Capítulo 20

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- Não preciso de ajuda para subir. - Juliana disse rindo. - Sei montar a cavalo desde que tinha doze anos. - Esse havia sido um dos motivos pelo qual havia se irritado com Lucho, dizer à sua verdadeira esposa que lhe ensinava a montar a cavalo era mais que uma ofensa, uma vez que ela montava muito melhor do que ele.

- Ora; ora. Tenho uma esposa que não para de me surpreender. - Valentina disse rindo, vendo Juliana já montada sobre o cavalo. Decidiu caminhar até seu cavalo e acariciar o mesmo, antes de subir nele.

- Uma corrida de cem metros? - Juliana propôs balançando sua sobrancelha e sorrindo. Já estavam casadas havia pouco mais de um mês.

- Não quero fazer feio na sua frente. - Valentina disse.

- Está com medo, Carvajal? - Provocou arqueando uma sobrancelha.

- Talvez. - Falou se inclinando para o lado e tocando os lábios na bochecha esquerda de Juliana. - Te vejo na chegada, mon amour. - E deu partida, fazendo Juliana a olhar incrédula e boquiaberta antes de começar a correr com seu cavalo logo atrás.

Juliana até tentou, mas, pela vantagem de Valentina, foi praticamente impossível ultrapassá-la.

- Não vale. Você roubou! - Juliana disse descendo do cavalo e cruzando os braços de forma birrenta. Valentina soltou uma gargalhada ao ver a cara de sua esposa.

- Tem razão. Roubei. - Confessou descendo de seu cavalo. - Mas foi engraçado ver sua cara.

- Pois eu não achei. 

- Claro que não, você não viu. - Valentina respondeu. - Tudo bem, desculpe. - Pediu ao ver que Juliana não sorria. 

- Só se assumir que eu ganharia caso não tivesse roubado.

- Bem, isso eu não posso dizer, porque não tenho certeza.

- Vamos correr de novo. - Juliana propôs e Valentina respirou fundo.

- Tenho uma ideia melhor. - E sem dizer mais nada estendeu a mão no ar para Juliana subir em seu próprio cavalo.

- Por que no seu? - Juliana perguntou arqueando uma sobrancelha.

- Suba e descubra. - Juliana, por ser curiosa demais, não resistiu e subiu no cavalo de Valentina. Valentina caminhou até o cavalo de Juliana e o amarrou ali. - Já já alguém vem te buscar, amigo. Vou providenciar isso. - Falou para o cavalo e Juliana sorriu ao ver que sua esposa se importava com o bem-estar do animal.

- E então? - Juliana perguntou animada, mas sentiu seu corpo se enrijecer ao ver Valentina subir no mesmo cavalo que ela.

- Você me disse no dia em que nos conhecemos que tinha vontade de voar em um zepelim. - Valentina disse, enlaçando seus braços pela cintura de Juliana. - É... - Disse um pouco constrangida. - Você guia ou...

- Pode guiar. - Juliana disse, deixando Valentina segurar as rédeas do animal. Sentia-se extremamente nervosa com a respiração de Valentina tocando-lhe o pé do ouvido. Sentiu Valentina apoiar o queixo em seu ombro e fechou os olhos tentando controlar a própria respiração. - Então vamos voar hoje?

- Exatamente, Senhora Valdés-Carvajal. - A voz rouca disse em meio a um riso. O cheiro do shampoo de Juliana tão próximo de si fez Valentina suspirar bobamente.

- Acho que gosto dos nossos sobrenomes juntos. - Juliana confessou um tanto mais nervosa do que deveria estar para um passeio normal a cavalo.

- Gosta, é? - Em seu mais profundo interior Juliana assumia para si mesma que a voz de Valentina era demasiadamente sexy. Seus olhos se desviaram para as mãos de Valentina segurando as rédeas e Juliana mordeu o próprio lábio diante do pensamento que teve. Não havia ninguém as vigiando ali, não precisava de teatro, mas o que Juliana queria fazer não seria teatro e esse era o problema, porque não tinha uma desculpa para fazê-lo. Fechando os olhos rapidamente para tomar coragem, os voltou a abrir apenas para deslizar lentamente seus dedos finos pelos braços de Valentina, até alcançar os dedos da outra.

Olhou de relance para Valentina e a viu sorrir. Então, percebendo que não fizera nada de errado, entrelaçou seus dedos nos de sua esposa, sentindo a suave mão acolher o aperto. Seguraram juntas as rédeas e foram o resto do caminho sem falar mais nada.

- Pois bem. - Valentina disse aplicando um beijo lento no rosto de Juliana. Não queria sair dali, mas não queria exceder nenhum limite. - Chegamos. - Decretou. Ia soltar do aperto de suas mãos, mas Juliana a impediu.

- Espera! - Disse ao sentir Valentina tentar soltar de sua mão. Não tinha o que falar, só não queria que Valentina a soltasse. 

- Que foi?

- É... Andar nesse negócio é seguro, não é? - Disse a primeira coisa que lhe veio à mente. Se permitiu soltar seu peso sobre o corpo da mais velha. A risada de Valentina ecoou pelos quatro ventos.

- Está com medo, Valdés? - Repetiu a pergunta que sua esposa lhe fizera minutos antes.

- Talvez. - Disse em meio a um risinho.

- Eu jamais te colocaria em algum lugar que não fosse seguro para você. -  Valentina disse abraçando o pequeno corpo contra si, antes de soltar das mãos de Juliana e descer do cavalo.

- Se eu morrer a culpa será toda sua. - Juliana disse descendo do cavalo. Valentina o deixou com um de seus empregados foram caminhando até a frente do enorme zepelim. Seus olhos percorriam cada detalhe. - Uau, é muito maior de perto. - Constatou boquiaberta enquanto subiam a bordo.

- E como diz o ditado: Para o alto e avante! - Valentina disse sorrindo. 

E, enquanto o enorme transporte subia, Juliana ria bobamente. Adorou o vento tocando seus cabelos daquela forma tão intensa, mas assim que chegaram lá em cima se arrependeu de não ter levado nenhum abrigo. Sentiu os braços de Valentina rodearem sua cintura e permitiu deitar sua cabeça no peito da mais velha. Sentia frio ali em cima, mas o abraço de Valentina fazia tudo ficar mais aquecido.

- Eu adoro a paz que essa vista propõe. - Valentina confessou admirando toda a cidade abaixo delas. Juliana desviou os olhos para Valentina, ainda em seus braços.

- Obrigada. - Sussurrou e  Valentina sorriu sem mostrar os dentes.

- Tudo o que te fizer feliz me fará também, então acho que quem tem que agradecer sou eu. - Disse de modo terno. Viu o exato momento em que Juliana desviou os olhos para seus lábios, prendendo a atenção por vários segundos ali. O momento foi interrompido por um longo suspiro de Juliana, que logo em seguida voltou a apoiar a cabeça no peito da mais velha e a contemplar a vista de toda a cidade.

Over The Rainbow (Juliantina)Onde histórias criam vida. Descubra agora