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Nate

Puxo meu irmão para o canto da sala, evitando os olhares das garotas. Preciso fazer uma coisa, mas se ele quiser me acompanhar tem todo o direito. Fico alguns segundos encarando seus olhos confusos. Nós éramos próximos antes de tudo isso acontecer, antes de Kate e Josephine entrarem na nossa vida de uma vez.

- Já chamei um cara para arrumar a porta. - Sorrio e desvio o olhar.

- Não precisava cara.

- Eu arrombei a porta. - Bebo mais um pouco. - É o mínimo.

- Certo. - Hero cruza os braços. - Mais alguma coisa?

Seus oito centímetros a mais de altura me incomodam um pouco, não gosto desse olhar de cima, mas preciso lembrar que ele é meu irmão, não um inimigo.

- Preciso deixar Kate aí por uma hora. - Nossos olhos desviam para a morena agachada no chão, brincando com a barriga de Josephine. - Mas não posso ir sem te convidar.

- O que você vai fazer? - Ele ri e pega minha cerveja, bebendo o resto.

- Me certificar que o pai dela sofra o suficiente atrás das grades.

- Nathaniel, você não pode continuar agindo feito um idiota agora. Você tem uma esposa. - Ele aponta para as duas garotas. - Uma sobrinha e mais um a caminho.

- Eu não vou fazer nada. - Minto. - Só assustar o cara. Quer vir ou não?

- Sinto muito. - Ele ri. - Tenho dois filhos. Mas se você vai mesmo fazer isso, veste aquele negócio de novo.

- Minha farda? - Sorrio. - Porquê?

- Qualquer imbecil na Inglaterra sabe o que aquele uniforme preto significa. Eu demorei três segundos pra ver que era você. - Ele ri. - Só não faça nada que vai fazer mal pra ela ok? Ela te ama.

- Você sabe que eu não vou preso por qualquer coisa. - Seus olhos ficam escuros e ele cruza os braços de novo. - Eu tô brincando cara. Relaxa. Não vou fazer nada que você não faria.

- Isso não me deixa mais tranquilo. - Hero ri.

Sigo a dica do meu irmão e visto a farda antes de entrar na delegacia que aquele imbecil está detido. Pedi para separarem ele dos outros presos, por sorte ele tem passagens demais, e com a denuncia de abuso infantil, vai apodrecer atrás das grades. E vou garantir que sua estadia seja a pior possível.

Tecnicamente eu não estou aqui, tecnicamente ele não está separado em uma sala sem câmeras, tecnicamente eu não tenho acesso a sua ficha e tecnicamente ele está algemado. Tecnicamente esse momento nunca existiu.

- Quanto tempo você precisa senhor? - O carcereiro me entrega a chave da sala.

- Tire ele daqui em cinco minutos.

- As câmeras não funcionarão por quarenta. - Ele sorri, sabe quem eu sou.

- Não preciso de tudo isso.

Abro a porta e jogo um maço de cigarros em cima da mesa. O velhote me encara, provavelmente reconhecendo o uniforme como meu irmão falou, e a marca de cigarros. Kate só fuma esses. Ele está sentado, apesar de não estar algemado, tem alguns roxos no rosto, que Jack disse que fez, mas parece inteiro. Apesar dos cinquenta anos recém completos, ele está deteriorado por causa das drogas.

- Não vai fumar? - Pergunto.

- Não gosto de cigarro de mulher. - Ele ri. - Quem é você?

- Alguém. - Sinto meu corpo pedindo por uma briga.

- Alguém como você não deveria perder seu tempo com um traficante de merda. - Enri empurra o cigarro para o chão. - O que aquela vadia falou para a guarda da rainha aparecer aqui?

- A vadia mãe ou a vadia filha?

- Aquela putinha ficou gostosinha hein. - Ele coça as calças. - Pena que não posso mais me afundar dentro dela.

- Mas eu posso. - Sorrio. - Toda noite. Todo dia. Toda hora. - Me aproximo um pouco. - Como é apertada. Tão gostosa. - Apoio as duas mãos na mesa e encaro seus olhos.

- Você não é o cara que apareceu mais cedo. - Seus olhos não conseguem focar nos meus. - Quem é você?

- Já disse que não sou ninguém. - Bato as mãos contra o metal. - Olha pra mim!

- Eu não tenho medo de um moleque vestido a caráter. - Enri se levanta.

- Ótimo. - Sinto o gosto da raiva.

- O que você quer comigo?

- Só quero que se lembre do meu rosto. - Me afasto da mesa. - Todos os dias, para o resto da sua vida.

- Eu devo sair logo. - O velho ri. - Aquela vagabunda não tem provas.

- Sabe o que fazem com estuprador na cadeia? - Me apoio na parede oposta, cruzando os braços.

- Eu mato se eu homem encostar em mim! Se não conseguir matar, eu me mato! - Ele se senta de novo. - Não vou deixar.

- Você não vai se matar. - Sorrio. - Vou garantir que se alimente bem, que tenha acesso ao sol. Se tentar tirar sua vida, vai ter alguém para cuidar de você.

- A rainha me mandou sua babá? - Enri ri, tossindo muito. - Que patético.

- Ela não mandou ninguém. Não estou aqui. - Volto a apoiar as mãos na mesa.

- Você é louco?

- Sou, completamente. - Empurro o metal contra seu peito. - Fui treinado para matar qualquer coisa em segundos.

Sua cadeira se arrasta no chão e ele quase cai, seus olhos vão imediatamente para a câmera atrás de mim e depois para a porta. Sorrio do seu desespero.

- A câmera teve um probleminha técnico. - Solto a mesa. - Deve voltar a funcionar daqui trinta e cinco minutos. Sabe o que posso fazer nesse tempo? Conheço várias maneiras de tortura, nunca testei se funcionam.

- O que eu te fiz?

- Tirou a porra da vida da sua filha! Não foram só oito anos de abuso, foi a droga da vida dela quase inteira! - Bato na mesa, fazendo ele pular na cadeira. - Privou uma criança de ter um pai, privou uma mulher de ter um marido.

- E você se importa com a vida de duas vagabundas porque?

- Quero que se lembre disso quando for a putinha na cadeia. Quero que se lembre de cada segundo que roubou de Morgan. ELA TINHA OITO ANOS!

- A mãe dela estava muito aberta já. - Ele ri. - Você está louco pra me bater. Porque não bate? Tem medo de perder o controle e acabar no meu lugar?

- Eu tenho medo de quebrar você. - Dou alguns passos para trás. - Olha pra mim. Você é pele e osso.

- Você se acha por causa desse uniforme. - Enri se levanta e empurra a mesa. - Mas é um pirralho riquinho.

- Não tenho medo de sujar minhas mãos. - Ele está a um passo de partir para cima. - Você faz ideia do quanto é gostoso foder sua filha sem camisinha?

Ele explode, correndo na minha direção, desvio e ele quase bate na parede. Agarro seu pescoço e suspendo seu corpo sem problemas, o cara é tão leve quanto uma pena. Bato sua cabeça na parede, suas mãos tentam se soltar. Mas é patética a cena. Ele tosse e chuta meu peito, tropeço e solto seu pescoço.

- É isso que você tem? - Enri tosse de novo. - Sério?

A porta é aberta e quatro policiais o imobilizam e seguram seu corpo contra o chão. Escuto seus gritos enquanto saio da sala. Eu prometi que não tocaria nele se ele não desse o primeiro soco, o problema não é meu que ele errou.

Empowered Women - A história de KateOnde histórias criam vida. Descubra agora