Capítulo II

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Diego rolou na cama a noite toda sem conseguir tirar Julieta da cabeça, ele se lembrava da pequena no orfanato, de como ela era uma menina doce e atenciosa com todos, ele ouviu falar que ela havia se mudado com a família adotiva para outra cidade. Há alguns anos ele viu nos jornais a morte de seu pai, um magnata, a foto na notícia mostrava Julieta em trajes pretos e expressão abatida na saída do cemitério em Madrid, depois daquilo as notícias que envolvessem a garota pareciam pular aos olhos de Diego.

Quase sem querer ele acompanhava tudo o que divulgavam sobre ela, muitas vezes ele imaginou se ela o reconheceria caso se encontrassem algum dia, o que parecia improvável, já que ela morava em outra cidade desde que saiu do orfanato, mas uma reportagem chamou sua atenção: ela estava abrindo uma filial do laboratório que herdou ali mesmo em Barcelona.

Diego guardou aquele recorte secretamente sob o balcão até Consuelo jogar fora e ele ter que negar que Julieta era o motivo de guardar o pedaço de jornal. Ele se sentia até meio ridículo, como se algum dia pudesse cruzar com aquela moça e eles pudessem ser amigos. Parecia absurdo já que eles eram de mundos diferentes, ela herdeira e CEO de uma rede gigantesca de laboratórios enquanto ele não passava de um balconista. Mas nada disso importou quando a viu na cafeteria.

Não era mais a menina doce e gentil que ele conheceu, mas uma mulher furiosa gritando com Nina, ele viu quando o cachorro desequilibrou a garçonete, mas Julieta estava tão irritada que nem quis explicação. Antes de ir embora ela o reconheceu, ouvir seu nome na boca dela foi como a mais linda sinfonia. Então ela correu para o carro sem dizer mais nada. Nem precisava, saber que ela se lembrava dele já era o suficiente.

Quando o dia amanheceu ele se pôs para fora da cama já ouvindo os sons da rua, essa energia do El Raval sempre encantou Diego. Tudo era animado e barulhento, ainda mais no dia de Sant Eulália com as pessoas se preparando para ir à Prefeitura acompanhar as festividades. Caminhou animado em direção ao banheiro ouvindo as risadas na cozinha, decidiu que de alguma forma tentaria contato com sua ex-colega de orfanato.

 Caminhou animado em direção ao banheiro ouvindo as risadas na cozinha, decidiu que de alguma forma tentaria contato com sua ex-colega de orfanato

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Julieta estava na empresa desde cedo, havia muito trabalho a fazer. Após encerrar uma reunião com seus novos fornecedores, ela deixou a sala de reuniões e voltou ao seu escritório, abriu o laptop e se pôs a ler os e-mails que recebeu na última hora, não demorou muito a secretária bateu à porta.

– Com licença, dona Julieta. Entrega para a senhorita.

– Eu não pedi nada, Olivia – respondeu ríspida focada na tela.

– É de um tal Sant Eulália Café.

Ao reconhecer o nome do café que visitou no dia anterior, Julieta levantou os olhos e encarou a caixa nas mãos da outra, era menor que uma caixa de pizza e no formato retangular, mas aparentemente feita do mesmo material. Fez sinal com as mãos para que a assistente lhe entregasse a encomenda, assim que depositou a caixa sobre a mesa Olivia saiu da sala fechando a porta atrás de si.

Café e CEO [hiato]Onde histórias criam vida. Descubra agora