Era pra ser um contrato...

07

Madu

Eu estou na estrada com o Bruno a trinta minutos, não suporto mais o silêncio, ele tava putinho ainda, e eu não quero ser a primeira a falar.

Eu tenho 391,4 km com ele ainda, de Juazeiro a Feira de Santana, ou seja, seis horas e um tempo ai nesse carro, aja cu pra isso.

Sabe a parte de não ser a primeira a falar ? poisé descarta, peguei meu orgulho e enfiei no cu, pra ver ele saindo na boca.

-Vai ficar mais de seis horas sem falar comigo mesmo ? - encarei o mesmo concentrado no caminho.

- Oxe, tu disse que não ia com minha cara agora a pouco, agora ta afim de papo ? - me olhou de canto e voltou a olhar a estrada

- Bruno, o lance de não ir com tua cara, releva, eu só queria te irritar, pra mim tu nem fede nem cheira é neutro sabe ? - ele assentiu - E se eu entrei nisso por vontade própria, vou ter que aprender a gostar de tu, querendo ou não, vou ter que pagar de casal contigo pra cidade inteira né véi, eu tenho que me esforçar e você também!

Ele riu.

- Eu tenho que aprender ? não sou eu que te trato mal Eduarda, não sou eu que te respondo, te trato com irônia e ignorância, que dia eu te tratei mal ?

- Dia nenhum. -disse de cabeça baixa.

- Então, já quis ser teu amigo a um tempo atrás ai em um regue que teve, tu nem me deu moral, me chamou de pratinho de microondas - riu abafado - Eu perdi a virgindade com 16 anos, tu ta achando que eu pego toda mina pela frente como dizem ai, tu nunca trocou uma idéia comigo pra saber quem sou eu de verdade, tu só sabe de mim o que ouviu pela boca do povo, e eu só sei de tu o que Amanda me contou e o que eu ouvi na rua, tu acha que esse povo não sabe da tua existência ? tu é famosinha na boca deles, esse é povo é cão Duds, quando sabem de algo conta aumentando, quando não sabem, inventam.

- Me desculpa real, prometo tentar te tratar o melhor impossível.

- Beleza então, chata.

- Iii ala, se manca mermão.

- Tô em uma fome da porra

Eu tava literalmente sem palavras, preciso baixar a guarda com Bruno, ele não é quem eu ouvi dizer, fiquei chocada que ele perdeu a virgindade com 16, foi até tarde pra a imagem que eu tinha dele na cabeça, agora eu estou disposta a conhecer esse Bruno, o verdadeiro Bruno Rios.

-Eu comprei salgadinho, e um brigadeiro daqueles da leite moça sabe ?

- Que interessante Duds, vamo dividir com seu namorado aqui ?

Olhei de deboche pra ele, namorado ó gente eu vou é rir.

- Namorado nada, colega/ amigo.

- Vai dividir ou não boneca ? - me olhou sorrindo e logo voltou a olhar a estrada -

- Vou né, sou bruta as vezes mas tenho uma alma boa.

- Chique.

- Vou até te deixar escolher, Fandangos de presunto ou Cheetos de requeijão ?

- Cheetos de requeijão sem duvida, meu favorito véi.

- O meu também meu deus, esse salgadinho é tudo.

Abri e fui comendo com ele, botando vários papo em dia.

- Tu já assistiu lúcifer ? dependendo da sua resposta eu te jogo pela janela e roubo seu carro.

- Que isso garota - riu - Já sim a cena de lúcifer voltando pro inferno, nossa senhora, partiu meu baby coração.

Dei risada, meio impossível não rir com ele assim.

- Eu chorei nessa parte igual uma condenada, mas olha, ansiosa pra liberarem a parte B da quinta temporada, o deboche de Deus aparecendo no meio da briga é tudo, fiquei inconformada em ter acabado ali.

Peguei a lata com o brigadeiro e tentei abrir, falhei miserável na missão.

- Não consigo abrir nosso doce, eu estou em depression. - fingi morte com a mão na testa

Ele gargalhou alto da minha cena, sou boa atriz mermão.

- Me dá, controla o volante pra não sair da estrada.

- Toma.

Segurei o volante enquanto ele abria o doce, já tem uma hora e meia de estrada, dirigir é cansativo, ele terminou de abrir e me entregou.

- Soninho né ? era pra mim ter tomado arrebite ou comprado energético.

- Eu estava pensando exatamente nisso, quer que eu dirija um pouco pra você descansar ?

- E tu sabe dirigir ? - me olhou abrindo a boca, enfiei a colher cheia de chocolate -

- Sei ué, qual foi a mãe é burra mas é inteligente.

- Vou te dar esse privilégio de dirigir meu carro.

- Gosta do perigo Bruno?

- Me amarro na adrenalina, adoro o perigo.

Sorri de canto, a gente tem mais em comum do que contra, ele parou no acostamento em um trecho, sem muito movimento e trocamos de lugar, hora de botar o que papai ensinou em prática na estrada.

Dei partida e já estavamos na estrada de novo, amei o carro do bruno, maravilhoso pra dirigir.

- Vou postar uma foto contigo, dá a mão.

- Pra que ?

- A gente tem que parecer ficante, não podemos aparacer namorando do nada.

- Entendi.

Ele entrelaçou nossas mãos no apoio de braço do motorista e tirou a foto pegando a estrada.

- Postei no story do insta, reposta depois.

- Pega meu celular ai, bota minha digital aqui.

Desbloqueei e pedi pra ele re-postar.

- Caralho, doze mensagens no direct não respondidas madu famosinha - deu risada -

- Eu te dei pra tu re-postar o story, não pra curiar, se fecha moleque.

- Nossa, agressiva.

Dei risada, o Bruno ligou o som do carro bem baixinho, tocando uns pagode de você sofrer sem ter alguém pra sofrer.

Meu cu chega dói com essas músicas.

Logo a mão do Bruno, soltou a minhas aos poucos, ele tinha dormido, tão lindo meu Deus, nem parece que é absurdamente irritante quando quer, eu que lute.

Foquei na estrada, dei uma esquentada no pé pra andar mais rápido.

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Continua.

Espero que estejam gostando.

Bebam água e se alimentem.

Sai de casa não caralho.