Capítulo 56

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Manuela

Dois anos se passaram e eu estava vivendo uma vida literalmente feliz, tenho uma família maravilhosa, amigos, um amor que me consome, uma filha para amar sem medida, nesse tempo eu não tinha do que reclamar, porque minha vida está realmente completa. Algum tempo atrás o meu marido me fez a melhor surpresa que eu poderia ter na minha vida, ele me deu um centro de reabilitação com o meu nome, CENTRO DE REABILITAÇÃO MANUELA FERNANDES, sim, ele usou o meu nome de solteira para me mostrar que não importa o sobrenome, ele me ama como sou, imaginem como eu me senti recebendo essa declaração de amor? 

Foi uma das mais lindas que ele fez por mim, ele sempre faz de tudo na verdade e a cada dia ele ganha mais e mais meu coração. O único problema de tudo isso era o tempo, que passava correndo diante de nós, minha filha já estava uma mocinha, eu queria que o tempo andasse devagar com relação a isso, até pelo fato desse tempo todo não conseguir engravidar novamente.

Eu estou tentando engravidar desde quando voltei com Edgar, na verdade era de se esperar nós nunca se protegemos, então estava bem óbvio que quero ter outros filhos, e principalmente dá a ele outra oportunidade de ser pai, eu queria saber como seria nossa relação, como ele reagiria vendo o desenvolvimento do bebê, só de imaginar já me emociono, porque sei que ele é o companheiro perfeito. No entanto passei esse tempo todo sem engravidar, minha menstruação desregulou total, ela não tem data específica, no início eu pensava que estava grávida, mas quando fazia o teste sempre dava negativo, confesso que a frustração vinha com um peso enorme, principalmente quando eu via a cara de decepção do Edgar ao saber que não seria pai novamente.

Tive acompanhamento ginecológico, minha médica me informou que a ansiedade atrapalha na ovulação, por esse motivo talvez eu não estava conseguindo engravidar, o que torna um pouco de razão, afinal meus exames estavam todos corretos, inclusive os que Edgar fez questão de fazer, então só restava a ansiedade dentro de nós atrapalhando cada vez mais de gerar um bebê, porque todos os meses eu esperava que ficasse grávida, porém, nunca acontecia, por esse motivo parei de me importar.

As vezes pensamos que tudo é bonito, que tudo vai acontecer da forma que queremos, engano nosso, tudo acontece com o direcionamento de um ser divino que sabe de todas as coisas, demorei a entender isso, por isso parei de me preocupar, eu tenho certeza que no momento as coisas vão começar a acontecer.

Acordo mais uma vez na madrugada, eu nunca deixei esse hábito, vejo Edgar dormindo profundamente, me levanto devagar para não acordá-lo seguindo para a cozinha. Joana sempre deixa qualquer tipo de doce na geladeira para eu comer, acho que todos já sabiam desse mau costume meu, por isso abri a geladeira e para o meu azar não havia nenhum brigadeiro para que eu comece.

- Não acredito! - digo para me mesma frustrada.

Fechei a geladeira e fui vasculhar os armários, afinal teria que ter alguma coisa doce que possa matar essa vontade da lombriga que me acompanha desde criança, verifico que não tem nenhuma bolacha recheada, nem biscoito doce, eu não estava com sorte naquela madrugada. É nesse momento que vejo uma lata de achocolatado, e logo minha boca começou a salivar assim que minha mente imaginou comer uma mistura que sempre fazia quando era menina.

Pego o achocolatado, o açúcar e o leite em pó, coloco um pouco de cada e misturo dentro de uma xícara, minha boca ainda salivava com água na boca vendo aquela mistura, então coloquei na boca me fazendo recordar dos tempos de criança, acreditem isso é muito gostoso, eu tenho certeza que vocês já fizeram isso alguma vez na vida. Eu estava comendo tranquilamente quando vejo Joana entrando na cozinha, hoje pelo visto ela chegou atrasada.

- Já está aqui querida? - questionou.

- Sim, você não deixou nenhum doce hoje pra mim! - falei.

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