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Kate

Nate bate a porta do apartamento, me deixando plantada no meio da cozinha.

Eu vou me casar? Eu aceitei me casar? Tipo, de verdade?

Pego uma colher e provo o molho que ele estava fazendo, e acabo comendo um pouco, direto da panela. Pelo menos meu futuro marido cozinha bem. Ele gritaria comigo e provavelmente me tiraria da frente do fogão nos braços por estar comendo com a colher suja. Jogo a colher na pia e tomo mais um pouco de água.

Preciso me arrumar para assinar os papéis que tiram ele de mim. Jogo sua camiseta na cama, abrindo o guarda roupa para escolher alguma coisa. Alguns meses atrás eu não teria muito o que escolher, mas com a loja, meu guarda roupa é um catálogo de moda. Procuro entre os vestidos, algum que seja branco e que não acabe no final na minha bunda. Minha primeira opção é uma seda branca, justa e decotada, que para no meio das minhas coxas. Ou conjunto de blazer e calça, que eu costumo usar só com sutiã. Abro a gaveta de lingerie, pegando um conjunto branco que sempre uso com ele. Não tem nada de casamento nesse terninho, mas me parece apropriado o suficiente.

Na frente do espelho do banheiro penteio meu cabelo, tentando secar os fios o mais rápido que consigo. Nunca fui fã de maquiagem, então só tenho o mínimo em casa. E alguma coisa me diz que, rímel, delineador e batom vermelho não é maquiagem de noiva. É isso mesmo que eu faço. Volto para o quarto, me visto e calço um par de sandálias brancas que ganhei de Josephine, e achei que nunca ia usar. A mulher diante de mim é completamente nova, ser empresária está mexendo com meu estilo. Pego minha bolsa e saio de casa.

São dez e meia quando ele me manda uma mensagem, com o endereço do único cartório aberto a essa hora. Adoro serviços vinte e quatro horas. Estaciono meu carro na frente do seu, arrumando o amontado de renda que ele rasgou na caixinha que achei em casa. Infelizmente não vou ver sua cara ao abrir o presente de casamento, seja lá onde ele tenha escolhido morar. Desço do carro e Nate também.

- Você está.... Vestida. - Ele ri, beijando meu rosto. - Fiquei com medo de aparecer aqui só de lingerie e descalça.

- Sou uma mulher de negócios agora, não saio mais assim. Você perdeu essa fase. - Entrego a caixinha para ele. - Presente de casamento. Mas só pode abrir depois da noite de núpcias.

- O meu só pode abrir quando me esquecer. - Ele me entrega um envelope. - Quando quiser se divorciar, procure esse cara. Ele vai dar um jeito da papelada chegar em mim. - Ele pega o celular e tira o chip, jogando na calçada. - Vou comprar um novo no meu destino.

- Eu compro um novo amanhã. Preciso avisar todo mundo antes de trocar de número. - Sorrio.

- Posso me casar com você agora? - Nate estende o braço, e eu seguro.

- Comprou meu anel? - Caminhamos para dentro do lugar.

- Quero que use só na sua noite de núpcias. - Ele sussurra no meu ouvido. - Quando estiver sentando em outro.

- Vai enfiar o seu em alguém? - Sussurro de volta.

- Vou escolher uma aeromoça durante o vôo pela manhã. - Ele sorri, entregando outro envelope para a atendente. - O casamento precisa ser consumado.

- Senhor Nathaniel e senhorita Morgan? É isso? - A mulher sorri. - Apenas precisam assinar os papéis? São trezentos e quarenta.

- Débito. - Estendo o cartão antes de Nate.

- Tem certeza senhora? Seu noivo pode pagar por isso. - Os olhos daquela garota me julgando embrulham meu estômago. - Senhor?

- Minha noiva está pagando. - Nate sorri, abraçando minha cintura. Sua boca toca meu pescoço e preciso fingir que está tudo bem.

- Ok. - A garota cobra e me devolve o cartão. - O juiz está esperando vocês.

Sei que ele sorriu pra ela só pela vermelhidão que se forma em seu rosto. Provavelmente não vai precisar esperar uma aeromoça para sujar nossa aliança. Aproveito o momento para dar as costas e saio rebolando, eles que se comam. Alguns segundos depois a mão de Nate está nas minhas costas enquanto entramos numa salinha menor.

- Isso foi ciúmes? - Nate sussurra, mas ignoro. - Meu Deus Kate.

- Não. - Me afasto do seu toque, sorrindo para o homem de terno na sala. - Podemos começar?

- Claro. - O Juiz abre alguns papéis em cima da mesa. - Você trouxe um anel?

Nate tira uma caixinha do bolso, colocando em cima da mesa. Ele assina onde o juiz aponta e me entrega a caneta. Leio nossos nomes e me assusto, ele vai usar meu sobrenome também? Os dois ficam me encarando, como se eu fosse desistir. Assino e jogo a caneta no papel.

- A senhorita tem certeza que está fazendo isso porquê quer? - Provavelmente ele acha que estou sendo forçada a me casar, por causa da diferença de idade.

- Sim. - Sorrio para Nate. - Ele é o homem da minha vida.

Nathaniel engasga, surpreso com o que acabei de falar. Mas nunca senti ciúmes antes, nem do irmão dele, então tem alguma coisa diferente no que eu sinto. Aponto a caixinha na mesa e estendo a mão esquerda, esperando minha aliança deslizar pelo dedo. Eu estava esperando duas alianças douradas, mas quando a caixa é aberta, quase caio para trás.

- Rosa fica bem em você. - Nate tira um solitário de outro branco e pedra rosa. - Combina com a sua pele.

- Mas isso não é uma aliança de casamento. - Encaro o anel na minha mão.

- Se você aparecer usando um anel dourado todo mundo vai saber o que significa. - Ele beija minha mão e estende a caixinha pra mim. - Isso é mais discreto.

- E você pode usar uma dourada? - Coloco a aliança no seu dedo.

- Eu não vou conhecer ninguém lá mesmo. Que mal tem? - Seus olhos ficam levemente menos azuis. - Posso beijar minha esposa?

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora