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Madu

Sabe a história de buscar minhas coisa na casa do outro lá no dia seguinte ? mentira, estou a uma semana sem sair de casa, não estava comendo direito, só fico chorando, tomo banho e choro de novo, dormindo só com remédios, a uma semana Kauan tá ficando aqui em casa, Amanda viajou, me liga todos os dias, tentando me tirar pelo menos do quarto.

Hoje depois da minha conversa online com minha psicóloga, eu estou fazendo exatamente o que ela me aconselhou. Levantei, tomei banho e lavei o cabelo, vesti um short com minha camisa do Bahia, havaiana branca da bandeirinha nos pés, passei uma maquiagem com a pele leve só pra esconder a cara horrível que eu tô, rímel e brilho labial, cabelo solto, e muito perfume.

Sofrer por homem jamais, sou linda demais pra isso!

Botei dinheiro na capinha do celular, peguei a chave de casa e pedi um Uber, a senhora que trabalha lá disse que só tinha ela em casa, pego minhas coisas rápido e venho embora.

Assim que cheguei lá toquei o interfone e dona Lena abriu a porta sorridente como sempre.

– Bom dia minha menina, entra, fica a vontade.

— Bom dia dona Lena, tudo bem com a senhora ?

– Tudo bem sim, e você ? está melhor ? eu dei uma bela bronca naquele moleque, e dois tapão na orelha, eu posso dizer que criei ele e não ensinei esse tipo de coisa, sempre ensinei a ser um homem descente.

— Eu tô bem sim dona Lena, não precisava agressão assim, porém se eu tivesse oportunidade eu faria o mesmo.

Ela deu risada e foi me arrastando até a cozinha.

– Olha dudinha, eu fiz bolo pra você, comprei sorvete de chocolate, e tem suco de laranja.

— Ô dona Lena, não precisa, eu só vim buscar minhas coisa aqui, e voltar, acabei de comer antes de vim pra cá.

– Nem um copinho de suco com bolo ?

Não tem como resistir a carinha fofa que ela faz, que Deus ajude que o embuste não chegue.

— Tem risco do Bruno vim pra casa ?

– Ele só tá chegando tarde e bêbado, acorda atrasado pro trabalho, não come, só álcool e maconha.

Engoli em seco com aquilo, mais seca ainda a vontade de chorar.

— Vou aceitar então.

– Vou cortar o bolo e pegar o suco.

— Eu pego, não precisa se preocupar, senta aí e me conta como tá  a vida.

– A minha filha, na mesma, sabe o senhor do mercado, o seu Etelvino ?

— Sei sim.

Sentei com as coisas na mesa, e comecei comer, prestando atenção no que ela dizia.

– Acredita que ele pediu meu número, me chamou pra jantar no fim de semana, ele é um homem tão bom sabe minha menina ? ele é legal, e tem um beijo bom.

—  Que isso em dona Lena, queria que o amor existisse assim pra mim.

Ela deu risada e eu acompanhei.

– Sabe menina, eu pensava assim como você na sua idade, que o amor não existe, só existe pra pessoas com sorte, pessoas procuram a perfeição umas nas outras pra tentar esconder seus defeitos através dela, por isso o tal amor é mentiroso como hoje em dia, as pessoas deixaram de se importar no que vem de dentro, rostinho bonito vários tem, mas por dentro são feios e podres. Não tô defendendo o Bruno pela merda que aquele idiota fez, mas ele me jurou que não fez nada de errado que foi um mal entendido, você deveria conversar com ele, ele te fazia muito feliz não é ?

Era pra ser um contrato... Onde histórias criam vida. Descubra agora