70. O Ataque

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Jason on

Dentro do avião me sentia indo pro matadouro. Aquele era o lugar onde tinha sido "educado", o lugar onde tinha sido torturado, o lugar onde tinha visto meu pai matar minha própria mãe. Já estava me sentindo agonizado, cada hora de viagem parecia uma tortura.

— Ei, — Aspen que estava sentado ao meu lado me chamou, — você tá bem?

Não.

— Sim.

Ele ergueu a sobrancelha.

— Sei... — ele disse desconfiado. — Toma.

Ele me ofereceu seu cantil e aceitei.

Bebi e permaneci em silêncio olhando pro chão. Só conseguia pensar nela e se eu não conseguisse voltar...

— Sabe, Jason, tem uma coisa que precisa saber sobre mim — Aspen disse do nada.

Olhei para ele franzindo o cenho sem o entender.

— Eu não sei perder — disse ele.

Aspen deu um sorriso reconfortante e voltou seu olhar para frente.

Eu não sabia o que ele queria dizer. Mas estava cansado demais para perguntar. Quem sabe se eu voltasse vivo, eu perguntasse um dia.

O avião militar pousou distante da Fortaleza Sulista para que não fôssemos notados. Fizemos o restante do trajeto a pé. Era de madrugada e estava escuro, era difícil ver um palmo a nossa frente, mas não podíamos nos arriscar acendendo um fósforo que fosse.

Eu, Aspen e o General Howard íamos a frente abrindo caminho, prestando atenção a possíveis armadilhas, sendo os mais silenciosos possíveis.

Olhei para Aspen ao meu lado com seu grande fuzil, seu uniforme militar para se camuflar, somente os olhos verdes se destacando em seu rosto porque ele tinha o pintado de verde escuro, assim como todos os outros militares.

Olhei para trás. Os outros vinham devagar, cuidadosos até ao pisar nas folhas secas para não fazer barulho.

Se nosso plano não fosse minunciosamente executado, todos eles poderiam estar mortos até o amanhecer.

Trinquei o maxilar, tenso.

Virei o rosto para frente, nervoso ao pensar na possibilidade.

— Shhhhhh — Howard fez um sinal brusco com o braço e todos paramos.

Fez-se um silêncio ensurdecedor, até a respiração eu prendia enquanto ficava lá parado como estátua tentando entender o que tinha acontecido.

— Onde estamos? — Howard perguntou baixo.

— Está perto. Só mais algum... — Parei de falar ao ouvir um barulho, um galho quebrando no chão ao alguém pisar.

Bastou um sinal de Howard para todos nos camuflarmos.

Aspen se posicionou atrás de uma árvore ao meu lado e agarrou seu rifle perto do corpo tentando se esconder.

Estava tão silêncio que eu podia jurar que estava ouvindo o coração de alguém batendo forte. Olhei pro garoto a minha frente. Não lembrava o nome dele... Michael, Misha, Mitch... Miller. Miller, era isso. O garoto estava com os olhos arregalados, agarrado ao seu fuzil.

— Aspen — sussurrei e ele olhou de canto de olho, sem mexer nem um fio de cabelo. — Fala pro seu menino que ele não pode atirar, estamos muito perto, não podemos nos dar ao luxo de chamar essa atenção.

Sua Querida Para Sempre - America e MaxonOnde histórias criam vida. Descubra agora