Capítulo 50

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Manuela

A pessoa com transtornos psicológicos que não percebem que possuí algum tipo de alteração traça um caminho sem volta, foi assim que pensei quando vi Henrique no chão completamente sem vida. Nunca percebi que ele estava doente, nenhum sinal, nada de indiferente ele demonstrou para que eu pudesse saber de suas intenções, como dizia Frank nas inúmeras vezes que nos encontrávamos na biblioteca "a pessoa psicopata jamais deixará você saber sua verdadeira face", com toda certeza Henrique ou Beto, eu não sei, consigo identificar ele nessa frase, a pessoa mais inocente, que era um amigo pra mim se tornou um grande pesadelo durante anos, porém, ainda assim eu não desconfiava, se alguém chegasse até mim e dissesse que ele era o responsável eu o defenderia, até ficasse chateada por pensarem isso dele, porque nunca passou pela minha cabeça que ele era o maior culpado, o causador de tanto sofrimento.

No entanto ver seus olhos abertos sem demonstrar nenhuma reação, literalmente sem vida me doeu, porque ao contrario dele eu tinha sentimentos, ele era uma pessoa importante pra mim. Contudo ouvir de sua boca que ele passou muitos anos me vigiando, obcecado por mim, me assustou de uma forma, principalmente por ter colocado a vida de Duda em perigoso, a partir daquele momento tudo de bom que ele me fez sentir, acabou no instante que ele ameaçou a minha filha, um alívio enorme surgiu em meu peito por saber que isso finalmente chegou no fim.

Os dias foram passando, Edgar, eu e Duda nos divertimos um pouco, na verdade merecíamos depois de tudo que havíamos passado, tivemos uma semana normal ao que tudo indicava, ele pediu esses dias de folga, o que achei estranho mesmo sabendo que a pessoa por trás das ameaças estava morta, porém, tinha dois filhos de Fragoso a solta por aí, sabendo que Henrique/Beto havia morrido meu medo era de haver vingança, principalmente vindo dessa família de loucos, com um pai de mente doentia, eu podia esperar qualquer coisa.

Edgar me fez ter um pouco de tranquilidade mesmo sabendo que não havia terminado, pelo menos eu sentia que não. Mesmo que tudo parecesse comum, pra me foi um pouco estranho sair de dentro de casa para se divertir, confesso que foi a primeira vez todo esse tempo que me divertir com a minha família.

 Mesmo que tudo parecesse comum, pra me foi um pouco estranho sair de dentro de casa para se divertir, confesso que foi a primeira vez todo esse tempo que me divertir com a minha família

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Paramos em um posto, Duda estava com fome, eu não sabia muito bem aonde iríamos, mas vindo do homem que eu amo saberia que iria adorar.

-Mamãe quero docinho!

- Filha o que falamos sobre isso? - digo.

- Que doce só depois da refeição! - disse ela chateada.

- Então aguarda um pouco, eu acredito que ainda não vai demorar! - disse para ela e depois me virei para Edgar - Não é meu amor? - questionei.

Já estávamos três horas na estrada, entreguei a Duda algumas frutas, mas até o meu estômago estava falando sozinho. Edgar sorriu sapeca me fazendo acreditar que ainda demoraria e talvez eu não conseguiria aguentar tanta fome assim.

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