Capítulo 28

770 50 60
                                    

- Então se eu te beijasse agora... - Começou, com a respiração pesada. - você não ficaria chateada? - Perguntou mordendo seu lábio inferior, ainda com a voz quase nula, apenas para confirmar se havia entendido certo. Sentiu suas mãos suarem e tremerem, por isso apertou os punhos.
 
- Não. - Valentina respondeu em um fio de voz e Juliana assentiu, voltando a encarar seus olhos, respirando fundo antes de se inclinar mais, hesitantemente e temeu estar cometendo o maior dos erros. Não deveria estar fazendo isso, não deveria mesmo! 
 
Até que seus lábios finalmente se encontraram com o doce toque dos lábios de Valentina, fazendo ela mudar de ideia instantaneamente. Deveria sim estar fazendo! Já deveria ter feito isso muito tempo atrás.
 
Juliana sentiu explodir dentro de si um pânico diferente, sentiu seu estômago revolver como costumava cada vez que tocava seus lábios nos de Valentina, mas foi quando sentiu Valentina adentrar a língua em sua boca, aprofundando o beijo, que sentiu como se tivesse sido abduzida. Uma fome que ela nem sequer sabia existir dentro de si se apossou de seu corpo, fazendo ela levar sua mão até a nuca de Valentina, com intuito de aproximar mais seus corpos. 
 
Tratou de beijar Valentina com toda a suavidade do mundo, não queria que sua voracidade e impaciência machucassem Valentina, já que a mesma tinha um pequeno corte no lábio superior. 
 
Valentina, com seu braço direito, puxou Juliana para seu colo, fazendo a mesma soltar o tubo de pomada sobre a cama. Juliana se ajeitou com uma perna de cada lado do corpo de Valentina e passou seus dois braços pelo pescoço da mais velha, cuidadosamente para não atingir o local machucado. Juliana sentiu seu corpo se aquecer ao lembrar que, enquanto sentia a língua de Valentina deslizar pela sua, deliciosamente, ela estava no colo de Valentina e, bem, o que separava Valentina de estar nua era apenas uma minúscula calcinha.
 
Foi quando Juliana arrastou as unhas vagarosamente em sua nuca que Valentina apertou com vontade a cintura de Juliana, fazendo a mesma soltar um gemido involuntário na boca de sua esposa. Valentina se sentiu incendiar com tal harmonia para seus ouvidos e isso só aumentou quando Juliana mordeu seu lábio inferior de forma sensual.
 
Sentiu o beijo se tornar mais desesperado, mas ao sentir o braço de Juliana esbarrar seu ombro não conteve em soltar um resmungo baixinho.
 
- Oh meu Deus, desculpe. - Juliana pediu. Valentina riu negando com a cabeça. - Sou um desastre, você deveria saber disso. - Sussurrou sorrindo, selando os lábios de sua esposa sem pressa. - E por isso deveríamos focar no mais importante aqui: A pomada.
 
- Certo. - Valentina disse rindo, vendo Juliana se retirar de seu colo e de repente se sentiu envergonhada por estar nua da cintura para cima. Se deitou na cama e logo Juliana, com mais dificuldade do que nunca, pois havia conhecido o sabor daqueles lábios, aplicou a o conteúdo do tubo nos hematomas de Valentina.
 
Conversaram coisas triviais após o episódio do beijo e, assim que terminou de passar a pomada, Valentina preferiu vestir uma camisa branca e fina de botões. Juliana agradeceu mentalmente por isso e se inclinou, apagando a luz do abajur.
 
- Boa noite, Vale. - Sussurrou.
 
- Boa noite, Juls. - Respondeu. Queria dar um beijo de boa noite em sua esposa, mas honrava o que havia prometido à Juliana quando lhe propôs casamento: Nada seria forçado ali, respeitaria cada vontade e decisão de Juliana.
 
Sentiu os braços de Juliana lhe abraçarem minutos mais tarde, se aconchegando nas curvas de seu corpo e sorriu para si. Logo caiu no sono.
 
[...]
 
Juliana abriu os olhos piscando várias vezes, só para constatar que não estava sonhando. Valentina a encarava sem dizer nada.
 
- Bom dia! - Valentina disse. Seus hematomas estavam levemente menos roxos e seus cabelos desgrenhados.
 
- Bom... - Bocejou, esticando os braços no topo da cabeça, se espreguiçando. - Dia. - Completou com um sorriso.
 
- Angelique disse que está nos esperando lá em baixo.
 
- Ela esteve aqui? - Perguntou.
 
- Não. Desci para pedir para ela preparar waffles com calda de doce de leite e banana. - Os olhos da mais nova brilharam ao ouvir isso, até cair em percepção de algo e franzir a testa.
 
- Foi assim? - Perguntou se referindo ao robe azul bebê que usava na noite anterior.
 
- Sim. - Falou como se fosse óbvio.
 
- Valentina!
 
- O quê?
 
- Nayeli não pode te ver assim. - Falou levemente vermelha. Valentina sorriu discretamente.

Over The Rainbow (Juliantina)Onde histórias criam vida. Descubra agora