Capítulo 19

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- Se saiu melhor do que nas outras vezes. - Valentina disse rindo enquanto Juliana olhava emburrada para a corda em que tentara subir mais uma vez. Fazia vários dias desde que Mariana lhes havia feito uma visita. 

- Obrigada por jogar na minha cara que continuo ruim. - Juliana disse cruzando os braços e fazendo um bico adorável.

- Isso leva tempo, hm? Não seja impaciente. Ninguém aprende algo que leva tempo e prática em apenas algumas vezes treinando. - Valentina disse, se jogando no chão ao sentir as gotas começarem a cair do céu. Estava abafado demais havia dias, finalmente a chuva lhe presenteou com sua unânime presença.

- Está chovendo, vamos entrar. - Juliana pediu ao sentir as gotas tocarem sua pele.

- Não. Pode entrar você, eu gosto da chuva. - Valentina disse parecendo nostálgica. Juliana, por ser curiosa como sempre, apenas se deitou no chão ao lado de sua esposa e tocou-lhe a mão. Algum daqueles guardas poderia estar vendo e ela não queria complicar a vida de Valentina, afinal de contas, a mesma só se casou com ela porque ela praticamente implorou.

- O que a chuva tem de tão especial? - Juliana perguntou fitando o céu, agora nublado por um cinza escuro. Nuvens carregadas avisavam que choveria, no mínimo, umas boas horas. Valentina a olhou antes de voltar a encarar o céu. 

- Lembro de ter esses sonhos... Esses onde minha mãe aparecia em dias de chuva enquanto eu dormia. Sempre de madrugada e eu tinha por volta dos quatro anos quando sonhava, mas parecia tão real.

- Ela te dizia algo? - Juliana perguntou.

- Ela cantava para mim. - Valentina disse sorrindo genuinamente. - Só consigo lembrar dos olhos azuis, assim como os meus e de que eu perguntava por que ela não podia ficar comigo. - Falou. - Ela falava que sempre estaria comigo e eu dormia com seus carinhos e seu canto.

- Tem certeza de que... hm, de que isso foi sonho? - Juliana perguntou e Valentina forçou um lábio no outro.

- Não sei, mas prefiro pensar que sim. Eu não gosto de me iludir com sonhos. - Confessou e Juliana apertou sua mão em forma de conforto.

- Apesar do que você sabe sobre ela...
 
- Gosto de pensar que ela é ou era uma mulher boa. - Valentina a interrompeu e Juliana assentiu. A mais velha não tirava conclusões precipitadas nem mesmo de alguém que diziam ser uma prostituta e isso surpreendeu Juliana. Sua esposa era melhor do que ela imaginava.

- Pois bem, vamos tomar um banho e comer algo, não vou te deixar aí para ter uma gripe. - Juliana disse se levantando e puxando Valentina pela mão. Valentina sorriu e apenas concordou, se levantando e tomando a mão de sua esposa entre a dela.

[...]
 

Os raios e trovões não deixavam Juliana dormir naquela noite. Ela não era do tipo de pessoa que temia qualquer um dos dois, só estava realmente sem sono e não conseguia parar de pensar em Lucho. Não era justo com Valentina isso e nem com ela mesma, e por essa razão tentava pensar em outra coisa. Qualquer coisa, desde que essa coisa fizesse esquecer de Lucho, afinal, já levava um mês casada.

Sentiu o braço esquerdo de Valentina ser jogado por cima dela e por um instante congelou no lugar. Pensava em se levantar e fechar as grandes cortinas, quem sabe assim os clarões dos raios não parassem de lhe tirar o sono? Mas, após o movimento de Valentina, não teria como sair dali. Pensou duas vezes em acordar sua esposa, afinal ela parecia cansada, mas optou por acordar ela mesmo assim.

- Valentina? - Disse suavemente, cutucando-lhe o braço. - Valentina? - Insistiu ao ver que Valentina não havia acordado.

- Hmm... - Respondeu ainda meio imersa no sono.

- Não consigo dormir. - Confessou temerosa de que Valentina lhe xingaria por lhe acordar apenas por isso, porque... oras, o que Valentina poderia fazer para ajudar em sua insônia? Mas, ao contrário do que pensava, os olhos azuis se abriram vagarosamente e seu braço, o qual estava por cima de Juliana, puxou Juliana contra seu peito. A menor prendeu a respiração pelo repentino gesto, mas tratou de relaxar ao sentir Valentina acariciando seu couro cabeludo.

O cheiro natural da pele de sua esposa era suave e bom e estar nos braços de Valentina fazia Juliana se sentir segura e protegida, como se nenhum pensamento que não envolvesse Valentina pudesse invadir a barreira que seu cérebro criara por estar ali.

Seus olhos começaram a fechar e percebeu que o sono finalmente estava chegando. O carinho de Valentina alternava entre seu couro cabeludo e suas costas, até a altura de sua escápula. Sentia um leve arrepio cada vez que a mão de Valentina acariciava suas costas e subia para sua cabeça, relando propositalmente sua nuca. Sentiu vontade de aplicar um beijo na região do pescoço de sua esposa, que cheirava tão bem e onde a pele era tão macia, mas se conteve e deixou apenas sua cabeça enfiada entre o vão do pescoço dela. Afinal, o que ela estava pensando? Beijar o pescoço de Valentina soaria como uma provocação e Juliana não via Valentina com esses olhos. Nem de garotas ela sabia se gostava. Queria apenas inalar mais de perto e sentir o sabor da pele de Valentina em seus lábios, mas não de uma maneira provocativa, senão curiosa. Tudo o que queria era...

Balançou a cabeça para espantar tais pensamentos. Pensar nisso só estava piorando as coisas, aumentando sua vontade e confundindo mais a garota.

- Obrigada. - Sussurrou. Pensou que Valentina já tivesse dormido de novo por não obter nenhuma resposta imediata, mas devido ao carinho que ainda recebia constatou que não. Para se ajustar melhor na posição das duas, colocou sua perna direita entre o meio das pernas de Valentina, não fazendo a mesma tocar a intimidade da outra menina, tratou de manter tal distância.

- De nada. - A voz rouca saiu baixa e meio falhada e Juliana esperou Valentina reclamar do que havia feito, mas parece que a posição havia deixado à ambas mais confortáveis, já que Valentina não reclamou. Suspirou aliviada e alguns minutos depois caiu no sono, não havia resistido ao carinho de Valentina.

Por outro lado, fora Valentina quem perdera o sono. Sorria feito idiota e deu graças a Deus de estarem no escuro, assim não corria risco de Juliana ver o quanto um simples abraço podia significar para ela. Ela tratava Juliana com respeito, mas isso não significava que conseguia mandar no próprio coração.

E, bem, seu coração havia escolhido Juliana antes mesmo de saber que se casariam, seu coração havia a escolhido meses atrás. Só esperava que aquele mesmo brilho nos olhos que sua esposa costumava ter antes voltasse, porque certamente Juliana feliz era a melhor versão de Juliana.

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uma maratona básica pra essa sexta-feira. hahaha

Over The Rainbow (Juliantina)Onde histórias criam vida. Descubra agora