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Kate
A cena dos dois se beijando foi tensa e ao mesmo tempo um alívio. Finalmente ele vai ser feliz com sua garota. Por mais estranho que seja ver Josephine tentando beija-lo, é quase patético. Estou com inveja. Continuo conversando com as gêmeas enquanto o beijo não acaba nunca, Mercy tenta interromper, mas seguro sua mão.
- Deixa os dois. - Entrego meu copo e ela bufa.
- Eles vão transar na frente de todo mundo Kate. - Preciso usar força para segurar seu braço.
- Não vão. Não com Josephine. - Hero nunca dividiria essa cena com ninguém. - Eu sou o showzinho particular, a Jo não.
- Aquilo foi lindo. - Uma das garotas fala.
- O que? - Solto Mercy e foco minha atenção na garota.
- Vocês dois... Que controle incrível.
- A prática leva a perfeição. - Um burburinho começa atrás de mim. - Eles foram pro quarto?
- Ela vomitou. - A garota ri.
Josephine vomitou tanto que precisei esfregar o chão várias vezes até o cheiro sair. Mercy me ajudou o quanto pode, mas não aguentou por muito tempo. Não julgo, nem todo mundo está acostumado a limpar vômito dos outros. Fiquei preocupada quando em momento algum Hero apareceu, simplesmente se fechou no banheiro e nunca mais deu as caras. Não sei se Jo vomitou mais, não sei quanto tempo ela ficou desmaiada, ou se acordou até eu ir embora.
Algumas horas depois consigo finalmente chegar em casa. Sair do apartamento dos dois foi difícil, com Mercy, Jack e Alex querendo saber se eu estava bem. É claro que não, que pergunta idiota. Quem fica bem sabendo que o amor da sua vida ama outra? Mas consegui mentir pra todo mundo sem levantar suspeitas, Mercy insistiu em me acompanhar no Uber, mas não disse nada até a corrida acabar e sussurrar no meu ouvido um "não se machuque por isso".
Não sou mais essa pessoa, eu sempre soube meu lugar na vida de Hero, ele nunca mentiu sobre o que sentia. Eu fui seu objeto de prazer, o sexo fácil que ele precisava, só isso. O resto é só história. Jogo meu vestido em algum lugar do quarto e apago segundos depois, meu corpo está exausto da semana conturbada, e é melhor eu não pensar muito sobre isso.Acordo com o celular tocando, pela falta de luz lá fora sei o dia vai ser uma merda. Atendo o telefone sem olhar para a chamada.
- Você tá viva? - Mercy parece preocupada do outro lado.
- Eu estava dormindo na verdade. - Puxo o moletom verde que roubei de Hero mais pra perto.
- Os dois são tão fofos juntos Morgan... Aí meu Deus você tava certa esse tempo todo, eles se gostam. - Eu conheço essa voz, provavelmente Mercy está saltitando pela rua.
- Sim, eles se gostam, grande novidade. - O cheiro dele está por toda parte na minha cama.
- Só liguei pra saber se você estava bem. Seu corpo está do mesmo jeito que estava quando te deixei em casa?
- Eu não fiz nada Mercy, nem vou fazer. Hero é um homem solteiro. Sempre foi. - Visto o moletom e me levanto. - Me encontra no estúdio?
- Ressaca não combina com pontas Kate.
- É por isso que eu sou melhor que você. - Desligo e jogo o celular na cama.
Não tenho tempo pra ficar me lamentando, eu sabia que Hero não me amava, que eu sempre fui só mais um passa tempo. Talvez se eu repetir o suficiente a mentira cole. Visto uma legging e meu tênis, tenho uma sapatilha nova para amaciar. O que pode ser melhor do que gozar até ver estrelas? Uma Gaynor novinha para gastar. Saio do quarto mais animada do que quando acordei, e sou recebida por um cheiro mais que familiar, mamãe está fumando na cozinha. Abro a geladeira e pego uma água, abro a janela para sair o cheiro de maconha e me sento no balcão.
- Não vai gritar comigo? - Pelo menos só tem isso no seu corpo.
- Não. - Dou de ombros.
- Quer? - Mamãe me estende o baseado, como se fosse uma xícara de chá. - Sua cara tá péssima.
- Você não deveria oferecer maconha pra sua filha sabia. - Aceito e prendo o Beck entre os lábios por um tempo. - Só tem maconha aqui mãe?
- Sim, não ofereceria outra coisa pra você. - Ela solta a fumaça e sorri. - É bom ter companhia.
Devolvo o baseado sem fumar, não posso voltar pra essa vida por causa de um beijo. Tomo mais água e digito uma mensagem para Hero: "minha mãe acabou de me oferecer maconha". Provavelmente ele está com Josephine, preciso me policiar. Não envio. Ninguém vai acreditar que a gente só transava se ficarmos trocando mensagem. Salto da bancada e pego uma fruta atrás dela.
- Vou trabalhar até tarde. - Saio da cozinha, mas sua voz me interrompe.
- Sei que não tá só trabalhando Morgan. Tem dinheiro demais nessa casa. - Seus olhos mudaram, ela se perdeu já? - Eu não vou aceitar dinheiro de sexo aqui...
- Não vou discutir com a senhora. - Abro a porta de casa. - Se você sabe que tem mais dinheiro em casa é porquê está procurando. Deveria ficar feliz em gastar o que eu ganho na rua. - Bato a porta.
Na esquina de casa eu acendo um cigarro, me deliciando com a nicotina recém absorvida. Não fumava a algum tempo, minha garganta doía por causa do pau de Hero, então desacostumei. Enquanto caminho até o estúdio, me pego rindo sozinha da situação em que me meti. Espero que nossa mentira funcione com os outros, já que comigo claramente não vai rolar. Só preciso ser forte e continuar me fazendo de louca quando algum dos meninos perguntar alguma coisa, Hero disse que conversou com eles e resolveu tudo, mas não sei o quanto eles verdadeiramente sabem. Apago meu cigarro na frente do estúdio, sorrio para o meu reflexo borrado no espelho e entro.

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora