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Kate
Não sei se dormi ou desmaiei de frio, e sei menos ainda como Hero me encontrou. Não sinto meus pés e nem a dor na minha mão, provavelmente estava quase congelando. Tem um cheiro muito bom me envolvendo, um cheiro que se tornou extremamente reconhecido nós últimos meses, Hero, Hero e mais Hero. Abro os olhos e reconheço o carro, nas estou no banco de trás, enrolada em seu casaco, mesmo que o aquecimento do carro esteja ligado meus dentes ainda batem sem parar. Me sento e volto a sentir gosto de sangue, minhas bochechas estão bem machucadas por dentro, minhas botas estão no chão, e meias gigantes esquentam meus pés.
- Como você me achou? - Mal reconheço minha voz quando ela ecoa no carro.
- Passei as últimas duas horas rodando todas as ruas do bairro. - Hero sorri pelo retrovisor. - Você quase morreu, começou a nevar.
- Não quero ir para casa. - Aperto seu casaco contra meu corpo. - Por favor.
- Depois você precisa me explicar porque sua mão está quebrada e sua boca toda suja de sangue. - Hero acelera um pouco mais. - Vou te levar para o hospital.
- Não! - Seguro seu braço. - Não sem hospital. Não tenho dinheiro.
- Você precisa ver essa mão quebrada. Foda-se o dinheiro. - Sua voz diz que não vai ser fácil convence-lo.
- Não quero que você pague. - Cruzo as pernas para esconde-las do frio
- Não tem o que discutir aqui Kate. Sua mão está quebrada e provavelmente você está sofrendo com hipotermia. - Hero faz uma curva cantando pneu e estaciona.
- Eu não vou deixar você pagar. - Estico a mão. - Viu, não quebrou.
- A mão pode não estar quebrada inteira, mas com certeza tem alguma coisa quebrada aí. - Seus dedos tocam minha mão. - Por favor Kate.
- Não. - Puxo o braço de volta e escondo a mão dolorida dentro do casaco. - Não tenho dinheiro, já falei.
- Eu te empresto pode ser?
- Não.
- Kate caralho.
- Não preciso do seu dinheiro Hero. - Abro minha bolsa para procurar o dinheiro que me sobrou. - Vou te pagar pela carona.
- Se você me entregar um centavo por ajudar uma amiga, eu juro que você nunca mais vai me ver. - Ele liga o carro. - Eu sei onde te levar, mas não vou poder ficar o tempo todo lá.
- Não posso pagar..
- Não vai ter que pagar nada. É a casa de uns amigos. - Hero sorri e sai cantando pneu outra vez.
- Não vou ficar em uma casa cheia de estranhos Hero. - Apoio a cabeça nas mãos. - Pode me levar para casa, só preciso de um banho e um gelo para a mão.
- Bom, você pode tomar um banho por lá e enquanto você coloca o gelo na mão nitidamente quebrada, vai me explicar o que aconteceu.
- Não aconteceu nada. - Mas ele não me responde.
Depois de quinze minutos Hero para o carro de novo, desce e cumprimenta dois caras que estão na frente da casa. Já está amanhecendo, então acho que reconheço eles daquele dia do bar. Os três estão só de camiseta nesse frio, um dos amigos de Hero está de bermuda. Hero fala alguma coisa e aponta para o carro, acho que deveria sair, mas não sei se quero ficar em um lugar onde só tem homens. Visto minha bota e o casaco que servia como coberta, mas não abro a porta do carro. Minha mão voltou a doer e não aguento mais o gosto de sangue.
Hero abre a porta e praticamente me arrasta para fora do carro, o vento frio me faz tremer ainda mais, não sei como estou andando. Mesmo com todo meu protesto, acabo entrando na casa e deixo ele me levar até um dos quartos. Se não fosse Hero me arrastando pelos corredores, acharia que a pessoa não tinha boas intenções. Eu me sento na cama e cruzo os braços.
- Você precisa de um banho quente. - Hero vira a chave da porta do quarto. - Só vou embora quando tiver certeza de você está bem.
- Não vou ficar na casa com noventa e novo por cento de homens. Você sabe porque.
- São todos meus amigos linda, ninguém vai chegar perto de você se você não deixar. - Seus dedos tocam meu rosto. - Quando quiser ir pra casa me liga.
- Eu não vou ficar com um bando de homem, sozinha ainda. - Me levanto mas Hero me impede.
- Ei, ninguém vai te fazer mal aqui ok? Sempre que precisar de um lugar para ficar esses caras vão te receber de braços abertos. São como irmãos para mim. - Ele sorri. - Agora você vai tomar um banho quente enquanto eu pego alguma coisa pra você comer.
- Não quero tomar banho sozinha. - Chuto as botas para fora dos meus pés.
- Não posso ficar com você assim, não sei saber o que aconteceu. - Hero se agacha na minha frente. - Em quem você precisou bater?
- No traficante da minha mãe. - Faço um resumo do que aconteceu em casa. - Não pretendia encher seu saco aquela hora da noite.
- Puta merda Kate! Você socou a cara de um traficante? - Ele tenta limpar mais uma vez o sangue seco no meu rosto.
- Ele tocou em mim. Não suporto que toquem em mim daquele jeito, você sabe disso. - Limpo as lágrimas chatas que correm em meu rosto.
- Quando você for socar alguém, não mira no queixo, a probabilidade de você quebrar a mão é grande. - Encaro seu rosto e ele ri. - Mira no nariz, é mais fácil de machucar se você não tem força. E gira o corpo, o impulso ajuda.
- Obrigada pelo tutorial, mas não pretendo socar mais ninguém. - Balanço a mão inchada diante dele.
- Tem certeza que não quer ir em um hospital? - Hero beija meus dedos.
- Vou ficar bem. - Sorrio e beijo seus lábios. - Obrigada.
- Vai tomar um banho quente, você não para de tremer. - Ele se levanta. - Vou fazer alguma coisa pra você comer.

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora