Not Your Toy (Cophine)

Bônus 02 - France

-PoV Cosima-

Depois de uma sequência de viagens para vários países trabalhando com terapia gênica, as pesquisas agora estavam na fase de análise de dados, então eu não precisaria viajar tanto por um bom tempo. Por mais que eu ame meu trabalho e ajudar todas aquelas pessoas que recebem os tratamentos da minha pesquisa, é muito difícil passar tanto tempo longe de Delphine e dos meus filhos, mas agora eu estaria mais presente em casa, pelo menos por um tempo.

Era um sexta-feira, e depois de largar do Dyad eu fui buscar a Charlotte na aula de francês, eu agora tenho meu próprio carro e a Charlotte passou a levar mais a sério o idioma, ela faz aulas quase todos os dias, o que deixa Delphine cheia de orgulho e faz com que elas sempre estejam conversando em francês por todo lugar.

Quando chegamos em casa, Charlotte foi rapidamente fazer a lição sentada no sofá da sala enquanto os irmãos ainda não estavam em casa pra ficar no pé dela, e eu fui para o nosso laboratório que fica no subsolo terminar algumas coisas. Delphine ainda não havia largado da Universidade e depois ela ainda iria buscar os gêmeos na creche, então era o tempo que eles chegavam.

-Charlotte, eu vou ficar no laboratório, se você precisar de ajuda ou de qualquer coisa, me chama lá, tá bom?

-Tá bom, mãe. -ela disse já com o caderno nas pernas.

-Por que você não vai pra uma mesa, ein? Você tá toda torta nesse sofá.

-Aqui tá bom. -ela respondeu.

Conhecendo aquela menina, não adiantaria insistir, então fui para o laboratório.

___

Eu ainda estava trabalhando em algumas amostras de DNA quando a Charlotte apareceu na porta do laboratório quase uma hora depois.

-Mãe? Eu posso entrar? -ela tinha só a cabeça entre a porta e me olhava curiosa.

-Pode, meu amor. Conseguiu terminar sua lição?

-Unhum, terminei tudo. O que você tá fazendo? Isso é um dente? -minha filha perguntava.

Sempre curiosa, ela gosta de saber absolutamente tudo o que a gente faz no laboratório e sempre nos ajuda quando é alguma coisa mais simples.

-É sim, um terceiro molar. E eu vou sequenciar o DNA dessa amostra. -respondi.

-É enorme, é dente de ogro? -ela se esticava pra ver melhor.

-De ogro, Charlotte? Qual o nome científico de um ogro? -quando se trata de ciência eu sempre fico mais séria.

-Eu não sei... -disse sorrindo.

Ela colocou umas luvas e deixei que ela ficasse me ajudando. Em alguns momentos eu percebia que ela queria falar, mas depois ela terminava desistindo, então eu mesma perguntei.

-O que você quer me contar? -perguntei depois que finalizamos o trabalho juntas.

Ela ficou calada e mordia os lábios me encarando, parecia incerta se falaria ou não.

-Eu conheço a minha filha. -continuei. -E mesmo que você goste de ciência, normalmente você estaria agarrada com aquele seu celular e não me encarando como se quisesse falar alguma coisa.

Charlotte revirou os olhos por eu ter tocado no assunto do celular e na mesma hora eu a repreendi.

-Ei, eu já disse que não quero você fazendo isso pra mim, não disse?

-Já, me desculpa. -ela pediu.

-E você vai me contar ou não? O que foi? Você menstruou?

-Não, mãe. Ainda não. -respondeu envergonhada.