19. Seu desejo é uma ordem

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-PoV Delphine-

Naquele sábado tínhamos acabado de receber a melhor notícia, o Professor Duncan havia chegado com a vacina da Charlotte. Depois de aplicar ele nos passou várias instruções, ela provavelmente iria passar esse final de semana com febre e um pouco indisposta. Mas eram reações da vacina, então ele deixou um número que poderíamos ligar caso ela tivesse algo além desses sintomas. Fora isso, ele afirmou estar esperançoso com o resultado e disse que quando ela parasse de ter as reações iria embora, afinal, ele tinha largado tudo na Colômbia e precisava voltar. Nós mesmas faríamos os novos testes uma semana depois pra ver se estava tudo realmente bem com ela.

Quando o professor foi embora, eu fui fazer um almoço rápido e o meu pai já tinha começado a ligar pra alguns contatos dele, ele iria conseguir com alguns amigos contatos de pessoas aqui mesmo de Toronto e que segundo ele poderiam nos ajudar a acelerar o processo, dessa forma, não teríamos que esperar dois meses novamente por ter outra resposta sobre a guarda na nossa filha.

Enquanto Cosima me ajudava na cozinha com o almoço, ela também ficava indo até a Charlotte pra ver se ela estava tendo febre ou alguma outra coisa. A demora foi só a gente almoçar que ela já foi ficando molinha, Cos a levou pra o nosso quarto e meu pai me ajudou a terminar de arrumar a cozinha.

-Filha, eu tô indo ver a sua mãe. Sabe... pra ver se tá tudo bem.

-Ah claro, ela disse onde está? -perguntei tentando demonstrar algum interesse, mas na verdade eu nem queria saber.

-Ela tá em um desses hotéis aqui próximo, mas eu acho que ela vai voltar pra Paris antes. Então... eu vou me despedir dela. -ele disse meio envergonhado pela atitude da minha mãe.

Tudo bem. Boa viagem pra ela. -respondi e sai da cozinha.

Quando cheguei no quarto minhas meninas estavam deitadas e passava algum desenho na TV, mas na verdade Cosima assistia sozinha porque a Charlotte já estava dormindo abraçada com ela.

-Como ela tá? -perguntei ao entrar no quarto.

-Tá com febre. -Cos respondeu pondo a mão na testa dela.

Eu me deitei no outro lado da cama com elas, e deixei um beijinho na Charlotte.

-Cadê o seu pai? -Cosima perguntou.

-Hm, foi ver a minha mãe, ele disse que ela já vai voltar pra Paris. -respondi olhando a TV.

-Sinto muito, Del. -Cosima disse e pude sentir que seus olhos estavam em mim.

-Tá tudo bem, já tô acostumada com a minha mãe. -dei de ombros.

-Del, sobre o quê o seu pai falava hoje mais cedo? Algo sobre você ter escondido alguma coisa deles...

Eu tinha gelado na hora, eu não gostava de falar do meu passado pra Cosima. Mesmo com toda essa história da irmã dela e sabendo o quanto ela sofreu e ainda sofre pela mudança da Rachel, ela sempre foi feliz. Cosima tinha uma vida maravilhosa em São Francisco, ótimos amigos e os pais dela são incríveis. O que eu tinha de bom pra contar eu já tinha contado, que foi até onde o meu avô viveu, depois disso... eu nunca mais fui feliz, se não fosse o meu trabalho eu não teria nada, nem mesmo a Cosima, foi porque eu dediquei cem por cento do meu tempo ao trabalho que eu havia recebido essa proposta de ser Coordenadora de Pesquisa no Dyad. E desde o primeiro dia que eu vi a Cosima, eu havia me tornado essa Delphine sorridente e feliz. E ela tinha se apaixonado por mim assim, então eu não queria apagar essa minha imagem da cabeça dela.

-Coisa de adolescente, Cos. Eu vivia em guerra com a minha mãe e até a gente se entender foi um longo caminho. -foi a única coisa que respondi.

-Desculpa fazer você passar isso, se eu não tivesse aparecido na sua vida você não teria perdido esse relacionamento com a sua mãe que foi tão difícil de conseguir. -ela disse com a voz fraca.

Not Your Toy (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora