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Kate

- Nathaniel. - Cruzo os braços, parando na sua frente. - Olhe pra mim. - Seus olhos encontram os meus, mas ele continua de cara fechada. - Você não é o guarda capaz de matar agora. Você não é o pai delas. Você é o tio indo visita-las.

- Se ele tocou nas meninas... - Nate puxa os cachos. - Eu não sei se consigo.

- Estamos acompanhados. - Sorrio para a assistente social parada a alguns metros. - Se comporte.

- Fique atrás de mim o tempo todo. - Ele me abraça, beijando meu cabelo. - Não quero ele olhando pra você desse jeito.

- Que jeito Nathaniel? - Encaro meus jeans e tênis.

- Linda. - Seus lábios tocam os meus por poucos segundos. - Você fica linda de qualquer jeito.

Entramos com o pedido de adoção duas semanas atrás, e recebemos a notícia que foi aceito pela justiça antes mesmo de Nate intervir. Estamos animados, mas a assistente social quer fazer uma aproximação lenta e menos dolorosa para as crianças. Chegar e simplesmente tira-las dos pais pode gerar um trauma maior, e nosso objetivo é melhorar a vida delas, e não o contrário. Nathaniel está uma pilha de nervos desde que recebemos a ligação para marcar essa visita, e não é só para causar uma boa impressão.

Paramos em frente a porta, atrás da assistente social. Não tem barulhos dentro da casa, as janelas continuam fechadas, como se morasse ninguém ali. Nate segura minha mão quando a campainha toca. Consigo escutar a fechadura destrancar antes da porta abrir e uma adolescente descalça nos atender.

Ela é linda, me lembra Josephine mais nova. Os cachos loiros denunciam que essa, provavelmente, é a irmã mais nova do meu marido. Os olhos azuis também. Seus olhos vão diretamente para mim, me olhando de cima a baixo, parando por um tempo nos meus tênis velhos.

- Olá. - A assistente social fala. - Sou Ana, vim acompanhar seu irmão e a esposa para visitar suas sobrinhas. Você é a Camila certo?

- Meu irmão disse que vocês podem levar as meninas. - Ela tosse.

- Como assim Camila? - A senhora pergunta, olhando através da garota. - Seu irmão está?

- Não. Trabalhando. - Ela olha para trás. - A mulher dele saiu também.

- Vocês estão acompanhadas de algum adulto?

- Não. - A garota abre a porta. - Eu cuido das meninas. Vai ser um alívio para ele se vocês quiserem mesmo.

- Quantos anos você tem? - Pergunto.

- Quinze e você?

- Vinte e dois. - Sorrio. - Podemos entrar Camila?

Escuto passinhos correndo, e do nada uma criança se enfia entre as pernas de Camila. Ela está abraçada em um ursinho levemente rasgado, e seu cabelo está um pouco bagunçado. É engraçado pensar que ela é sobrinha de Nate. Ela tem os cachos dele, mas seu cabelo é escuro como o meu, e as sardinhas acobreadas sobre o nariz são o charme.

- Eu falei pra vocês duas ficarem lá dentro. - Camila cruza os braços.

- Você é..o irmão do meu pai? - A menininha pergunta, balançando o ursinho pela orelha.

- Sou meu amor. - Nate se agacha. - E você é a?

- Anne. - Ela estende o urso. - Esse é o tico.

- Que lindo seu ursinho. - Meu marido sorri. - Onde está sua irmã?

- Escondida. Ela tem medo de adultos. - Anne olha pra mim. - Você é linda.

- Obrigada princesa. - Me ajoelho. - Você também.

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora