Capítulo 32

511 39 13
                                    

- Então foi apenas um susto? - Valentina perguntou pela quarta vez ao médico, fazendo Angelique - ou Lúcia - revirar os olhos.
 
- Mas se ele já disse que sim por que insiste nessa pergunta, criança? - Perguntou. Valentina a olhou rapidamente.
 
- Quero me certificar de que esteja bem. Só me deixe fazer meu trabalho. - A moça disse séria e a mulher mais velha assentiu resignada.
 
- Ela está perfeitamente bem, sua pressão apenas caiu e a dor no peito deve ter sido emocional. Provavelmente fazia algo importante demais para ela, o que resultou a dor psicológica, já que nos exames não apontou nada. - Juliana, quem estava mais atrás encostada no batente da porta, automaticamente pensou na caixa. Lúcia deveria estar vendo fotos de Valentina minutos antes e por Valentina ter mencionado sua mãe para a mulher no dia anterior isso provavelmente aumentou a pressão psicológica em sua mente.
 
- Certo. Então posso voltar a trabalhar hoje? - A mulher mais velha, que estava recostada na cama, perguntou apressadamente.
 
- Sugiro que repouse o dia de hoje para amanhã estar nova em folha. - O médico disse.
 
- Eu não lhe permitiria trabalhar hoje de qualquer forma. - Valentina disse.
 
- Enfim. Já que não precisam mais de mim vou me retirar. Tenham um bom dia, senhoras. - O médico disse saindo do quarto da mulher. Lúcia suspirou e olhou para Juliana, quem lhe sorria mansa.
 
- Valentina... - A voz da mais velha saiu incerta e Valentina percebeu a insegurança em sua voz, a olhando confusa. 
 
- Está tudo bem? Precisa de algo?
 
- Estou bem, hijita. Apenas... - Tomou ar e se ajeitou na cama. - Precisamos conversar. 
 
- Sou toda ouvidos. - Disse se sentando na beira da cama. A mulher lhe encarou fixamente. Com olhos nostálgicos um sorriso lhe brotou no rosto.
 
- No dia em que você nasceu chovia tanto. - Valentina a olhou surpresa. Angelique nunca lhe contava nada de sua infância. - Eu me perguntava como seria seu rostinho. - Falou sorrindo. - Passei os nove meses imaginando como seriam seus traços... Como seria o som do seu choro... Como seria a maciez de sua pele... Se você gostaria da cor das paredes do seu quarto.
 
- Eu fico feliz de saber que você acompanhou a gravidez da minha mãe. - Valentina disse inocente.
 
- Eu acho melhor eu... - Juliana começou, mas foi interrompida pela mulher mais velha.
 
- Prefiro que fique, querida. - Seu olhar de súplica fez Juliana entender que ela queria Juliana ali para confortar Valentina. Juliana apenas assentiu e permaneceu no lugar.
 
- O que está acontecendo? - Valentina perguntou. A mais velha suspirou e lhe tocou as mãos.
 
- No dia que conheci seu pai eu fiquei encantada. - A mulher disse nostálgica. - Imagina só. Um militar lindo daquele jeito me cortejando.
 
- Você foi apaixonada por meu pai? - Valentina perguntou sem reação. A mulher apenas apertou o toque em sua mão e prosseguiu.
 
- Na época eu não sabia que ele era rico e poderoso. Ele para mim era apenas ele. Apenas Leon. - Falou calma. - Por um minuto eu pensei que o lixo de vida que eu era obrigada a ter poderia ficar no passado. "Oh, alguém me deu atenção. Devo valer algo, devo ser mais do que um encosto na vida dos outros. Alguém se importa comigo." Eu pensei.
 
- Angelique...
 
- Ele me cortejou por meses. - Falou com a voz embargada. - Eu parei de fazer o que fazia porque ele jurou que me protegeria de qualquer um e eu? Bem... Eu acreditei. - Disse enxugando uma lágrima teimosa com uma de suas mãos, enquanto a outra ainda segurava a de Valentina. - Eu fugi de onde eu estava e caí nos gracejos do seu pai e me entreguei a ele... de corpo e alma, mas um dia... - Suspirou. - Um dia ele se apaixonou por outra. 
 
- Minha mãe, certo? - Valentina perguntou apenada. A mulher apenas mordeu o lábio e continuou. 
 
- Meu tio, que era o homem de quem fugi, me achou... - Seus olhos desviaram para Juliana, quem também não conhecia a história. A menina lhe sorriu e assentiu, como se dissesse para prosseguir. - E eu fui espancada a chibatadas por uma semana. - Os olhos de Valentina se arregalaram, uma mistura de raiva e surpresa faiscaram de seus olhos. - Mas duas semanas depois as marcas sairiam do meu corpo e eu teria que voltar ao trabalho. - Valentina escutou um soluço vindo de sua esposa, mas não sabia o que dizer. Estava horrorizada. Jamais havia escutado sobre o passado da mulher por quem tinha tanto apreço.
 
- Por que você...
 
- Mas não deu tempo de voltar ao trabalho, graças a Deus, porque... um dia eu comecei a passar mal e meu ciclo estava atrasado. Foi aí que resolvi fazer o teste de gravidez. - Valentina entortou a sobrancelha em confusão. Lúcia engoliu em seco e fitou sua filha nos olhos. Viu confusão, mas também viu uma mulher linda e honrada. Nada poderia ser mais gratificante. Perderia sua filha, mas não abriria mão da felicidade dela com Juliana. Jamais! - E então descobri que a prostituta estava grávida.
 
- Não pode... Não pode ser. - Valentina disse soltando a mão de Lúcia e se levantou atarentada. - O que você... o que está me dizendo, Angelique?
 
- Que você foi o melhor presente que seu pai poderia ter me dado em toda a vida miserável que eu tinha... Filha. - Valentina balançou a cabeça em negação e olhou para Juliana.
 
- Diz para ela que não, Juliana. - Pediu com os olhos já cheio de lágrimas. - Diz que não pode ser. - Juliana pressionou um lábio junto ao outro e pelo olhar Valentina soube. - Você... - Olhou para Angelique - Ou Lúcia. - E logo para Juliana novamente. - Você sabia! - Não foi uma pergunta. Juliana tentou se aproximar, mas Valentina saiu correndo do quarto da mulher. 
 
Lágrimas eram o que mais se via em Lúcia, mas mesmo assim, quando Juliana lhe olhou desnorteada, criou coragem para dizer algo firmemente.
 
- Vá! Acerte-se com ela. 
 
- Mas você...
 
- Eu ficarei bem. - Juliana lhe olhou ainda sem saber se deveria ir, mas Lúcia voltou a falar. - Eu só contei por vocês, criança, então preciso que se acerte com ela para eu ver que o que fiz valeu de algo. - Juliana se aproximou e beijou seu rosto.
 
- Desculpe se eu te forcei...
 
- Ninguém me forçaria a isso. Meu coração precisava dessa paz. - Sussurrou a última parte. - Agora vá. - Juliana assentiu, limpando as lágrimas com as mãos e saindo correndo disparada atrás de Valentina.



_________________________________________

hey, bebecitas!!!

gente, vocês conhecem alguem que faz convite de aniversário? se sim, me avisem. adoro vocês! tem mais capítulo hoje...

Over The Rainbow (Juliantina)Onde histórias criam vida. Descubra agora