- Como assim casar? Você não disse que não iria se casar com ela? - Eva questionou confusa. – E o pior, vai ter aquela bruxa como sogra.
- Depois eu te explico tudo, Eva. - Ela disse enquanto descia de seu cavalo, já em frente à casa dos Valdés novamente. Comprou o anel mais brilhante do lugar, porém não deixava de ser delicado. Ela tinha horror à essas pedras de duzentos quilos que as mulheres usavam por aí. Achava desconfortável e não prestaria Juliana a esse papel. Sua garota deveria se sentir o mais confortável possível.
Se sentia imensamente feliz e ao mesmo tempo triste. Sabia que não se casariam por mútuo interesse, mas ter Juliana ao seu lado seria bom, mesmo que a garota não lhe correspondesse. Além do mais a estaria livrando das garras de algum bêbado que não conseguia manter as bolas dentro das próprias calças.
Caminhou até a entrada da casa e bateu na porta, que foi aberta segundos depois.
- Pensei que não voltaria. - Lupita disse aliviada.
- Juliana está? - A mulher assentiu e a guiou até onde sua filha se encontrava.
- Não posso lhes deixar a sós antes de nos fazer o pedido, Carvajal. O que diriam de minha filha? - Valentina olhou para Juliana e para Chino, quem entrava no cômodo naquele momento.
- Bem, senhor e senhora Valdés, eu gostaria de fazer algo menos simples devido ao fato de que é sobre Juliana que estamos falando. Ela merece nada menos que o melhor, porém as circunstâncias... - Disse olhando para Lupita. - Me impedem. Então bem, eu gostaria de pedir a mão da filha de vocês em casamento. Prometo cuidá-la, honrá-la e fazer até o impossível para vê-la feliz.
- Permitimos. Já comprou o anel? Posso ver? - Lupita perguntou, não escondendo tamanho interesse. Juliana negou, completamente envergonhada dos atos de sua mãe.
- Se não for faltar-lhes ao respeito, eu prefiro mostrar à Juliana primeiro. - Disse e ambos assentiram, saindo da sala.
- Ainda não entendi como elas vão se casar. - Chino sussurrou. - Valentina me disse que não se casariam.
- Elas já se conheciam e se gostam, por isso, ao ver Juliana, Valentina mudou de ideia. - Mentiu.
- Era com ela que Juliana saía escondida? - O homem perguntou furioso.
- Sim, mas não se preocupe, elas vão se casar e Valentina não passou da parte de mãos dadas. Não avançaram o sinal. - Chino suspirou aliviado, achando que sua filha se casaria por amor e não por qualquer outro motivo, enquanto Lupita sorriu satisfeita. As coisas não poderiam estar se saindo melhores.
- Hey... - Valentina disse assim que ambos saíram do lugar, as deixando a sós.
- Oi. - Juliana disse tímida.
- Eu, hm, eu queria fazer isso com calma, mas sua mãe meio que me apressou. - Disse coçando a nuca.
- Entendo perfeitamente, acredite. - Disse. Valentina retirou a caixinha de veludo de seu bolso e se ajoelhou na frente de Juliana, segurando sua mão e a olhando fixamente nos olhos.
- Eu realmente queria que isso fosse em outras circunstâncias; queria que você fosse feliz com isso; que ao ouvir meu nome seu coração disparasse, mas sei que não são assim as coisas. - Disse, suas mãos tremiam levemente e Juliana não pôde deixar de reparar. - Mesmo assim eu prometo, Juliana, que enquanto estiver ao meu lado eu darei a vida se for preciso para te fazer bem, prometo não ser desrespeitosa e muito menos abusiva, prometo cuidar de você mesmo quando minhas feridas estiverem abertas. - Juliana não a amava, mas sentiu verdade em tudo o que ouvia. - Então aceite este anel, em sinal de meu compromisso para com você. Case-se comigo, Juliana. - Juliana nada disse, apenas continuava lhe olhando. - Eu realmente não vou colocá-lo em seu dedo até ouvir seu sim, porque como disse, nada aqui será contra suas escolhas. - Juliana suspirou e assentiu.
- Sim, Valentina. Eu me caso com você. - Falou, tentando passar certeza em sua frase. Valentina assentiu ainda sem acreditar que se casaria e colocou o pequeno anel no dedo da garota. Assim que o fez se levantou. Juliana encarou o anel, não conseguiu evitar as lembranças de quantas vezes havia sonhado com Lucho a pedindo em casamento, com ele preenchendo a lacuna de uma aliança em seu dedo. - É lindo. - Ela disse encarando a delicada joia.
- E mesmo assim sua beleza ofusca o brilho dele. - Juliana a encarou envergonhada e Valentina suspirou. - Desculpe.
- Pelo quê?
- Não é como se você me amasse ou estivesse acostumada a receber elogios de uma... mulher. - Disse chateada.
- Não se preocupe. - Valentina assentiu e tentou segurar as mãos de Juliana, mas a mesma recuou por instinto.
- Eu realmente quero te conhecer. Não precisa ter medo de mim. - Informou. - Não vou sair te desrespeitando ou te beijando sem sua autorização. Quero que nos conheçamos, que se sinta segura ao meu lado.
Em toda sua vida Valentina jamais havia se envolvido com uma mulher, não além do beijo, não precisava para saber que era lésbica. O fato de jamais se sentir atraída por homens era suficiente para ela ter tal certeza. Apesar disso, acreditava que qualquer mulher merecia extremo cuidado e atenção. Eram jóias preciosas.
Estava disposta a se casar com Juliana mesmo que a moça não lhe amasse, não é como se fosse conseguir arrumar outra esposa mesmo e ainda que conseguisse, não queria outra. Dedicaria todo seu tempo para tentar fazer a mulher diante de si feliz. Jamais se perdoaria caso negasse o casamento e Juliana fosse jogada nos braços de algum ser sem escrúpulos e violento.
- Desculpe, apenas ainda não aprendi a lidar com essa situação. Não sei como devo me comportar com uma mulher. - Confessou tímida e Valentina riu, negando com a cabeça.
- Me trate como se sinta confortável, tudo bem? - Juliana assentiu e Valentina se inclinou. - Posso? - Juliana engoliu em seco e assentiu tristemente. Valentina se inclinou mais e deixou um casto beijo em sua testa. - Tenha um bom dia, senhorita Valdés.
Juliana a olhou surpresa, estava aliviada por Valentina não ter Ihe beijado na boca, mas sabia que, mais dia, menos dia, isso aconteceria. Agradeceu mentalmente por Valentina aparentar ser melhor que os idiotas que se tornavam noivos das garotas e já a tratavam como posse.
Noiva. Sentiu o peso da palavra lhe atingir em cheio. Ela estava noiva e não era de Lucho.
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Over The Rainbow (Juliantina)
Hayran KurguOver the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Juliana, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Lucho Sánchez, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Lupita, deseja que a filha c...