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Kate

Hero entrega minha bolsa e sorri. Eu sei que ele não está lidando bem com essa história de morar com Nate, mas sabe que não tem muito o que possa fazer. Ele enfia as mãos no bolso do moletom e me encara ainda sorrindo. Fico feliz que tenha se oferecido para me trazer em casa, mesmo que o caminho todo tenha sido preenchido apenas pelo som do motor.

Olho para trás, Nate está no pé da escada, de bermuda e regata com os braços cruzados. Não acredito que essa briga entre os irmãos é culpa minha, eles deveriam se apoiar, e não o contrário. Sorrio para Nate, que acena com a cabeça, mas não vem me encontrar. Meu coração dói tanto, parece que meu peito vai se partir ao meio.

- Obrigada. - Faço meu melhor para sorrir para Hero. - Por tudo, você sabe. Por não ter contado.

- O segredo é seu baixinha. - Ele da um passo, mas recua. - Posso te dar um abraço?

- Tem certeza disso? - Olho para os lados, não tem muito movimento na minha rua.

- Vou te abraçar, não te beijar. Fica tranquila. - Seus braços me envolvem, pressionando meu rosto contra seu peito. - Fica bem, por favor.

- Vou sobreviver. - Ignoro a lágrima chata que escorre. - Não é um adeus, ainda vai me aturar bastante na sua vida agora que virei amiga da sua namorada.

- Você sabe que não precisa fazer isso. - Sinto seus lábios tocarem meu cabelo. - Se for demais pra você.

- É tranquilo. De verdade. - Nossos olhos se encontram. - Viu, não te ataquei.

- Você não faria isso. - Ele beija minha testa. - Sabe muito bem como é gostar de uma pessoa e ver ela com outra.

- Como ela tá lidando com isso? - Apoio a cabeça de volta em seu peito.

- Josephine? - Ele ri. - Você não viu? Ela não tá nem aí.

- Obrigada. De novo. - Dou um selinho em seus lábios e me afasto com um pulo. - Merda, eu preciso parar com isso! Desculpa.

- Por Deus Kate. - Hero toca os lábios com os dedos. - Você precisa segurar sua mania. Até Josephine você beijou.

- Foi só um selinho! Sem querer. E ela entendeu que é uma mania. - Cruzo os braços. - Não é um beijo.

- Acho melhor você entrar. - Ele acena com a cabeça, ainda com os dedos na boca. - Meu irmão vai ter um treco com você me beijando.

- Eu não te beijei! - Desisto de discutir sobre isso.

- Tanto faz. - Ele ri, destrancando o carro. - Tchau Kate.

- Tchau Hero.

Fico olhando o carro sair, dessa vez sem cantar o pneu. Não é que a loirinha deixou ele prudente? Sorrio involuntariamente, os dois foram feitos um pro outro, não tem como negar. Enxugo a lágrima teimosa da bochecha, não é um adeus, não tem como ser um adeus. Sinto uma mão no meu ombro, e sou envolvida por dois braços quentes. Minha lágrimas continuam descendo descontroladamente, terminando de partir meu coração ao meio. Caio de joelhos no meio da calçada, sem ter controle do meu corpo, Nate me levanta e começa a subir as escadas.

- Não! - Me mexo em seu colo, mas ele não me solta. - Para! Não preciso ser carregada.

- Estamos chegando já. - Sua voz está firme, assim como seus braços.

- Eu não posso fazer isso com você! - Me agarro em seu corpo, chorando ainda mais.

- Pode sim.

Nate me coloca no chão, na frente da porta e me entrega uma chave. Não é a minha chave antiga, mas os chaveiros são os mesmos. É impossível não notar que a chave do meu quarto ainda está ali, a mesma, como se eu fosse precisar dela ainda. Sempre carreguei vários chaveiros, a bailarina que mamãe me deu, o girassol, os sapatos de salto que Mercy colocou ali, as fitinhas coloridas que Nate me deu anos atrás e o soco inglês que Hero comprou pra mim. Estico a mão para a porta, mas ele segura meu pulso antes que eu abra.

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora