Not Your Toy (Cophine)

4. Enchanté

-PoV Delphine-

Eu já estava no Canadá havia uma semana, assim que cheguei tive uma reunião com meu diretor, Dr. Leekie, ele disse que só iríamos começar a pesquisa quando chegasse uma nova pesquisadora e orientanda dele, que era peça chave da pesquisa que eu estaria coordenando, ele também me informou que ela tinha acabado de aceitar a proposta então precisaria de pelo menos uma semana para resolver as burocracias e chegar no Canadá.

-Enquanto isso, Dra. Cormier... - Dr. Leekie me passava instruções. - ...eu quero que você vá estudando a proposta de trabalho da Cosima Niehaus, quando ela chegar quero que vocês trabalhem juntas no início dos experimentos, além disso, saiba que você tem total carta branca para montar os laboratórios, quando a Srta. Niehaus chegar você pede pra ela fazer uma lista caso ela queira acrescentar algo no laboratório dela. Mas, o seu laboratório e o laboratório dos assistentes você já pode finalizar. -ele falou e tentava lembrar de mais alguma instrução.

-Ah, Dra. Cormier... -ele pareceu se lembrar. -Você vai atender seus pacientes na Clínica da Universidade.

-Pacientes? -perguntei confusa. -Mas, o projeto é só experimental Dr. Leekie, os testes em animais nem começaram ainda. -falei tentando obter uma explicação melhor. Eu sabia que a finalidade das pesquisas eram criar vacinas para algumas doenças raras que poderiam ser evitadas, mas não me foi passado que eu teria pacientes aqui, não que fosse um problema, mas eu gostaria de ter sido avisada.

-Ah, sim Dra. achei que havia lhe dito, você está certa, os experimentos estão longe de começar a serem testados, esses pacientes que a senhorita vai atender servirão apenas como banco de dados, pessoas com doenças raras têm nos procurado e nós fazemos essa triagem, todos eles possuem acompanhamento com seus respectivos médicos, o seu trabalho vai ser mapear essas doenças, e saber como estão sendo tratadas. Essas pessoas se ofereceram para estarem prestando essas informações e ajudar num possível diagnóstico e cura, que no caso, são nossas vacinas. -ele finalizou parecendo bem satisfeito com a sua justificativa.

Realmente, não parecia nada demais, eu assenti e logo comecei meu trabalho para finalizar os laboratórios o mais rápido possível. Mas, eu ainda não parava de pensar, tive centenas de reuniões com o Dr. Leekie e ele nunca mencionou que eu teria pacientes aqui. Por que ele esconderia essa informação de mim até eu chegar aqui? Resolvi deixar pra pensar nisso depois, estava cheia de trabalho e ainda precisava estudar sobre a pesquisa da Cosima Niehaus. Era um nome diferente, mas soava bem. -Cosima! -falei em voz alta, ficava diferente com meu sotaque francês. -Espero que ela não se importe. -pensei.

Depois de um dia super cansativo, fui para minha casa que ficava a uns 15 minutos a pé da Universidade, de carro era tão rápido que ainda não sei porque eu realmente ia de carro, acho que dirigir me faz bem, então continuei indo e voltando de carro, que inclusive era um Audi A7, meu pai realmente não economizou, e espero que o meu irmão não fique sabendo disso. -eu ri sozinha.

Chegando em casa tomei um banho, vesti uma roupa leve, peguei umas besteiras pra comer na geladeira e fui direto pegar uma garrafa de vinho e uma taça, depois de um dia cansativo, vinho sempre era um ótimo remédio pra mim, abri minha caixa de e-mail no computador e vi que lá estava o e-mail com a pesquisa da Srta. Niehaus, terminei minha noite lendo tudo sobre a sua pesquisa, e eu estava simplesmente encantada, o Dr. Leekie estava certo, sua pesquisa sobre a evolução do DNA humano é incrível, eu tinha várias dúvidas, não via a hora de conversar pessoalmente com ela. Aproveitei que já estava ali e dei uma stalkeada nela, vi que ela estava terminando o PhD em Microbiologia no ramo da Biologia Evolutiva e ela tinha notas incríveis, eu sabia pouco sobre ela, mas de uma coisa eu tinha certeza, ela era absurdamente inteligente.

-

Uma semana passou voando, e não sei como consegui arrumar os 3 laboratórios, só faltava a Srta. Niehaus verificar o que faltava no dela. Cheguei cedo na segunda-feira, pois de fato iríamos começar o trabalho pesado, a ex assistente do Dr. Leekie, Gracie, que agora era minha assistente, havia acabado de chegar e foi rapidamente me passando uma pasta cheia de prontuários, eram meus pacientes que eu atenderia na Clínica da Universidade, eram cerca de 15 pessoas que a partir de agora eu estaria acompanhando mensalmente.

Minutos depois, Gracie tinha voltado ao meu laboratório.

-Dra. Cormier, com licença. -ela falou

-Oui! -respondi logo em seguida tirando os olhos dos prontuários e olhando para ela.

-A Srta. Niehaus está aqui, posso mandá-la entrar?

-Bien sûr, Gracie. -respondi com um sorriso. Não demorou nem um minuto e ouvi uma voz rouca...

-Bom dia, Dra. Cormier. -ela falou meio tímida. Meus olhos a encontraram e meu deus ela era... linda! Demorei um pouco a responder encarando ela, balancei um pouco a cabeça como se me forçasse a acordar e prontamente respondi:

-Bonjour, Cosima! -e um sorriso bobo incontrolável saiu dos meus lábios. Logo me levantei e fui em sua direção.

-Enchanté. -falei estendendo a mão pra ela.

-Enchanté. -ela respondeu segurando minha mão e com o sotaque americano mais fofo que eu já tinha ouvido.

Por um momento me senti hipnotizada pelos seus olhos, eles têm um tom esverdeado perfeito e o delineador que ela usava só realçava ainda mais. Nosso aperto de mão demorou mais que o normal e eu sorri pra ela recebendo um sorriso torto que apareceu timidamente no canto de seus lábios. Foi então que sem muita vontade, soltei sua mão.