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Kate
Acordo com o barulho de alguma coisa caindo. A princípio acho que estou em casa, mas ao abrir os olhos reconheço o quarto de motel, provavelmente apaguei de novo. Estico o corpo, alongando os músculos cansados do dia, e principalmente do começo da noite. Estou toda dolorida e provavelmente inchada lá em baixo, Hero estava impossível hoje, gozei até apagar. A última coisa que me lembro é de como chegamos na cama, depois disso são só fleshes. Me levanto devagar, testando meu peso sobre as pernas bambas, consigo andar. Entro no banheiro e me assusto com minha aparência, meu rímel está todo borrado pelas lágrimas, meu cabelo parece uma palha e meus lábios estão em um vermelho vivo. Prefiro não conferir o resto do corpo, já sei que vou precisar usar moletom pelo restante da semana. Hero não está em lugar algum no andar de baixo, subo as escadas que levam a varanda no andar de cima.
A primeira vez que vi esse lugar fiquei impressionada, só pela vista sei que custa uma fortuna, mas o andar de cima é ainda mais bonito.  E saber que Hero aluga isso por mês me deixa ainda mais impactada, não é atoa que ele sempre está com uma garota diferente aqui. A piscina ocupa metade do espaço, as espreguiçadeiras são extremamente confortáveis, não sei quantas vezes acordei nelas. Avisto a silhueta encarando o horizonte, a única fonte de luz é a lua e a brasa do cigarro. Hero sempre fica aqui em cima quando eu sem querer apago, segundo ele, não consegue dormir com outra pessoa na cama. Ele sorri e me entrega um cigarro, soprando fumaça para longe. Não puxo assunto, já que chegamos aqui discutindo e sei que ele está irritado com o que eu descobri, e não quer assumir. Acendo meu cigarro, sentindo a nicotina queimar minha garganta, nunca é uma boa ideia fumar depois de ter a boca fodida com força. Engasgo com a fumaça e apago o cigarro no cinzeiro.
- Péssima ideia. - Continuo tossindo. - Me lembre de não aceitar da próxima vez.
- Acordou de mau humor baixinha? - Hero traga o cigarro e beija minha tempora.
- Porquê?
- Está com uma cara péssima. - Ele solta a fumaça em mim.
- Deve ser a péssima companhia que tenho comigo. - Me apoio de costas no vidro na varanda. - Já aceitou?
- Eu não tenho nada para aceitar. - Hero apaga o cigarro. - Você era mais gentil quando achava que gostava de mim.
- E você era menos teimoso quando eu achava isso.
- Vamos parar ok? - Hero levanta as mãos, se rendendo. - Não aguento mais discutir com você.
- É só você aceitar bonitão. - Dou de ombros. - Não vou contar para ninguém.
- Eu não tenho nada para aceitar, já te disse isso. Eu não namoro, eu não consigo namorar. Você sabe muito bem que não consigo ficar com uma pessoa só. Se fosse assim a gente já seria um casal. - Seus dedos tentam limpar minha maquiagem borrada.
- Que bom que eu sou quebrada e você tarado. - Fico na ponta dos pés e beijo sua boca. - Porque aí ninguém precisa dar satisfação.
- Vai querer manter a gente até quando?
- Até você aceitar que gosta dela, ou ela falar que gosta de você. E quando isso acontecer, não podemos mais nos ver, você sabe. Mesmo brigando a gente acaba transando. - Me afasto um pouco de seu corpo.
- Isso não vai acontecer. - Mesmo com a pouca luz consigo ver que seus olhos estão vidrados no meu corpo. - E você não é quebrada, não mais.
- Porque você me bateu até a peça se encaixar. - Começo a rir e Hero também.
- Você fala como se não gostasse. - Seu tom de voz começa a mudar, esse homem é insaciável.
- Ela gosta? - Me jogo em uma das espreguiçadeiras enquanto observo ele entrar na água.
- Já disse que nunca fizemos nada. E nunca vai acontecer. - Hero diz e afunda dentro d'água.
Fico apreciando as estrelas, escutando o som de Hero nadando. Eu nunca imaginei estar em um lugar desses, ser sexualmente satisfeita, e finalmente não ter mais resquícios dos meus traumas. Hero não fez mágica, não me curou, e muito menos tratou, só me deu confiança o suficiente em mim mesma. Agora sei exatamente do que eu gosto, sei meu limites, conheço o lado colorido do sexo, e aprendi a amar meu corpo. Não sou uma pessoa curada, mas sei quem eu sou, e tenho meus objetivos de vida. Não aceito mais qualquer coisa, e nem menos do que mereço. Algum tempo depois escuto o barulho dele saindo da água e sinto as gotas caírem em meu corpo.
- Com fome? - Nego com a cabeça. - Que bom.
- Estou inchada. - Digo enquanto seu corpo se deita sobre o meu
- Eu sei. - Hero já está duro e devidamente protegido, consigo sentir. - Que bom, assim podemos brincar em outro lugar.
- Você não cansa? - Pergunto, tentando conter exitação que seus beijos espalham pelo meu colo.
- De comer você? Não. - Sua língua brinca com minha orelha, me fazendo arfar. - E você gosta disso.
- Sou tão saciável quanto você.
- E tem gente que ainda pergunta porque a gente continua se vendo. - Hero prende meus pulsos para cima.
- Porque você é viciado em sexo. - Sinto seu pau encostar em mim, deixando óbvio que estou incapacitada de recebe-lo.
- E você também. - Minhas pernas são colocadas sobre seu ombro. - Ainda me impressiona o quanto você é flexível.
- Tá aí o benefício de dormir com uma bailarina. - Estremeço ao sentir a camisinha tocar lá atrás.
- Nervosa?
Já fizemos sexo anal antes, várias e várias vezes, mas Hero  hoje mais cedo estava impossível, não sei se estou tão exitada a esse ponto. Nego com a cabeça e ele sorri, soltando meus pulsos e saindo de cima de mim, deixando um beijo na minha testa. Já em pé se livra da camisinha e estende a mão para me ajudar a levantar.
- Vamos nadar então.
- Estamos em trégua? - Digo pulando na água.
- Você não vai desistir disso nunca? - Ele entra atrás de mim.
- Você sabe meu segredo, e eu sei o seu. Qual o problema? - Jogo água em seu rosto e ele ri
- Seríamos um belo casal. - Suas mãos me levantam, e cruzo as pernas em sua cintura.
- Definitivamente não seríamos um belo casal. Só temos o sexo em comum, e fora da trégua a gente só discute. - Prendo a respiração enquanto ele nos afunda na água.
- Você é chata demais. Não sei porque eu te aguento.
- Porque eu chupo seu pau. - Sorrio e ele cai na gargalhada.
- Você tem um ponto. - Hero me solta.
- Eu sempre tenho. - Jogo a cabeça para trás, boiando metade do corpo.
- Convencida.

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora