Ainda tô boba gente, né que é ele mesmo, quase que não acredito, nevoso que eu tava até passou, e falar a real, me senti até mais aliviada, mas ainda tava com um pouco de receio, medo, não sei dizer o que era...
Laís: Boa tarde né... - falei sem graça.
Neném: Pô, Iai. - passou a mão no rosto. - Antes de qualquer coisa quero te pedir desculpas tá ligada?! Se tu não perdoar, tiro tua razão não, se fosse eu nem ligar tinha ligado tendeu. Teu menor né? grandão pô.. Vinícius né?
Laís: Eu te perdoo sabe, também não tenho mágoa nenhuma se você. Óbvio, já tive muita mágoa, morria de ódio de você, cheguei já a desejar sua morte, me arrependo claro. Mas com o tempo todo a raiva, ódio, foi passando, não tinha mais sentido. - falei tentando segurar as lágrimas.. - É, Vinícius.
Eu ainda não estava acreditando que meu pai, era o marido da Flávia, me surpreendi babado com isso. Agora tudo fez sentido sabe, quando a "menininha" falou pro Vini que o meu pai estava no aniversário dele, em hipótese nenhuma, eu pensaria no Neném.
Neném: Porra, valeu mesmo aí, tinha maior peso na consciência por ter te abandonado tá ligada. Naquela época eu não tinha cabeça pra nada, mente fraca ainda, pô, fui amadurecendo com o tempo, aí fui cair na real no que eu tinha feito, tinha nem como mais voltar atrás.
Laís: Só quero deixar avisado, que eu perdoo, mas não esqueci. Tinha como voltar atrás sim, sempre teve, da mesma forma que você me procurou agora, tinha como ter procurado quando você "caiu na real"..
Neném: Eu tinha medo de tu não querer me conhecer pô, te tu me renegar tendeu, mas aí entrei nesse assunto com a Flávia e ela me incentivou a ir atrás, foi aí que pedir pra uma prima minha tentar entrar em contato com tua mãe..
Laís: Tu é traficante, tinha medo de eu não querer te conhecer. - ri sem graça. - Mas sem discussão, independente de qualquer coisa, tá sendo um prazer te conhecer como meu pai.
Neném: Rançuda tu né. - negou com a cabeça. - Mas como, tá sendo uma satisfação imensa te conhecer como filha, tô ligado que tu faz teu corre, vai atrás do teu, também sei de umas parada que Flávia me falou sobre tú um tempo atrás.
Laís: O que ficou lá atrás ficou, vou ficar revirando assunto não. E se for pra me julgar pode ir desistindo, que você também é errado. - respirei fundo. - Vai lá filho, vai abraçar teu avô vai. - Vinícius foi todo envergonhado, até parece que é assim.
Neném: A Sara e o Júnior vão ficar bobão quando saber que tem um sobrinho. - disse abraçando o Vini.
Eu tinha esquecido até que ele tinha filho, e do nada ganhei dois irmãos de vez, vê se posso com uma coisas dessas.
Laís: E cadê eles? A Flávia? Tempão que não vejo ela...
Neném: Os menor tão com a mãe essa semana. Flávia tá em casa pô, bora pra lá, tô imaginando já como ela vai ficar quando souber que é tu, minha filha.
Saímos dessa casa, o Neném foi com o Vinícius no colo, entramos no carro e ele deu partida, isso com o Vinícius ainda no colo dele, bem íntimos já em. Real, minha ficha ainda não caiu, tô sem acreditar. Chegamos, ele parou o carro e desceu, desci e fui atrás também.
Neném: Flávia. - Gritou já do portão, pra quê isso gente, é felicidade é... - Bora, vem. - entrou na casa e segui ele.
Preciso nem falar que minha colega também ficou surpresa né, parece até mentira gente, nós encontramos diversas vezes já e nem passava por nossas cabeças que tínhamos ligação. Mas outra coisa que é incrível, é como Deus escreve tudo certinho, cada trajeto nosso que vamos seguir, mesmo sem entender nada, continuamos seguindo o trajeto.
Passei quase umas duas horas conversando com eles, tava ficando tarde me despedir deles, queriam até que eu dormisse lá, falei que outro dia e que tinha vindo com uma amiga, o Neném ia me levar até a entrada da favela, passou na casa da tia Karla pra pegar a Elô, em seguida nós deixou na entrada, me despedir dele e guiamos pra Cdd.
O sentimento que eu sentia, era gratidão sabe, finalmente eu tinha conhecido o meu pai, acertamos tudo como dois adultos que somos, e isso me deixa feliz abessa..
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