma faca de dois gumes, vou ter que redobrar a segurança pra que nenhum infiltrado deles entre - afirmou Fernando.
  Passamos quase o dia todo organizando os detalhes do plano e pude pensar em todas as formas da minha princesa entrar sem ser notada.  Cheguei em casa no início da noite, tomei um banho e enquanto preparava um lanche liguei pra minha princesa e contei todos os planos e descobertas, ela pareceu animada com tudo, falamos por cerca de meia hora e depois fui me deitar.
  Tudo estava acontecendo como o planejado, os dias estavam passando rápido e o baile seria em poucos dias,  encontrei a fantasia perfeita pra mim e pra minha princesa, convenci Fernando e Tomás a convidar Bernardo e os amigos de infância da minha princesa, essa seria a surpresa pra ela, porém pra mim uma peça não se encaixava em toda essa história, o tal namoradinho de infância da Anne era um completo mistério, não havia nenhum registro dele no orfanato, no colégio e nem mesmo na empresa onde ele havia trabalhado após sair do colégio, era como se o moleque nunca tivesse existido e isso estava me preocupando. Meu instinto de policial dizia que tinha algo muito errado nessa história e eu daria um jeito de descobrir.

ANNE

  Eu estava ansiosa pra voltar, mesmo a fuga sendo pra minha segurança, eu sentia um vazio muito grande por estar longe do meu pai e principalmente por estar longe do Ulisses.
  Nesses dias me concentrei nas provas finais e nos planos pra minha volta,  depois da vinda do Ulisses, algumas pessoas na escola tentaram se aproximar de mim, mas eu não poderia criar laços aqui nessa cidade, então me mantive afastada de todos.
  Era sexta feira, eu havia ido buscar a Esther na escolinha e ela  pediu pra brincar um pouquinho na pracinha que havia no caminho,  como já era de costume , me sentei em um dos bancos e fiquei a olhando brincar no parquinho que era bem próximo . Estava distraída quando um arrepio passou pela minha coluna, comecei a me sentir observada, era uma sensação ruim e , apesar de olhar em volta e não ver ninguém, era uma sensação ruim. Chamei a Esther e fomos saindo dali, mesmo não tendo visto ninguém, eu sabia que estava sendo seguida, não poderia ir direto pra casa.  Entrei em uma sorveteria que estava bem cheia e me sentei em uma mesa escondida mas que dava visão para porta.
  Vi perfeitamente quando ele entrou e varreu o local com os olhos procurando alguém, aqueles olhos que há muito tempo me traziam paz e segurança, já não eram os mesmos, hoje eles me traziam medo . Sem saber como sair dali sem ser vista, liguei pra casa:

_ Zélia! Que bom que atendeu rápido!
_ O quê houve, menina? Está assustada! Esther tá bem?
_ Tá sim, estamos na sorveteria , ele está me seguindo, não sei como vamos sair daqui.
_ Ele quem, Anne? Você está me assustando!
_ O Léo, que era meu amigo de na época do orfanato está aqui! Estou com medo! O olhar dele está me assustando, me ajuda, Zélia!

Desliguei o telefone e fiquei de longe observando, ele havia me perdido de vista, vi quando ele atendeu o telefone e pareceu se distrair, nesse momento, peguei a Esther no colo e saí por outra porta  . Fui correndo pra casa, por sorte consegui despistar, mas o que o Léo está fazendo aqui? Como ele me encontrou? Será que foi só coincidência?  Eram muitas perguntas sem resposta .

  Não poderia ficar trancada em casa , hoje tenho uma prova importante e faltar aula é fora de cogitação, mesmo com os apelos de Zélia pra eu não sair, me arrumei e fui  pra Escola, no caminho resolvi mandar uma mensagem pro Ulisses,  não posso esconder nada dele.

"O Léo está na cidade, o vi hoje quando fui buscar a Esther na escolinha, ele não sabe que eu o vi, mas sinto que há algo errado."

"Você tem certeza de que era ele? Esse cara sumiu no mapa, nem no orfanato tem registro dele, ele é quase um fantasma!"

" Estou com medo, sinto que algo ruim vai acontecer"

" Minha princesa, todo cuidado é pouco, fique alerta e me ligue caso aconteça alguma coisa"

" Tenho prova agora, falo com você assim que chegar em casa."

Entrei na escola , a aula foi tranquila, fiz a prova e na saída algumas colegas de classe me acompanharam pra falar sobre um trabalho em grupo que precisamos entregar na próxima semana, fomos juntas até o portão da minha casa, o que pra mim foi um alívio pois estava com medo de andar sozinha.  Após fechar a porta, vi pelo vão da janela uma moto passar olhando, senti um calafrio, acho que estou ficando paranóica.
  Liguei pro Ulisses, conversamos por um tempo e logo depois fui deitar, o sono demorou a chegar, estava com um mau pressentimento, mas se ninguém sabia do plano, o que poderia acontecer? Melhor não pensar tanto nisso .

 

A Herdeira Perdida - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora