Capítulo 13

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Como de costume em todas as festas de membros do exército e de famílias nobres, a comemoração perdurara longas horas. Valentina estava sentada na maior cadeira no lugar, dando destaque a ela por ser a noiva. Juliana se sentava em seu colo de maneira comportada, nada de desrespeito, apenas tradição. Diziam as lendas que o casal que se sentasse naquela cadeira seria feliz por toda a eternidade. Alguns casais se sentavam ali no começo, com intuito de prolongar o prazo da relação deles, se possível, por toda a eternidade de acordo com a lenda. Com o passar das décadas as pessoas transformaram tal crença em um costume entre eles.

Os braços de Juliana enlaçavam o pescoço de Valentina e não havia sido por tradição. A castanha apenas decidiu que assim ambas ficariam mais confortáveis.

- Está cansada? - Era a quinta vez que Valentina perguntava isso à Juliana. Percebia os olhos caídos, vermelhos e que sua esposa bocejava de cinco em cinco minutos. A mais nova realmente estava exausta, só queria retirar seu vestido, tomar um longo banho e desmaiar, mas o fato de essa noite ser, em especial, sua noite de núpcias, a estava fazendo enrolar ao máximo Valentina, porém o cansaço não lhe permitiu mentir pela quinta vez consecutiva.

- Sim. - Respondeu em um sussurro, se permitindo coçar os olhos. Valentina apenas assentiu e deu dois tapinhas em seu quadril. Juliana entendeu e logo se levantou, fazendo todos gritarem em animação.

- O casal vai consumar o casamento. - Um dos homens ali gritou em animação pelas duas.

- Só cale a boca, Guille. - Juliana disse para seu amigo, que apesar de ser meio idiota e desligado, era um bom homem. - Tenham uma boa noite. - E, sem dizer mais nada, segurou na delicada mão de sua esposa, a guiando por entre os corredores do lugar até o quarto de ambas, que ficava na parte de cima da imensa casa, que Juliana mais considerava mansão.

- Bem, eu vou... tomar um banho. - Juliana disse e Valentina assentiu, vendo a mais nova pegar algo em seu guarda-roupa e desaparecer no banheiro. Sim, os pertences de Juliana já haviam sido transportados para o quarto de Valentina. Isso era tradição por lá também. Valentina caminhou até a enorme janela e levantou uma das enormes cortinas para espiar lá fora.

Os barulhos que se faziam no salão principal, lá embaixo, podiam ser ouvidos dali e a festa provavelmente duraria a noite inteira. Valentina admirou a vista do céu e internamente pediu forças para Deus para lhe guiar pelo caminho correto. - Sim, apesar de não frequentar a igreja, Valentina acreditava no mesmo e tinha muita fé nele.

Ficou, sabe-se lá quantos minutos, olhando para o céu. Decidiu sentar-se na beira de sua cama e retirar seus saltos. Escolheu alguma roupa em seus pertences e já as deixou preparadas para que quando Juliana saísse ela pudesse entrar em seguida para livrar-se de seu vestido e tomar seu banho.  

Foi o barulho da trava da porta que fez Valentina olhar rapidamente e quase se engasgou ao constatar que sua esposa usava uma camisola de seda branca, bem curta... E só... Nada mais cobria seu corpo.

A mais velha se levantou, ainda sem reação, e caminhou até Juliana lentamente. A mais nova lhe olhava assustada e sua respiração estava alterada devido às batidas descompassadas de seu coração.  

- Vou tomar um banho. - Valentina sussurrou e respirou fundo antes de entrar no banheiro.

Juliana respirou aliviada e se sentou na cama. Lembrou do que sua mãe lhe dissera e obedeceu, tratando de se sentar de uma maneira sensual na cama - A própria mãe dela a fez repetir a posição que havia feito para se certificar de que não estragaria as coisas. - e subiu sua camisola levemente, de maneira que deixava suas coxas mais à mostra. Queria chorar ou fingir que havia adormecido, mas dizia para si mesma que mais dia, menos dia, isso aconteceria.

Pediu internamente mil vezes que não doesse, e que Valentina fosse gentil porque era o mínimo que merecia, havia sido obediente até ali, não custava que o destino lhe ajudasse um pouco fazendo sua esposa ser carinhosa.

- Eu não consigo compreender os seus planos, meu Deus. - Sussurrou baixinho de olhos fechados. - Mas vou confiar em ti, mesmo sem entender. - Fazia uma prece rápida. - Só por favor não me desampare. Por favor, por favor... Que além do arco-íris haja algo melhor do que isso.

Depois disso pensou em Lucho, que mesmo estando apaixonada por ele jamais havia pensado em praticar tais atos com o mesmo. Não até o casamento pelo menos, e, como isso estava longe, sequer pintava a ideia dos dois juntos nos três meses de namoro. Mesmo quando ele se mostrava visivelmente ansioso para isso.

Saiu de seus devaneios quando escutou a trava da porta do banheiro e seu coração voltou a bater feito louco. Suas mãos suavam e suas pernas tremiam e não era de um jeito bom.

Valentina a analisou de longe, deixando seu olhar percorrer sua esposa por longos segundos. Juliana não tinha visto aquele olhar em Valentina ainda e ignorou o fato de que mordeu o próprio lábio ao vê-la vestindo apenas um baby doll curto, que deixava livre suas coxas e marcava suas voluptuosas curvas.

Valentina respirou fundo e se aproximou, se sentando na cama e se inclinando para apagar o abajur. O silêncio era tudo o que ambas ouviam, até que o barulho de Valentina se acercando de Juliana na cama se fez presente. Juliana fechou os olhos em total desespero, repetindo para si que Valentina era uma boa mulher, e claro, muito linda.

- Eu sei que você odiou o fator principal do dia, no caso, ter se tornado minha esposa. - A voz rouca foi apenas um sussurro. - Mas espero que pelo menos a festa tenha lhe agradado. Tessa disse que lilás é sua cor preferida e por isso mandei colocar na decoração. - Confessou.

- Foi tudo muito... lindo. - Juliana disse serena, tentando não transpassar desespero em seu tom de voz. O fato da respiração de Valentina estar batendo em seu rosto não ajudava muito.

- Ótimo! - Disse a de olhos azuis, respirando fundo logo em seguida. Juliana fez o que sua mãe disse e passou o dedo indicador vagarosamente sobre a clavícula visivelmente exposta de sua esposa. Não podia negar que sua pele era macia e a mulher era sensual.

Juliana pôde ouvir um longo suspiro de Valentina e percebeu seus dedos se apertarem no colchão. Um silêncio perturbador invadiu o quarto logo depois. A respiração de Valentina era tudo o que conseguia ouvir. Sentiu o exato momento onde sua esposa se inclinou, mas, para sua surpresa, lhe deu um beijo longo no rosto, antes de se afastar.

- Tenha uma boa noite, Juls. - Sussurrou lentamente. - E lembre-se: Eu só quero te ver feliz. - E assim se deitou e se cobriu, se virando para o outro lado sem dizer mais nada.

Over The Rainbow (Juliantina)Onde histórias criam vida. Descubra agora