ANNE
MONTANDO O QUEBRA-CABEÇAS
Acordei no horário de sempre, e como sempre com a porta sendo esmurrada por um Marcelo raivoso. Me levantei, fiz minha higiene e me dirigi para a cozinha onde deveria preparar o café da manhã da família. Enquanto tomávamos o café, tomei coragem e pedi que me deixassem voltar a estudar.
- Pra limpar chão você já estudou até demais - Queila respondeu rindo.Me senti frustrada, tudo o que eu queria era ter uma vida como qualquer garota da minha idade, não era justo viver presa sem nunca ter cometido nenhum crime, enquanto os criminosos riam de mim.
- Sim, senhora! - respondi com lágrimas nos olhos.Logo eles sairam e finalmente eu estava sozinha e poderia tentar descobrir alguma coisa. Desci ao porão e corri pra ver se havia alguma mensagem do tio Bernardo.
"Princesa, tem certeza dos nomes que me passou? Pode enviar uma foto dessa carta?"
Estranhei as perguntas, será que ele conhecia essas pessoas? Apesar das dúvidas, não questionei e enviei várias fotos da carta. Estava com um presentimento de que finalmente começaria a ter respostas. Isso me deixava animada.
Voltei ao quarto do pestinha, coloquei as coisas que havia pego de volta na caixa e peguei alguns outros papéis, era a minha chance de conseguir mais informações. Dentre esses papéis havia uma foto de um casal onde a moça estava grávida, era um casal muito bonito, ela era loira, cabelos ondulados e olhos castanhos esverdeados. Ele tinha os cabelos pretos e os olhos azuis. Pareciam estar em uma festa e ao fundo, quase passando despercebido havia uma mulher os olhando com ódio, aquela mulher me parecia familiar.
Levei tudo para o porão, enviei fotos de todos ao tio Bernardo.
Aquele dia o tio Bernardo não respondeu, o que pra mim foi muito estranho.Cansada de esperar e de ficar trancada no porão, resolvi dar uma volta em torno da casa, mesmo sabendo que seria castigada caso Ruan ou Queila descobrissem. Em um ano que estava ali era a primeira vez que atravessava a porta da casa, a luz do sol chegava cegar, de tão intensa. O cheiro da grama me fazia sentir livre e era uma sensação única.
Comecei a caminhar em direção a uma grande árvore que parecia estar bem longe, mas era tão linda que parecia me chamar. O lugar era lindo, e eu me perguntava o porquê de nunca ter me arriscado em sair pra conhecer.
Perdi a noção do tempo caminhando, não haviam casas por perto, o lugar era extremamente isolado. Ao voltar pra casa, percebi que ao lado da casa havia uma espécie de alçapão, que parecia sair no porão, estava com um cadeado mas podia ser uma opção pra caso eu precisasse fugir. Lembrei que durante a minha busca por pistas eu havia visto um molho de chaves em uma das gavetas da cozinha, fui até lá, peguei as chaves e quando estava prestes a desistir encontrei a que abria aquele cadeado. A separei das outras e as coloquei de volta no mesmo lugar.Depois de um ano, começava a ter esperanças, e essa esperança me dava forças pra me manter o mais discreta possível. Voltei ao porão, ao pegar o celular encontrei uma nova mensagem do tio Bernardo:
"Princesa, estamos analisando tudo o que você enviou, depois de tantos anos encontramos as primeiras peças desse quebra-cabeças. Ainda não temos nada de concreto, mas sinto que estamos perto."
Fiquei muito feliz com essa mensagem, mas depois de andar ao ar livre hoje, senti que não posso continuar presa aqui. Mesmo com tio Bernardo dizendo que devo esperar, vou começar a planejar um meio de fugir daqui o quanto antes. Não vou medir esforços pra me ver livre desses bandidos.
Os dias foram passando e criei uma rotina de buscar pistas e elaborar minha fuga, quando a família estava em casa, procurava ficar o mais quieta o possível, assim me tornava praticamente invisível. Sem que notassem a minha presença era mais fácil ouvir qualquer conversa.
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A Herdeira Perdida - Concluído
RomanceUma criança é encontrada dormindo sob uma ponte no parque da cidade, ela não se lembra como chegou ali, seu nome, sua idade.... ela estava completamente perdida