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Kate

Nate ficou em silêncio o tempo todo desde que me buscou no irmão. Está vestindo aquela farda, o que significa que foi resolver alguma coisa séria. Não consigo desviar os olhos dele, ele mudou tanto, mas ao mesmo tempo não mudou quase nada. Está visivelmente mais forte, e deixou a barba crescer de vez. Gosto desse visual, ele parece mais velho, mais próximo da sua idade. E é impossível não notar a aliança ali, intocada, como um sinal de que ele é meu. Ver ele depois de tanto tempo foi estranho, porque não parecia que passei os últimos dois anos longe. Foi tudo tão natural, tão gostoso.

Suas mãos estão agarradas no volante e os olhos fixos na estrada, vez ou outra ele me olha e sorri.

- Onde estamos indo? - Olho para a rodovia.

- Quero te mostrar um lugar. E preciso esfriar a cabeça. - Ele sorri, tocando a ponta dos dedos na minha perna. - Não quero ficar sozinho com você desse jeito.

- Aonde você foi Nathaniel?

- Fui ver seu pai. - O carro acelera quando ele desvia para uma estrada lateral.

- Nate.. - Sinto a bile subir. - O que você fez?

- Não fiz nada Kate. - Seus olhos continuam na estrada. - Eu queria, mas não fiz.

- Aonde estamos indo? - Só vejo estrada e algumas casas espalhadas a cada kilometro. - Nate?

- Só.... Só espera por favor. - Sua respiração está estranha. - Não falta muito. Quero que você veja, é importante.

Fico encarando a estrada enquanto ele dirige, se não fosse meu marido eu teria medo. Estamos isolados e em alta velocidade, mal consigo ver as casas quando passam. Sei que estamos aos arredores de Londres, a poucos minutos da rodovia. Alguns minutos depois o carro começa a desacelerar, vira a esquerda e estaciona. Olho pela janela, mas a única coisa na rua, além de nós é uma casa pequena e apagada.

- O que?

- Minha família mora aí. - Ele desliga o motor. - A biológica pelo menos.

- Você procurou? - Encaro a casinha estranha.

- Nunca entrei, mesmo parando aqui algumas vezes. - Ele tranca as portas. - Não preciso entrar para saber o que vou encontrar.

- Como assim? - Estou começando a ficar preocupada.

- Privilégios de ter meu cargo Kate. - Ele ri. - Tenho acesso a tudo que eu quiser.

- E o que tem lá dentro?

- Tinha um alcoólatra e uma pobre coitada. Mas os dois morreram alguns anos atrás. - Suas mãos apertam o volante mais uma vez. - Mas ainda tem meu irmão, a esposa e duas crianças. Minha irmã também. Notou alguma semelhança?

- Meu Deus. - Cubro a boca. - Você...

- Eles não sabem, mas recebem uma ajuda do governo, vulgo eu. - Ele ri. - Quero fazer uma coisa, mas preciso de você pra isso.

- Quer conhecê-los? - Toco seu ombro. - Eu vou com você. Não agora, outro dia.

- Eu quero tirar as crianças de lá. - Ele me olha. - Ele... Ele bebe, assim como o pai. Bate na esposa e na irmã.

- Nate...

- Não sei se fez mais alguma coisa. Mas não quero correr o risco disso chegar até às crianças. - Seus olhos encontram os meus. - A garotinha mais velha tem oito anos, e a mais nova quatro. Kate eu sei que você tem só..

- Sim. Vamos adota-las. - As palavras saem da minha boca antes que eu perceba. - O quanto antes.

- Sério? - Nate solta o volante e segura meu rosto. - Você vai fazer vinte e três ainda. Não quero apressar as coisas entre a gente. Colocar duas crianças dentro de casa agora..

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora