45

47 2 15
                                    

Kate

- Você gosta do garoto. - Sua voz sai baixa.

- É claro que gosto dele! - Gritos andando de um lado para o outro.

- E o irmão? Já esqueceu?

- Não. Não. Você sabe que não! - Finco as unhas na palma da mão.

- Você está se metendo no ciclo de novo. - A voz da minha terapeuta ecoa mais uma vez.

- Não me diga! - Grito ainda mais alto.

- Quando você vai entender que precisa quebrar a droga do ciclo Morgan? - Odeio essa sua sinceridade. - A mesma história, se repetindo de novo.

- Se eu soubesse o que fazer a senhora não ganharia dinheiro. - Olho feio para seus olhos. - Acha que eu gosto de repetir essa merda? Eu fiz tudo certo, não me entreguei, não alimentei meu desejo.

- Sexo não é seu único problema. - Seus olhos se fixam nas minhas mãos. - Você precisa parar de se apaixonar por qualquer um que te dê atenção! Já conversamos sobre isso. Eles não são seu pai!

- Eu não... Eu.. - Desabo no sofá, desistindo de bater boca.

- Até quando isso vai ditar sua vida garota? - Ela ri. - Você é tão segura de si nas outras coisas, encara seus problemas de frente. Não desiste.

- Fácil falar. - Sorrio debochada, limpando as lágrimas do rosto.

- Enquanto você não aceitar o que aconteceu, você não vai se livrar disso. - Ela me estende um copo d'água. - É fácil entender como qualquer atenção que você recebe vira amor. Você nunca teve isso dentro de casa.

- Eu não...

- Morgan, quebre a droga do ciclo. - Seus olhos machucam quando confiam em mim. - Vai ser melhor pra todo mundo.

- Eu gosto dele... Não só por causa dos meus problemas. Já entendi que o que eu sentia pelo irmão não era amor. - Puxo os a raiz do cabelo. - Mas Nate.. é diferente.

- Você nunca vai saber se não se afastar. Se não dar um tempo. - Suas mãos seguram as minhas, soltando meu cabelo aos poucos. - Você é jovem, bonita. Viva sua vida.

- Então eu posso transar?

- Você acha que pode? Essa decisão é sua. Sempre foi. - Ela limpa o sangue na palma da minha mão. - Nunca te proibi, você sabia o que estava fazendo.

- Eu não consigo...

- Você chegou aqui a alguns meses, jurando que amava o irmão, que não conseguiria viver sem seu toque. Noventa porcento das suas consultas eram sobre ele. - Seu sorriso volta a aparecer. - E você mesma acabou de me dizer que não sente mais nada por ele.

- Eu não posso magoar Nate. - Deixo as lágrimas rolarem sem parar. - Eu não posso.

- Você sabe o que tem que fazer Morgan. - Ela respira fundo. - É o único jeito.

- O único jeito de não magoa-lo é magoando? Que irônico. - Começo a rir.

- Seja sincera. Ele merece saber tudo. Se ele te ama, como diz amar, vai entender. Você não pode se esconder pra sempre. - Suas mãos soltam as minhas. - Quebre essa casca, mostre a verdade Kate pra ele.

- E se ele me odiar?

- Bom, se ele te odiar, sabemos que é um traste. Não muito diferente do irmão. - Ela respira fundo. - Você sabe que é mais forte que essa história. Isso não te define. Isso não é você. Comece a escrever sua própria história.

- E seu eu não resistir? Se me entregar, e recomeçar o ciclo? - Não acho que tenha essa força.

- Você está morando com esse menino a quanto tempo? Em algum momento ele deixou você se entregar? - Odeio quando ela está certa. - Eu confio no que você me diz. Se você sente mais do que o ciclo, você não pode negar isso ao garoto. Ele te ama e está sofrendo com tudo isso.

- Péssima terapeuta você. - Sorrio.

- Nos vemos semana que vem. E nem pense em aparecer aqui sem ter tomado um decisão. - Ela se levanta. - Saia da minha sala antes que eu chame os seguranças.

- Eu te odeio. - Começo a rir.

- Eu sei.

O caminho até em casa é difícil. Não sei muito bem o que fazer. Toda essa confusão de Hero e Josephine terminando, voltando, não ajudou em nada. O casamento repentino e a gravidez escondida, tudo para melhorar minha vida. Não tive tempo de lidar com meus demônios, tentando cuidar dos outros. Minha vida nunca vai parar de repetir? Me sinto em um loop infinito de merda. Quando achei que teria tempo pra mim, Nate aparece confessando seu amor. Pouco tempo depois Josephine surta de teimosia e termina com Hero, me transformando na babá da relação. Aí os dois fogem pra Las Vegas, deixando uma Mercy recém desvirginada pra cuidar, e volta só um. E ainda me aparecem casados e grávidos, sob ameaça de morte. Foda-se Kate.

Meus poucos momentos de paz foram em terapia, se é que eu posso chamar isso de paz. Estaciono meu carro, ainda sem acreditar que consegui comprar um, e apoio a cabeça no volante. Fico um bom tempo apreciando o silêncio, a calma, adiando a decisão. Não quero mostrar um lado que pode tira-lo de mim. É irônico saber que o único jeito de ser feliz é abrindo a ferida que custei tanto para fechar. Não aguento mais adiar, preciso me colocar como prioridade pelo menos uma vez na droga da minha vida.

Subo as escadas tentando não fazer barulho com meus saltos. Mas assim que abro a porta, ele está me esperando. Ignoro seus braços abertos, e vou direto para o meu quarto, jogando minha bolsa no meio do caminho. Sei que está me seguindo, mas não me importo. Chuto os saltos, me livrando do suéter vermelho e começo a desabotoar a calça jeans.

- Kate.. - Sua voz sai baixa.

Evitei fazer esse tipo de coisa na sua frente, mas preciso de um banho. Meus olhos encontram os seus, desafiando-o. Solto o sutiã a caminho do banheiro, jogando em cima da cama. Seus olhos encontram os meus pelo espelho do banheiro. Abro o chuveiro e começo a amarrar o cabelo.

- Porque você está tirando a roupa?

- Vou tomar banho, não tá vendo? - Tiro a calcinha. - Você vem?

- Kate? - Nate percorre meu corpo com os olhos. - Porque você tá fazendo isso?

- Eu cansei de me esconder de você. - Deixo a água acertar meu rosto, ficando de costas. - Não vou mais fazer isso depois de hoje.

- O que aconteceu? - Sua voz ainda vem da porta do banheiro.

- Sua tortura acabou. - Solto o cabelo, deixando a água fazer sua parte ao gruda-lo na minha pele. - Não é com isso que estava contando esse tempo todo? O dia que poderia me ver?

- Kate..

- Não Nathaniel. Chega. - Me viro. - Olhe pra mim! - Seus olhos ainda estão no meu rosto. - Olhe pra droga do meu corpo! Me deseje, me toque, me beije.

- Eu não estou entendendo. Porque isso agora? - Ele da um passo, ainda receoso.

- Porque eu quero. - Sinto as lágrimas, mas não deixo que escapem.

- Eu não vou fazer isso. - Nate se aproxima um pouco mais. - Não sem entender o que aconteceu. - Agarro o tecido da sua camiseta, puxando seu corpo para a água.

- Eu vou arrumar outro lugar para ficar. - Puxo sua camiseta, jogando o tecido molhado no chão. - Precisamos ter uma conversa que estou adiando a meses. - Desabotoo sua calça, e ele deixa o tecido descer junto com a água.

- E vai descontar isso em sexo? Depois de tanto tempo? É assim que todo nosso esforço vai acabar? Em um acesso de raiva? - Suas mãos seguram meu rosto. - Eu não vou tocar em você até me dizer o que está adiando.

- Corre o risco de você não querer fazer isso depois.

- Impossível. - Nate me abraça, ignorando completamente nossa falta de roupa. - Agora se veste, vou te esperar na sala. Não me faça voltar aqui e fazer algo que vou me arrepender para o resto da minha vida. - Ele beija meu cabelo e sai do chuveiro. - Eu te amo, nada que me disser, ou fizer, vai mudar o que eu sinto por você.

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora