Manuela
O quanto isso ia ser difícil, eu já podia imaginar, mas não sabia que isso ia impacta muito rápido os meus sentidos, era como se estivesse voltado a seis anos atrás, quando Edgar finalmente se aproximou de mim, quando senti seu cheiro, sua boca, ele pisava em ovos naquela época, e agora sinto o mesmo, ele mede cada palavra antes de dizer alguma coisa, eu tentei diversas vezes entender, até criei suposições, mas nada que vinha em minha mente seria suficiente para ele ter que me deixar, eu estava muito machucada com isso.
Ainda assim ter aquela presença de homem perto demais de mim era um descontrole, eu tentava me manter firme, mas cada olhada que Edgar dava sobre mim meu coração se aquecia, logo então acelerava errando cada batida. Coloquei minha mão sobre seu corpo e ali me perdi em pensamentos me lembrando de quando ele me tocava, minha calcinha já tinha ido pelos ares de tão encharcada que eu estava, ele foi o único homem ao qual eu sentia essas coisas, o único que aflorava em mim o meu lado mais pervertido, o lado ousado, o desejo inato que vivia escondido dentro de mim.
Foi nesse exato momento que percebi o quanto estava excitado, eu sabia que isso era normal com pacientes que tem essa fratura, esse tipo de trauma cervical, as vezes acontecem sem a pessoa querer, mas olhando o fogo que corria nos olhos de Edgar era quase impossível de eu acreditar que aquilo era pura coincidência, vi o quanto ele estava desconfortável, ainda conheço os sinais do seu corpo, o que me admira na verdade, me afastei para se recompor o que ajudou nós dois, porque eu também já estava cheia de tesão e ainda por cima nervosa por está me permitindo a sentir tudo isso novamente.
Quando retornamos com o exercício percebi que Edgar tinha mais do que força para dá bem mais do que dois passos, eu sentia a tensão dele, eu sabia que ele iria se recuperar logo, os sinais do seu corpo estava ali, apenas faltava ser estimulado de maneira correta. Ficar próxima demais dele era com certeza um erro, um pecado, no fundo eu sentia que ia acontecer o que eu mais temia, ter uma recaída, e como eu estava certa.
Os dias foram passando e Edgar se mantinha focado o que me deixou orgulhosa, eu li seu laudo, li o que os médicos e colegas fisioterapeutas colocaram, o corpo dele reagia muito bem, mas ele nunca se esforçou de verdade para executar a atividade, e eu estava feliz por ele querer agora, por ele está empenhado. Edgar sempre me convidava para almoçar na sua casa, com a sua companhia, mas eu recusava, não só por medo, mas porque ao meio dia eu tinha uma mocinha para buscar na escolinha, e quando eu ia me encontrar com ela meu coração se enchia de alegria, tudo de ruim se esvaia quando ela abria aquele lindo sorriso, um sorriso perfeito igual do pai.
Um dos dias percebi a inquietação de Edgar, fez até uma pergunta direta demais, também não mostrei gentileza, respondi a altura, mas no fundo eu sentia que ele estava preocupado com alguma coisa, podia até jurar que ele estava com ciúmes de mim o que pra mim é um erro, afinal ele é casado com a minha irmã, ele a escolheu, o que me deixa angustiada com isso, mas eu preciso superar isso, cada um escolhe o caminho que devemos seguir, no processo vamos apenas recolhendo as consequências de nossas escolhas, as vezes boas e outras vezes nem tão assim, mas faz parte da vida.
Os exercícios estavam realmente ajudando Edgar, ele parecia mais forte, seus músculos já tinham uma certa resistência, mas sua respiração estava o prejudicando, o que eu terei que dá um jeito nisso, pensei em usar mais pra frente a piscina, trabalhar essa parte da respiração, porém, primeiro eu preciso que ele crie mais força, ainda não sei nadar, ainda tenho medo de me afogar e o tamanho de Edgar eu ainda tenho receio, não posso me arriscar, arriscar nós dois.
Todas as vezes que Edgar vinha com perguntas pessoais eu o evitava, pra falar a verdade eu só falava o básico, apenas assuntos voltados para sua recuperação, eu tentava o mínimo possível, tinha medo dele descobrir sobre Duda e tudo ir pro ralo, principalmente sua recuperação que pra mim era uma vitória, confesso que estava com orgulho não só por ele conseguir, mas por eu também, nunca em toda minha vida cuidei de um paciente adulto do sexo masculino, apenas crianças e mulheres, fora isso, Edgar estava sendo o meu limite literalmente.
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Pedaço de Papel
RomanceManuela uma virgem sonhadora em encontrar um príncipe encantado, mas todo esse sonho é destruído quando seu pai a promete para Edgar um homem mulherengo que gosta de farriar e curtir. Ambos querem ser livres, mas por um contrato entre as famílias se...