Capítulo 8

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- Chegaram, senhorita. - O senhor Alírio informou.

- Obrigada, tio. - Valentina agradeceu ao homem que chamava de tio por consideração aos anos de amizade de suas famílias. Caminhou para a frente de sua casa e estacou no lugar ao ver Juliana, mais linda do que nunca, em seu vestido verde esmeralda e branco, que dava destaque para sua silhueta fina. Seus cabelos estavam soltos em seus ombros e seu olhar tímido, como sempre.

- Olá! - Valentina disse estendendo sua mão para Juliana, para ajudá-la a descer da carruagem. Juliana hesitou pegar sua mão, porém, ao ver que precisaria de ajuda para descer devido ao vestido, esticou sua mão esquerda, esbarrando na de Valentina. O calor da mão da de olhos azuis passava, de uma forma estranha, segurança para Juliana.

- Olá. – Juliana respondeu e Valentina sorriu, auxiliando sua futura esposa a descer.

- Tessa irá mostrar onde fica o quarto do seus pais e, bem, depois ela volta para lhe mostrar o seu. - Disse. Não iria mostrar o quarto de Juliana ela mesma porque não queria assustar a garota. Juliana assentiu. - Enquanto isso eu posso te mostrar a casa. Que tal?

- É... Pode ser. - Disse soltando da mão de Valentina assim que estava segura no chão.

- Bem, então me acompanhe. - Juliana mordeu seu lábio inferior e olhou para Valentina. - Você poderia esquecer por um segundo que vamos nos casar? Ontem você estava mais legal e não parecia que o gato comeu a sua língua. - Pediu rindo.

- Não dá para esquecer que vamos nos casar, Valentina. É um casamento. - Disse séria. - Ontem você era uma desconhecida que eu conversava sobre coisas aleatórias e jogava pedrinhas no rio e hoje você é minha noiva.

- Desculpe. - Valentina pediu entortando o canto da boca.

- Acho que teria sido mais legal da sua parte se você tivesse me falado que pediria a minha mão. - Falou cruzando os braços e Valentina franziu o cenho.

- Mas eu não...

- Ora, ora... Olha quem temos por aqui. - Nayeli as interrompeu. - A noivinha de Valentina.

- Olá. - Juliana disse sorrindo educadamente e Valentina olhou para Nayeli com um olhar de alerta.

- Olá, meu anjo. - Ela disse sorrindo falsamente. - Sou Nayeli. Só vim me apresentar mesmo, não quero atrapalhar vocês. Espero que goste de sua estadia aqui. Até mais, Juliana. Até mais Valentina. - Ela disse se aproximando de Valentina e dando um beijo demorado no rosto da garota. Juliana percebeu a expressão sensual no rosto da garota ao pronunciar o nome de sua noiva e franziu o cenho.

- Até. - Valentina disse se afastando da garota. Juliana respondeu apenas com um leve aceno.

- Ela parece ser bem íntima, hm? - Juliana sugeriu.

- Sim. É filha de um dos homens que trabalhavam para o meu pai. É irmã da Tessa, ou seja, cresceu aqui.

- Ah! - Foi tudo o que Juliana disse. - Bem, vou tentar agir como se o gato não tivesse comido a minha língua então. - Falou rindo. - O que você faz?

- Sou comandante da cidade. Eu liderava a cavalaria quando tinha dezenove anos, mas meu pai veio a falecer quando eu tinha vinte e, bem, como sou a única herdeira...

- Sinto muito. - Juliana disse. - E sua mãe?

- Ela era uma prostituta.

- Valentina, não seja rude com a sua mãe só por desavenças passadas. - Valentina riu ao ouvir Juliana.

- Oh, não. Ela era realmente uma prostituta. Quando meu pai descobriu que havia engravidado ela, decidiu fazer o teste e confirmou que eu era sua filha, então me tomou da minha mãe e passou a cuidar de mim.

- Ela faleceu também?

- Nunca soube nada dela. Apenas que se chamava Lucia.

- Senhorita comandante. As tropas inimigas lançaram fogo ao Zepelim do Norte. - Renata, quem trabalhava na cavalaria, adentrou o lugar às pressas, avisando Valentina do ocorrido.

- Oh merda. Os Aguirre's não desistem, não é? - Valentina disse irritada. - Será que eu não vou ter paz nem um dia sequer? - Gritou. - Mantenha a mesma estratégia da última vez e diga que já estou a caminho.

- É para já. – A loira disse, desaparecendo rapidamente das vistas de ambas as mulheres.

- Juliana, desculpe, mas preciso mesmo ir. Espero que goste de seus aposentos. Nos vemos em breve. - E após um beijo no rosto de Juliana saiu correndo em direção ao seu cavalo. A mais nova ficou ali parada, assimilando a maneira que Valentina parecia ser uma pessoa completamente diferente quando se tratava de seu trabalho. Desejou internamente que ela não fosse bruta desse jeito com Juliana jamais.

- Não se preocupe, ela comeria merda por você. - Eva disse sobre seu cavalo, como se adivinhasse os pensamentos da mais nova. - Ela não vai te fazer mal. Agora com licença, futura cunhadinha, mas tenho alguns maxilares para quebrar. - E assim o cavalo começou a correr para longe.

- Valentina parece ser tão boa de cama, hm? Parece ser aquele tipo que te segura forte e mete gostoso, com força. Não acha? - A voz já conhecida por Juliana surgiu no lugar. Juliana congelou ao ouvir aquilo, de certo que teria que ir para a cama com Valentina consumar seu casamento, mas preferia imaginar que a garota era doce ao invés de bruta.

- Não sei, mas de qualquer forma se ela é boa de cama ou não você jamais vai provar, porque é comigo que ela vai se casar. Então acho melhor parar de ter esse tipo de pensamento sobre minha noiva. É bastante inapropriado. - Disse. Jamais falaria assim com alguém e tampouco sentia ciúmes de Valentina, era só que havia percebido que a garota ali estava tentando lhe provocar e que a mesma era louca por Valentina. Não amava Valentina, nem por isso deixaria que falassem ou imaginassem tais coisas com ela.

- Ainda tenho esperanças de você não dar conta e ela vir correndo para meus braços em busca de consolo. Se é que você me entende, hm? - Disse balançando suas sobrancelhas sugestivamente.

- Se ela não correu para você até agora, por que acha que correria depois? Não sonha. - Falou.

- Quem te garante que ela nunca correu para mim? - Diante de uma Juliana sem argumentos, que abria a boca várias vezes, mas nada saía, Nayeli apenas virou as costas para ela e saiu rebolando.
 
Juliana trincou o maxilar e fez uma nota mental de perguntar à Valentina se já havia tido algo com Nayeli, apenas para não voltar a ficar sem palavras diante daquela imbecil.

Over The Rainbow (Juliantina)Onde histórias criam vida. Descubra agora