Edgar
Nossos demônios atormentam nossa mente aonde quer que vamos, não adianta fugir de nada, porque eles sempre te acompanham aonde quer que vá, passam anos, mas a marca continua ali, pode até cicatrizar, mas sua alma nunca esquecerá. Foi pensando nisso que vi Manuela com dor nos olhos mostrando aos nossos pais o quanto toda essa história causou a ela, meu peito ficou cheiro de mágoa, e eu sentia a sua dor naquele momento, sempre vi aquelas marcas, mas nunca perguntei a ela do que se tratava, mas hoje, hoje ela foi capaz de dizer o que aquilo representava, era sua dor, seu acalento, mesmo sendo errado, pra ela naquele momento de angústia se mostrava certo.
- Manu irmã por que nunca me contou?
Assim me virei ao ouvir a voz de Cristopher, ele estava chegando junto a Analu, pela primeira vez na minha vida vi Analu chorando ao ver as cicatrizes da irmã mais nova, Manuela olhou para os irmãos e abraçou Cristopher, ele sempre foi sua base, eu admirava isso neles, a cumplicidade que ambos tinham, até mesmo Analu depois de tudo que fez demonstrava afeto com eles, enquanto meu irmão, meu próprio irmão nunca me respeitou, nunca entendi como Reinaldo e eu éramos muito diferentes, depois desses anos eu nem sinto ódio dele, sinto pena, ninguém nunca gostou dele, as vezes me perguntava se eu tinha culpa, de não dá a ele uma chance de verdade, mas depois me deparei que a pessoa precisa querer e Reinaldo nunca fez por onde.
- Vem irmãzinha, vamos respirar um pouco! - falou a destrambelhada da Analu, até ela merecia respeito, apesar de tudo ela ainda tinha um pingo de dignidade, já meu irmão sem comentários.
Cristopher saiu com Manuela e Analu, aquele acalento era a melhor coisa que minha doce Manuela receberia, meu ser todo queria está com ela, mas eu sabia que ela estaria segura, estaria recebendo todo amor que merecia. Continuei ali encarando nossos pais, tentando entender a barbaridade que ambos aceitaram, Sebastian estava arrasado depois da revelação de Manuela, Frank estava com os olhos marejados, meu pai cabisbaixo, acho que eu era o único irritado por tudo isso.
- Mais alguma coisa que ainda precisamos saber? - questionei.
- Acredito que não! - disse meu pai.
- Se for pra dizer que seja agora pai, depois eu não vou perdoar, chega de tantas mentiras! - afirmo.
Meu pai ficou por um segundo em silêncio parecia buscar as palavras certas, ou seja, ainda tinha mais alguma coisa que ele precisava falar, mas antes dele falar Sebastian interveio - Eu não tenho mais nada a dizer, tudo o que eu tinha escondido eu disse!
- Eu tenho. - falou meu pai.
- Quantas mentiras ainda tem escondida meu pai? - questionei decepcionado.
- Será que posso conversar com o meu filho em particular? - questionou.
- Sinto muito, mas devido aos acontecimentos isso é quase impossível! - disse Frank.
- Bom se for o que estou pensando meu amigo, diga de uma vez! - falou Sebastian.
- Edgar filho... - ele respirou, parecia calcular e medir cada palavra - Filho eu sinto muito, mas Betânia não é sua mãe! - terminou.
Um gelo subiu em minha espinha, uma dor surgiu em meu peito, Betânia sempre foi boa pra mim, sempre foi uma mãe maravilhosa, eu nunca imaginei isso, eu sabia que ela havia ficado com raiva por ter acontecido aquilo com Manuela e Reinaldo, mas ainda assim nunca pensei nisso, ela sempre foi uma ótima mãe, sempre me aconselhou, se preocupou, eu estava arrasado com isso.
- Diga alguma coisa Edgar! - ele diz.
- Quando pensou em me contar? Quando estivesse perto de morrer? - indaguei.
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Pedaço de Papel
RomanceManuela uma virgem sonhadora em encontrar um príncipe encantado, mas todo esse sonho é destruído quando seu pai a promete para Edgar um homem mulherengo que gosta de farriar e curtir. Ambos querem ser livres, mas por um contrato entre as famílias se...