Capítulo 4

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ANNE

PRIMEIRAS REVELAÇÕES

Acordamos bem cedo, antes do sol nascer, colocamos nossas malas no carro e Nívea disse que o restante das coisas seria levado pelo caminhão de mudanças. Eu não conseguia disfarçar minha tristeza, enquanto os outros também não disfarçavam não se importar com ela. Foram muitas horas de viagem, parando poucas vezes para comer ou ir ao banheiro, passei toda a viagem em silêncio tentando descobrir qual era o destino.

Já estava anoitecendo quando passamos pela porteira de um sítio, percebi que não haviam outras casas próximas, andamos por cerca de dez minutos até o carro parar diante de uma casa rústica não muito grande. Nívea foi a primeira a sair do carro, subiu a pequena escada, abriu a porta e logo as luzes da varanda se acenderam. Ajudei Marcelo com as malas enquanto Otávio corria casa a dentro.

Após levar todas as malas pra dentro percebi que a casa não era tão grande, a casa estava limpa e já era mobiliada, perguntei onde era o meu quarto e percebi uma troca de olhares entre o casal.

- Deixa que eu mostro - disse Nívea com um sorriso estranho - enquanto isso você acomoda o Otávio.

Dito isso eu peguei minhas malas e a segui, até que ela abriu uma pequena porta que levava até um porão, acendeu uma luz fraca e então consegui ver o lugar. Era realmente um porão, sujo, empoeirado e fedia a mofo, em um canto havia um colchão rasgado jogado no chão e no outro uma porta que levava a um pequeno banheiro, tão sujo quanto o restante do cômodo.

Após me deixar ali, ela saiu fechando a porta. Foi nesse momento que percebi que o sofrimento estava apenas começando e eu sequer sabia o que eu fiz pra merecer, sentei no colchão e chorei até pegar no sono.

Acordei assustada com batidas na porta do que dali em diante seria meu quarto, levantei correndo e ao abrir me deparei com o Marcelo.

- Vamos sair pra comprar mantimentos - disse - quando voltarmos quero a casa limpa e não abra a porta pra ninguém, você entendeu? - apenas balancei a cabeça assentindo.

Ouvi o carro sair, corri até a minha bolsa pra conferir se o telefone estava ligado e vi que havia uma mensagem do tio Bernardo:

" Princesa, estou te rastreando. Os seus pais adotivos usam documentos falsos, preciso da sua ajuda para descobrir nomes verdadeiros, enquanto isso vou tentar descobrir algo mais. Fique bem,"

Resolvi não contar que estou sendo obrigada a viver no porão e a fazer os trabalhos domésticos, resolvi aproveitar o tempo sozinha pra tentar descobrir alguma coisa. Comecei a arrumação pelo quarto do casal, a única coisa que encontrei foi uma gaveta trancada, mas haviam levado a chave. Segui a arrumação pelo quarto do Otávio e mais uma vez não encontrei nada. Depois de vasculhar e arrumar toda a casa e não encontrar nada, resolvi limpar o "meu novo quarto", já que seria obrigada a viver no porão, pelo menos ele deveria estar limpo.

Depois de terminar todo o trabalho resolvi mandar uma mensagem ao tio Bernardo:

"Tio, cheguei bem. Vasculhei toda a casa e ainda não encontrei nada, amanhã chega o restante da mudança e pode ser que encontre alguma coisa. Obrigada por não me abandonar, beijos."

Escondi novamente o telefone e me sentei na sala esperando que eles voltassem. Já estava anoitecendo e ninguém havia chegado, ouvi o barulho de uma moto e fiquei aguardando que alguém chamasse, logo o carro do Marcelo chegou e pude ouvir parte da conversa.

- Ruan, onde está a garota? - uma voz desconhecida perguntou - Você está sendo muito bem pago pra mantê-la viva.

- Não queira me ensinar o meu trabalho - era a voz de Marcelo- ela está lá dentro, muito bem guardada.

A Herdeira Perdida - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora