10. É surpresa

19 5 0
                                    


-PoV Delphine-

Meu irmão iria embora no meio da semana, mas já era uma terça-feira e ele ainda não tinha comentado nada sobre sua partida, a gente tava tomando café da manhã juntos antes de levar a Charlotte pra escola e poder trabalhar quando perguntei se ele iria embora naquela semana.

-David, você vai embora essa semana mesmo? Você não comentou nada até agora. -perguntei.

-Então, na verdade eu tava pensando em ficar mais alguns dias... -ele respondeu.

-Hmm, você e a Sarah tão namorando ou o quê? -Cosima perguntou com um sorrisinho pra ele.

-Eu só quero passar mais tempo com as minhas garotas favoritas. -ele disse sorrindo.

-Se uma dessas garotas for a Sarah, a gente até acredita. Mas, você acha que fica mais uns quinze dias? -perguntei por curiosidade.

-Talvez, eu posso ficar num hotel se tiver atrapalhando... -ele disse um pouco sem jeito.

-Não, David. Não é por isso que eu tô perguntando. Você é muito bem-vindo, pode ficar o tempo que quiser.

-E o que é então? -ele parecia curioso.

-Filha, vai pegar suas coisas pra gente ir, estamos atrasadas. -disse pra Charlotte sair um pouco da cozinha e ela logo saiu correndo pra buscar a mochila.

Eu tirei uma folha dobrada que tava no meu bolso e entreguei ao David que tava sentado à minha frente.

-Você acha que consegue fazer alguma coisa na sua vida sem teor sexual? -perguntei com tom de deboche.

-Posso tentar. -ele disse abrindo a folha.

-Ótimo! Porque o aniversário da Charlotte tá chegando e você vai resolver tudo isso aí pra gente, já que tá com mais tempo livre. E é surpresa. -eu disse falando baixo pra ela não escutar.

-Vocês tem certeza disso? -ele parecia não entender nada do que tinha escrito ali.

-Se tiver alguma dúvida, você fala com a gente. -disse deixando um beijo no rosto dele e saindo da cozinha.

-Confiamos em você, cunhado. -Cosima falou e deixou um beijo do outro lado do rosto dele antes de me acompanhar.

Eu e Cosima queríamos fazer alguma coisa pra os sete anos da Charlotte, seria só entre a gente mesmo e alguns amigos, no máximo teriam umas quinze pessoas. Mas Cosima tava avançando na pesquisa dela sobre o Alzheimer e tava tão sem tempo quanto eu, que vivia em reuniões e presa em relatórios. Então aproveitamos o David em casa pra ele resolver tudo pra gente e torcemos pra que ele não fizesse besteira.

Eu andava realmente sem tempo e um pouco desmotivada também, eu tinha algumas outras viagens marcadas pra os próximos meses, todas eram reuniões pra fechar parcerias com Empresas, Universidades, novos contratos de projetos e ainda haviam as questões jurídicas que o Instituto enfrentava desde que denunciamos a Rachel e os projetos ilegais. Precisávamos pagar muitas indenizações, e mais do que nunca eu precisava da Adele, a gente vinha trabalhando boa parte do dia em planejamentos para que não precisássemos fechar algum andar e ter que demitir pessoas, ou ter que interromper alguma pesquisa já em andamento ou até mesmo faltar os materiais e equipamentos necessários para as operações. Nesse momento tudo tinha que ser feito com muito cuidado, ou os resultados poderiam ser bem negativos e prejudicar muita gente.

Pra que isso não acontecesse, eu precisei abrir mão da única coisa que eu amava naquele emprego, que era acompanhar de perto os projetos, deleguei cem por cento dessa função para os coordenadores, a única coisa que eu fazia agora era ler os relatórios de avanços e principalmente os relatórios de gastos.

Not Your Toy (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora