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Kate

Abro a porta do quarto e, pela quinta vez na semana, Nate está fazendo flexões na nossa sala. No primeiro dia eu assustei, mas agora já virou rotina. Quem não adora acordar com um cara gato malhando no meio da sua casa? O apartamento está com cheiro de torradas e bacon, fazendo meu estômago saltitar de felicidade. Eu sei que Tia Martha cozinha muito bem, mas não sabia que Nate tinha herdado os dotes da mãe. Acordei todos os dias com o café pronto, coisa que nunca aconteceu antes na minha vida.

- Estou ficando acostumada. - Passo por cima de suas costas. - Logo logo vou cobrar café na cama.

- Eu levaria. - Nate levanta, exibindo o abdômen completamente suado. - Mas vai ter que esperar até a gente se casar.

- Nathaniel! - Jogo uma almofada, que ele pega no ar.

- Você sabe que vai se casar comigo. - Ele beija meu rosto e abre a geladeira. - Chá ou suco?

- Café? - Descobri que seu café é incrível, e me viciei.

- Café com torradas saindo em um segundo. - Seu sorriso é lindo. - Dormiu bem?

- Dormi do mesmo jeito de sempre. - Me sento na bancada da cozinha e cruzo as pernas. - E você?

- Poderia ter dormido melhor, mas você está proibida de transar. - Nate da de ombros e serve minha comida.

Realmente, minha terapeuta concordou que preciso de um tempo sem sexo até a gente entender qual a importância dele na minha vida. Fazer terapia é extremamente confuso, não sou de me abrir com qualquer um, mas esta sendo agradável. Não contei tudo logo de cara, nem sei como falar na realidade, mas ela entendeu que preciso de um tempo. O que temos até agora é que eu preciso entender meus sentimentos por Hero, não posso transar, e preciso acompanhar a evolução da minha mãe.
Depois que os Tiffin internaram mamãe a crise de abstinência foi forte, precisaram seda-la por alguns dias. Meu tratamento está incluso no pacote que Tio George está pagando, a pedido de Nate, então não tive grandes escolhas. Toda semana tenho uma sessão marcada, e depois de duas, concordo com meu colega de apartamento sobre precisar de ajuda.

- Vai sair hoje? - Nate se serve e senta no sofá.

- Não, Mercy disse que vai vir aqui. Então não vamos treinar hoje. E você?

- Eu? Sair? - Ele ri, mordendo um bacon. - Mais fácil você me ver sem roupa do que em uma balada. Passei dessa fase.

- Okay senhor de idade. - Pulo de cima do balcão. - Preciso trabalhar.

- Quer carona? - Nate se levanta.

- Eu trabalho na esquina de casa Nathaniel. - Pego minha mochila e deixo um selinho em seus lábios. - Eu consigo andar até lá.

- Se cuida. - Ele beija minha testa e se senta. - O que vocês vão querer jantar?

- Vinho. - Sorrio e saio correndo antes que ele me repreenda.

Morar com Nate é incrível e ao mesmo tempo estranho. Me sinto uma princesa o tempo todo, se eu deixar ele abre mão da própria vida para cuidar de mim. Ao mesmo tempo que me sinto uma criança, acordo e a comida está pronta, minhas roupas estão lavadas e dobradas, meu almoço pronto e dentro da minha bolsa. Já tentei explicar que não preciso que ele faça tudo isso, que se preocupe comigo ou que me leve para o estúdio, mas é a mesma coisa que conversar com a parede. Segundo ele, foi criado para cuidar de quem ama, e eu estou no topo da lista agora. Como a mesma mãe criou um filho assim e um que passava noventa porcento do tempo discutindo comigo? E sem falar na filha mal educada e mandona que eu não sei de onde saiu.

Desde que minha antiga chefe se mudou, e eu não gasto metade do meu salário em drogas para mamãe, assumi o estúdio junto com minha amiga. Mercy está amando dar aula para as crianças do inicial, e eu estou apanhando para dar aula para as garotas do avançado. Até mês passado eu era aluna dessa classe, o que não me dá credibilidade alguma com elas. E dada a minha situação sem sexo, minha energia está acumulada. Acho que nunca passei tanto tempo sem isso na vida, não sei se vou aguentar. A quantidade de nicotina que estou ingerindo por dia, para ver se me acalmo, triplicou, junto com a quantidade de álcool. Eu não sei onde trocar sexo por cigarro e vinho está me ajudando, mas não discuto com minha terapeuta.

- Preciso de ajuda. - Mercy se joga no chão da minha sala.

- As crianças estão dando trabalho? - Enfio minhas coisas de qualquer jeito dentro da bolsa.

- Não. Não é com o trabalho. - Ela cora imediatamente. - Fiquei com uma pessoa.

- Meu Deus você transou?

- Não Kate! - Ela ri, jogando a sapatilha em mim. - Eu fiquei com uma pessoa, não transei com uma pessoa.

- E porque eu preciso te ajudar? - Jogo sua sapatilha de volta.

- É uma pessoa que você já.. sabe.. conhece bem. - Tenho certeza que minha amiga vai se transformar em um pimentão.

- Não me diga que você pegou algum amigo do seu irmão. - Me sento para não cair dura com a resposta. - Não foi o Félix foi?

- Não. Eu não sou retardada. - Ela se senta, mas continua encarando o chão. - Eu estava bêbada ok? Aconteceu.

- Jack? Se for ele tudo bem. É um fofinho.

- Alex. - Mercy sorri forçadamente. - Ninguém pode saber.

- Garota. - Bato palmas. - Que bom gosto.

- É, eu sei. - Ela cora ainda mais. - Que homem é aquele Kate?

- Em que posso ajudar? Sei bastante coisa sobre Alex. - Seguro suas mãos rindo. - Ele fez alguma coisa com você?

- Não! - Mercy brinca com meus dedos. - A gente só ficou. Nada demais.

- Não entendi aonde você quer chegar.

- Acho que quero exatamente isso. Fazer alguma coisa. - Ela da de ombros. - Não sei.

- Você tinha que escolher o maior? Meu Deus vai doer horrores perder a virgindade com Alex. - Ela me encara. - Como eu posso te ajudar?

- Não vou dar pra ele. Pelo menos ainda não. Só aconteceu duas vezes. - Mercy cora. - Mas me deu vontade de talvez passar de beijos sabe?

- Fique tranquila, Alex sabe o que fazer. - E como sabe. - Tenho certeza de que vai respeitar seus limites.

- Eu não sei o que fazer entende. - Ela ri. - O mais longe que cheguei com um cara foi uma esfregada de mão sem jeito. Não sei como fazer essas coisas.

- Você quer chupar ele? - Ela não responde. - Quem é você e o que fez com a minha amiga?

- Não. Não sei. Calma. - Tenho certeza que nunca vi Mercy tão sem graça. - Uma coisa de cada vez.

- Bater punheta é fácil. Não tem segredo. Você só precisa...

- Kate! - Mercy se joga no chão rindo.

- O que? Você pediu ajuda.

- Não consigo falar sobre essas coisas sem álcool. - Ela se levanta e estende a mão. - Dependendo de quanto vinho você tiver em casa, eu deixo você me ensinar algumas coisas.

- Vamos passar no sexshop! - Pulo do chão. - Tenho várias garrafas de vinho em casa.

- Sexshop?

- Não vou te ensinar nada no meu desodorante. E tenho certeza que não quer aprender chupando o meu vibrador!

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora