Capítulo 19

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ENTENDENDO ALGUMAS COISAS

ULISSES

  Depois de falar com a Anne e ela me contar em detalhes sobre a aparição do tal Léo, resolvi investigar mais a fundo, mesmo ela dizendo pra eu não me preocupar, que poderia ser apenas uma coincidência, eu sinto que tem algo muito sério por traz desse moleque. Mas agora é tarde, amanhã eu penso melhor em como investigar isso.
  Acordo cedo e decido ir ao escritório do Fernando, ele é o cara mais preparado pra me ajudar a descobrir tudo o que eu preciso.
  _ Ulisses! A que devo a honra!
  _ Andei pensando algumas coisas sobre o caso da Anne, e tem uma peça que não está encaixando.
  _ Lembra que o Bernardo e a própria Anne sempre falaram a respeito de um moleque que não largava dela no orfanato, um tal de Léo?
  _ Lembro sim, eles disseram que o garoto saiu do orfanato quando fez dezoito anos e foi trabalhar e fazer faculdade, o que tem ele?
  _ Aí é que está, não há nenhum registro dele no orfanato, nem no colégio e muito menos em nenhuma empresa ou faculdade da região, é como se o cara nunca tivesse existido.
  _ Porra, Ulisses! E você só me fala isso agora? E se a garota estiver com ele? Ela pode estar correndo perigo!
  _ Eu não sei, Fernando! Sua equipe é tão treinada, você é tão desconfiado, você nunca pensou em investigar o moleque?
  _ Eu nunca tinha pensado nele como uma ameaça, quando você começou a falar achei que estava investigando o cara por ciúme, mas diante de tudo o que descobriu, ou o que não descobriu, era pra ter falado.
  _ Você acha que ela pode estar com ele? - falo pra despistar, já sabendo de cada passo dela.
  _ Eu não sei, vou agora mesmo pra BH investigar tudo sobre esse moleque, não vou sossegar até descobrir que fim levou esse garoto.
  Saio do escritório do Fernando e vou direto pra delegacia, infelizmente minhas férias acabaram e é hora de voltar ao trabalho. Resolvo revisar o caso da Anne pra ver se não deixei passar nenhuma pista, deve haver alguma coisa sobre o tal namoradinho que deixei passar.
  Depois de horas lendo e relendo os arquivos, percebi que antes da tal feira de adoção, eles nunca haviam se encontrado, o orfanato não era tão grande e haviam muitas atividades conjuntas entre meninos e meninas, seria impossível não terem se visto antes, a menos que ele não estivesse lá. Comuniquei minha conclusão ao Fernando e ele avisou que seguiria essa linha de investigação.

  Depois de um dia inteiro de muito trabalho, resolvo ir embora pra tentar esfriar minha cabeça e falar com a minha princesa.

ANNE

  Hoje é sábado, Esther e eu não temos aula, eu agradeço mentalmente o fato de não precisar sair de casa hoje. Algumas meninas da escola vieram até aqui pra fazermos o bendito trabalho em grupo, apesar de não querer me aproximar de ninguém não tive como fugir desse trabalho.
Depois de passar a tarde estudando, finalmente terminamos o trabalho e uma das meninas teve a brilhante idéia de comemorar o término do trabalho na sorveteria. Mesmo preferindo ficar em casa, não tive como não ir.
  Estávamos as quatro na sorveteria Amanda, Beatriz, Carol e eu, elas conversam animadas sobre a festa que teria pra comemorar nossa formatura, eu apenas observava em silêncio, até que um assunto chamou minha atenção:
  _ Meninas, vocês viram que gato chegou na cidade! - disse Amanda empolgada.
_ Então não vi, um cara lindo daquele já chama atenção, com aquela moto então... - Beatriz completou.
_ Por falar nele, disfarça que tá entrando na sorveteria agora - Carol falou bem baixo.
_ Ah, meu Deus! Ele está vindo pra cá - Beatriz disse e nesse momento eu olhei e me engasguei quando o Léo vinha em nossa direção.
  _ Gente, eu preciso ir. - falei antes dele se aproximar demais
  _ Mas você mal tocou no seu sorvete - Carol respondeu
  _ Desculpa meninas, eu preciso mesmo ir.
Me levantei rápido e saí pelos fundos da sorveteria, olhei em volta pra ter certeza de que estava sozinha e caminhei a passos rápidos pra casa. Quando abri o portão, olhei novamente pra sorveteria e o vi olhando em volta como se estivesse procurando alguém, entrei antes de ser vista.

Depois de passar o resto da tarde em casa com Zélia e toda a família, estava no banho quando o telefone fixo tocou e em seguida Zélia me chamou, me vesti correndo e fui atender:

_Alô?
_ Oi, Anne! É a Carol.
_ Oi Carol, algum problema com nosso trabalho?
_ Não, Anne! Eu liguei pra contar um lance estranho que aconteceu quando você saiu da sorveteria.
_ Nossa! O que houve?
_ O forasteiro veio até nossa mesa e fez várias perguntas sobre você, quando dissemos que éramos apenas colegas de escola, ele saiu sem dizer mais nada . Você já o conhece?
_ Não, não conheço quase ninguém na cidade e muito menos fora dela, ele disse o nome?
_ Ele disse que se chama Lucas, quando perguntei se ele te conhecia ele disse que você parecia muito com uma antiga amiga dele, mas que a amiga havia morrido.
_ Nossa, que estranho! Obrigada por me contar.

   Depois de desligar o telefone, voltei ao meu quarto e liguei pro Ulisses contando tudo, se antes eu já estava assustada, agora estou ainda mais. Por que ele não se apresentou como Léo? O que ele está fazendo aqui na cidade? Cada dia essa história estava mais confusa.
  A casa onde moramos tem um grande terraço, o que a torna a mais alta da rua, nosso terraço tem muitas plantas, sendo um lugar perfeito pra me refugiar quando preciso pensar na vida. Depois de falar com Ulisses, estava sem sono, então fui ao terraço olhar as estrelas.
Estava distraída ouvindo música e olhando a lua quando o barulho de uma moto chamou minha atenção. Olhei pra baixo e vi quando a moto parou um pouco depois da minha casa, era o Léo e percebi que ele falava ao telefone, de onde eu estava ele não teria como me ver, então fiquei bem quieta pra tentar ouvir o que ele falava:
_ Ela sumiu, sei que mora nessa rua mas não pude ver qual é a casa...
_ E garota é esperta, é melhor a gente seguir a velha e vigiar pra ver se o policial paspalho não vai aparecer.
_ Se nem quando eu era criança eu te deixei na mão, acha que vou vacilar agora, é só ter calma que estrago ela na sua mão.

Ele desligou o telefone, ligou a moto e foi embora. Agora tenho que dar um jeito de falar tudo o que ouvi pra Zélia e avisar sobre tudo ao Ulisses.


A Herdeira Perdida - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora