Capítulo 24

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A Herdeira Revelada

ANNE

Ulisses abre a porta do carro e estende a mão para que eu saia, caminhamos por um longo tapete vermelho onde fotógrafos e jornalistas perguntam quem somos nós, ouço quando um deles pergunta se a Cinderela não vai mostrar o rosto e sorrio com a pergunta. Passamos pela portaria depois de muitos flashs e finalmente entramos no salão.
O lugar parecia um sonho, toda a decoração em tons vermelho e dourado, muitas flores, um grande lustre de cristal, várias mesas cobertas com toalhas douradas e com arranjos de rosas vermelhas, havia um pequeno palco e uma pista de dança.
Caminhamos pelo canto até chegar a uma mesa discreta ao lado do palco onde Fernando, Bernardo e suas acompanhantes estavam acomodados, eu sabia que elas eram duas policiais disfarçadas, mas tínhamos que fingir ser grandes amigas. Cumprimentei a todos e me sentei, estava muito nervosa e com medo.
Depois de alguns minutos, vejo meu pai subir ao palco ao lado da vaca da Suzana, eles estavam sem máscara, ela começou dando boas vindas a todos e em seguida meu pai começou seu discurso:
_ Boa noite a todos, hoje é dia de festejar o aniversário da nossa empresa, mas pra mim o dia não é tão alegre. Hoje minha amada filha Mary Anne faz dezoito anos, muitos podem achar que falei errado, pois ela desapareceu ainda criança, mas tenho em meu coração a certeza de que ela está viva, nada me faria mais feliz do que poder voltar a abraçar minha menininha - nesse momento eu me controlo pra conter as lágrimas e vejo que meu pai faz o mesmo - Porém, nesse aniversário de dezoito anos, gostaria de dizer pra minha princesa que após todo esse tempo, a justiça começa a ser feita.
Nesse momento um vídeo começa a ser exibido atrás do meu pai, nele aparecem fotos da Silvana e do Joaquim juntos, aparecem também vídeos deles confessando seus crimes. Um movimento começa no final do salão e vemos Joaquim sendo preso, logo dois homens prendem Suzana que tentava fugir pelos fundos. Meu pai volta a falar:
_ Anne, eu não sei onde você está agora, mas se tiver me ouvindo, eu te peço pra que volte pra sua família, você agora está segura!
  Nesse momento me deixo guiar pela emoção e subo ao palco, paro ao lado do meu pai e retiro minha máscara, todos começam a sussurrar surpresos e então eu falo:
_ Estou aqui, meu pai!
Todos se calam e Tomás vira de frente pra mim:
_ Anne! Você voltou minha princesa!
_ Voltei, meu pai, estou cansada de me esconder, de viver com medo. Quero que todos saibam tudo o que aconteceu comigo desde que fui tirada do senhor, quero que a justiça seja feita e que todos paguem por todo sofrimento que nos causaram.
Nós nos abraçamos sem conter as lágrimas, era um misto de saudade, alívio, amor e dor que só nós sabíamos o que significava.
Na mesma noite Joaquim, Suzana e outros cúmplices foram presos, mas algo me dizia que ainda não era o fim.
Mas não era hora pra medo, era hora pra comemorar.
O Ulisses veio até onde eu e meu pai estávamos, assim como o Bernardo que pude finalmente dar um grande abraço até que o Ulisses diz:
_ Tomás, sei que é o seu momento com a Anne, me perdoa por não ter dito nada antes, mas dessa vez não poderia arriscar.
_ Não precisa se desculpar, Ulisses, sei que fez assim pra proteger minha filha e eu só tenho a agradecer por trazer minha princesa de volta.
_ E-e-eu gostaria de fazer um pedido - disse Ulisses gaguejando e vermelho como nunca imaginei.
_ Deve ser um pedido muito sério pra gaguejar desse jeito - Bernardo zombou.
_ Quero pedir sua permissão pra namorar a Anne - disse sério e me olhou de forma terna.
_ Não!
_ Sim!
Bernardo e meu pai disseram juntos.
_ Por que não, Bernardo? Ele já mostrou gostar dela e também ser capaz de proteger nossa princesa. - meu pai falou.
_ Ele é um marmanjo, Tomás, como vai deixar ele namorar nossa bonequinha? - Bernardo justificou.
_ Não querendo me intrometer na briga de vocês, mas alguém perguntou a Anne o que ela quer? - Fernando que até o momento estava em silêncio perguntou e todos olharam pra mim apreensivos.
_ Papai, Bernardo, eu amo o Ulisses e tudo o que eu mais quero é a benção de vocês pra viver esse amor.
_ Ôh, bonequinha! Você é muito bebê pra esse marmanjo aí, mas se é o que você quer, quem sou eu pra ser contra? Você tem a minha benção! - disse Bernardo com olhos marejados - E você, Ulisses, cuida bem da minha bonequinha! Se você fizer ela chorar eu venho de BH pra quebrar a sua cara!
_ Princesa, vocês têm a minha benção só peço que o Ulisses não tente tirar você de mim - disse o papai.
  Ficamos conversando por um tempo, depois fomos curtir a festa e meu pai fez questão de me apresentar a todos os seus amigos. Já passava da meia noite quando resolvemos ir embora, meu pai fez questão de querer que eu fosse morar na casa dele e eu aceitei, então passamos na casa do Ulisses pra buscar minhas coisas e fomos pra minha nova casa.
A casa era uma verdadeira mansão, nunca imaginei morar em uma casa tão linda, meu pai estava me esperando pra apresentar os funcionários e me mostrar meu quarto.
Quando entrei no quarto, me lembrei de já ter estado ali, era um verdadeiro quarto de princesa. Cama com dossel e lençóis rosa, muitos travesseiros e almofadas, havia uma casa de bonecas no canto, uma mesa de estudo no outro canto, janelas que iam do chão ao teto e cortinas com muitas flores. Tinha um enorme closet com roupas ainda de criança e um banheiro enorme.
Em cima da cama havia uma boneca de pano, com cabelos amarelos e olhos verdes, Nina, minha boneca favorita. Chorei ao me lembrar de como fui feliz naquele quarto e senti muita raiva por tudo que passei até estar de volta.
Tomei um banho, coloquei uma camisola de ursinho que peguei na mala e fui dormir.

TOMÁS

Depois de levar Anne até o quarto fui até meu escritório onde liguei pra Fernando, pedi pra que ele viesse até minha casa amanhã o mais cedo possível e que trouxesse meus advogados.
  Mesmo sentindo a felicidade de ter minha filha de volta ao lar, sinto que ainda não é o fim.
Me sirvo de uma dose de whisky, me sento em minha cadeira e pego a foto da Antonella que mantenho guardada em minha gaveta. Na foto ela sorria, um sorriso idêntico ao da Anne.
_ Meu amor, eu falhei em te proteger, mas te prometo que não vou falhar novamente com nossa filha.
Baixo minha cabeça e choro sentindo a culpa de não poder ter salvo a vida da mulher que mais amei e por não ter desconfiado antes daqueles crápulas.
_ Eu prometo pra você, meu amor, que todos vão pagar pelo mal que fizeram a nossa família.

  Acordei no dia seguinte e pedi pra Gretta, a governanta da casa, ver se Anne já estava acordada. Logo as duas desceram as escadas .
_ Bom dia, princesa! Dormiu bem?
_ Bom dia papai, dormi muito bem, meu quarto é como um sonho de qualquer menina, obrigada por manter exatamente como era .
_ Não me agradeça por isso, durante todo esse tempo seu quarto era meu refúgio, era lá que eu ia quando a saudade apertava.
_ É muito bom estar de volta.
_ Vamos tomar nosso café da manhã e depois quero te levar pra conhecer a empresa.
_Vamos, estou muito animada.
  Nos sentamos, tomamos café enquanto eu explicava a Anne sobre as empresas e conversávamos sobre os planos dela pro futuro.

A Herdeira Perdida - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora