16. Nunca tive essa fome antes

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-PoV Delphine-

No outro dia quando acordei fui me arrumar pra ver Cosima, eu tinha mandado mensagem pra ela, e nem isso ela respondia. Na minha mala só tinha roupas do trabalho, então tive que usar elas mesmo.

Charlotte tinha saído com a Sally pra comprar alguma coisa enquanto eu me arrumava, quando elas chegaram eu tava sentada à mesa com o Gene e a gente conversava sobre a minha viagem a Vancouver.

-Bom dia, minha querida. Você já vai sair? Tá tão linda... -minha sogra falou entrando na cozinha.

-Eu vou tentar falar com a Cosima... E sobre as roupas eu só tinha essas mesmo. -respondi.

-Mamãe, eu posso ir também? -Charlotte perguntou e se apoiava nas minhas pernas me olhando.

-Suas mães precisam conversar a sós, Charlotte. É melhor você ficar aqui, na volta elas te pegam. -Sally respondeu antes que eu falasse e só confirmei depois.

-Eu também não posso ouvir mais nada, sempre tenho que sair pra os adultos conversarem. -Charlotte respondeu com uma cara de birra, parecia até Cosima falando.

-O que é isso? Deu pra ficar respondona agora? -eu a olhava séria e ela desviou o olhar com vergonha.

-Desculpa. -ela disse mexendo nos botões da minha roupa.

-Só desculpo se eu ganhar o abraço mais apertado de todos. -falei sentando ela no meu colo.

Ela me abraçou e fiquei ali brincando com ela até começarmos a tomar o café da manhã, depois me despedi deles e fui ver se conseguia falar com Cosima. A gente tinha casado, ela não podia esquecer que tem casa e uma filha, uma hora ela teria que falar comigo.

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Bati na porta várias vezes pra ela me atender, não era possível que mesmo eu ali, ela ainda assim pretendia me evitar. Mas depois de um tempo ela me atendeu.

-O que você veio fazer aqui? -ela perguntou colocando só o rosto na porta.

-Sério mesmo, Cos? Você sabe o que eu vim fazer aqui. -respondi. -Posso entrar? -perguntei ainda parada na frente da porta.

Ela abriu a porta e sinalizou com a mão pra que eu entrasse.

-Cadê o Felix? -olhei melhor a casa e depois tirei meu casaco.

-Só chega a noite. -ela respondeu encarando minhas roupas e continuou falando. -Você tá trabalhando dia de domingo agora?

-E você tá usando as roupas do Felix agora? -perguntei apontando pra o hobby enorme que ela usava e que com certeza não era dela.

-Fala o que você quer, Delphine. -ela disse seca.

-Cosima para com isso, por favor. Não é possível que você não me conheça a ponto de saber que eu jamais te promoveria passando por cima de qualquer outra pessoa ou protocolo, ou mesmo que fosse um simples privilégio, eu jamais faria isso. E sobre a Adele foi um grande e infeliz mal entendido, eu não sei o que você viu, mas eu posso te explicar. Você só precisa querer falar comigo. -minha voz soava até um pouco desesperada.

Ela sentou numa ponta do sofá e eu sentei na outra esperando que ela começasse a falar.

-Eu nunca me senti tão humilhada como ontem, Delphine. Primeiro eu escutei uns homens falando sobre você, e depois eles disseram que você demitiu duas pessoas pra me promover. Ainda usaram a frase "privilégios de comer a chefe". -ela pareceria envergonhada em me dizer aquilo.

-Cosima, isso é horrível. Mas você deveria saber que eu jamais faria nada perto disso. Eu deleguei essa tarefa pra Coordenação e pra o RH, e se eles escolheram você sem fazer seleção, é porque eles te queriam, porque você é a melhor de lá, e eu não tive nada a ver com isso. Principalmente porque você não precisa que eu faça nada por você. Você é incrível, Cosima. Por onde você passa todo mundo percebe isso. E você precisa acreditar mais em você também, e não em fofoca de funcionário numa festa.

Not Your Toy (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora