4. Eu mando em você agora

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-PoV Delphine-

Minha vida toda eu fugi das empresas do meu pai, eu não gostava da ideia de ter que assumir os negócios dele, não era o que eu queria, mas ele era um excelente empresário e entendia de economia como ninguém. Então, de certa forma, todo o conhecimento que eu tinha recebido dele sobre empresas, foi valiosíssimo pra esse meu novo cargo. Claro que dirigir um Instituto de Pesquisa era diferente, mas juntar minha paixão pela ciência com o que eu tinha aprendido com o meu pai me fazia sentir bastante capacitada pra o cargo. Agora, todas as pesquisas passavam por mim, eu amava saber sobre todos os projetos e acompanhá-los, ouvir as ideias e formas de pensar de cada pessoa abria minha mente para novas coisas de uma forma que eu nem achava ser possível. Eu tenho a ciência nas minhas veias, minha paixão são pesquisas científicas, experimentos, laboratórios e principalmente a arte de curar pessoas, ou pelo menos ajudá-las de alguma forma.

Mas a cada dia que se passava eu fazia menos dessas coisas, e passava mais tempo com tarefas administrativas e reuniões. Nas primeiras semanas de trabalho eu já percebi que não estava bem, e não era o fato de largar tarde todos os dias ou trabalhar demais, se eu estivesse nesse mesmo ritmo dentro de um laboratório, eu estaria chegando em casa igualmente cansada, mas feliz e principalmente realizada. Mas não era o que estava acontecendo agora, eu não estava feliz com o meu trabalho, minha sorte era ter uma mulher maravilhosa como Cosima em casa e até no trabalho também, ela me faz completamente feliz, e só o fato de estar com ela nos dias mais difíceis já era um alívio, porque apesar de tudo, no final do dia eu a tinha e isso era reconfortante.

Eu ainda tinha outra preocupação, meu histórico de depressão, eu me sentia bem depois de todo o tratamento que havia feito, mas além de ser médica eu entendo muito bem desse assunto por experiência própria também. E trabalhar em algo que não gosta é um dos motivos que mais fazem as pessoas terem depressão no mundo, e eu não queria isso pra mim, não de novo. Eu também não queria simplesmente desistir do cargo, meu pai estava super orgulhoso, e Cosima parecia empolgada também, e sempre que eu falava sobre não gostar ela me dizia pra pensar melhor. Então pra não decepcioná-los, eu achei que deveria realmente dar uma chance pra esse novo cargo, e já que eu sou a chefe aqui, teoricamente posso fazer o que eu quiser.

Minha ideia inicial foi contratar alguém muito bem capacitado pra cuidar de toda a contabilidade do Instituto, assim eu poderia focar mais nas pesquisas e talvez assim eu realmente me sentisse melhor. Eu passei um dia praticamente inteiro fazendo entrevistas, no final fiquei em entre duas mulheres, inicialmente eu já havia cortado todos os homens porque todos eles, sem exceção, disseram algo sobre me ajudar a administrar o Instituto, então eu informei que a vaga era pra contador e os dispensei. A última coisa que eu precisava agora era de algum homem querendo me ensinar a fazer o meu trabalho.

Eu pensei em fazer alguma outra etapa com as duas mulheres que ficaram, mas a Adele mostrou muita atitude e proatividade nas etapas anteriores, além de ter um currículo incrível. Eu precisava de alguém com urgência, então confiei nela, se tudo desse certo, as coisas iriam melhorar muito e em pouco tempo.

Nós duas estávamos trabalhando juntas o dia inteiro, eu fazia questão que ela entendesse minuciosamente como o Instituto funcionava, e até então eu estava satisfeita com o seu trabalho, ela falava muito, e acho que metade das coisas eu nem ouvia, mas ela era competente e isso que importava agora. Aos poucos nós fomos nos aproximando, ela me contava tudo sobre a família dela, mas acho que só me senti próxima mesmo quando ela me contou sobre sua paixão por vinhos, e que tinha um irmão Sommelier. Agora sempre que havia um momento de distração nós falávamos sobre vinhos, e eu estava impressionada em como ela realmente entendia do assunto. Deixamos até marcado que quando o irmão dela estivesse em algum evento de vinhos fazendo degustação e ensinando harmonizações, ela me avisaria.

Not Your Toy (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora